Flitabira lança o I Festival Literário de Viola Caipira com shows e palestras


Inédito no mundo, primeiro festival literário que celebra o instrumento faz parte da rica programação do III Flitabira A 3ª edição do Festival Literário Internacional de Itabira – o Flitabira – anuncia, em paralelo, a criação do 1.º Festival Literário de Viola Caipira. De 1.° a 4 de novembro, 5 músicos farão shows, palestras e noite de autógrafos de seus livros. São eles: Fabrício Conde, Roberto Corrêa, Ivan Vilela, Marcos Assunção e Marco Lobo, o curador do Festival.
As performances dos músicos acontecem em todos os dias do Flitabira, sempre às 20 horas, na Praça Doutor Joaquim Pedro Rosa, seguidas de palestra e bate-papo. Tudo com entrada gratuita graças ao patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Rouanet do Ministério da Cultura.
O INSTRUMENTO VIOLA
A viola nasceu por volta do século XIII e chegou ao Brasil trezentos anos depois. Sua origem não é inteiramente conhecida, porém pensa-se que seja originária de instrumentos árabes. Saindo do Oriente Médio, passou pela Europa: Itália, Espanha e Portugal, que adotaram o instrumento como acompanhamento de cantigas e celebrações locais. Mesmo perdendo sua força nesses países, a viola ainda é um forte elemento da história musical local.
Saindo da Europa, a viola chegou ao Brasil no século XVI com a vinda dos colonizadores e, assim como no continente do outro lado do Oceano Atlântico, consolidou o instrumento como parte de suas comemorações. Com o tempo, a viola passou a ser ícone de referência do interior brasileiro, onde teve maior aceitação e implementação no fazer musical regional.
Violeiro Roberto Corrêa
Diego Bresani
A viola manteve seu formato original mesmo ao longo de tanto tempo e com um percurso que atravessou continentes. Esse instrumento, embora seja marcante para diversos países, reflete a natureza do povo brasileiro: tem diversas raízes, passou por transformações e, diante de sua história, foi adaptada sem perder sua essência.
VIOLEIROS DO FESTIVAL
Fabrício Conde é violeiro, contador de histórias e escritor. Sua carreira conta com 6 discos autorais,1 DVD e 2 livros publicados. Ao longo dos anos, trabalha para a divulgação da cultura popular brasileira, tendo se apresentado em vários países, como Bélgica, Holanda, Espanha, Alemanha, Argentina, Colômbia, Costa Rica e Chile. Suas publicações literárias são “O caminho das asas” (Roda e Cia) e “Causos, histórias e um pouco mais” (Franco Editora).
Ivan Vilela é um virtuose da viola de dez cordas (viola caipira) e transita com naturalidade entre os contextos erudito e popular, sendo tanto um exímio instrumentista e compositor de complexas obras, quanto um reconhecido pesquisador e professor da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. Sua produção musical bebe de inúmeras fontes, indo de variados gêneros musicais das culturas populares – como o cururu – à música erudita, do Clube da Esquina aos Beatles, da canção popular à composição clássica. Conta com uma obra publicada: “Cantando a própria história: música caipira e enraizamento” (Edusp).
Marco Lobo é um percussionista baiano, multi-instrumentista e autodidata. Iniciou sua carreira em Salvador e vive no Rio de Janeiro há mais de 30 anos. Durante muitos anos, integrou bandas de artistas consagrados da música nacional e internacional. Com essa importante bagagem, em 2010 partiu para a carreira solo no Brasil e no exterior. Possui três CDs e um DVD lançados, ministra oficinas e workshops, cria e executa projetos musicais que fortalecem a música instrumental brasileira ao redor do mundo.
Marcos Assunção é instrumentista e compositor sul-mato-grossense. É graduado em música pela UFMS e pós-graduado em Educação Musical. O jazz, choro, a bossa nova, música erudita, música caipira e a regional são suas principais influências. Gravou três álbuns autorais, sendo o 4.º álbum instrumental em duo com o percussionista baiano Marco Lobo. Já percorreu vários países com concertos, ministrando workshop e masterclass. Lançou três livros com métodos inéditos: o “Viola brasileira nos volumes 1, 2 e 3”, pela editora Life. Ao expandir a viola caipira para inusitados horizontes sonoros e oportunizar o conhecimento resultante de um trabalho de mais de 20 anos com a música autoral, Marcos trabalha na concepção estética que enaltece a autenticidade, a singularidade e a contemporaneidade, revelando luminosos rumos para a música produzida no Brasil e no mundo.
Marcos Assunção e Marco Lobo em show conjunto
Divulgação
Roberto Corrêa é um dos virtuoses da viola, ou viola de arame, como ele gosta de chamar. Neto de violeiro, Roberto descobriu sua vocação quando já era formado em Física. Instrumentista, compositor requintado, professor e pesquisador das tradições populares do Cerrado brasileiro, Roberto Corrêa difunde a viola de arame e a viola-de-cocho em várias partes do mundo. É doutor em Musicologia pela ECA/USP, com a tese “Viola caipira: das práticas populares à escritura da arte” (2014), além de comendador da Ordem do Mérito Cultural. Publicou de forma independente os livros “Viola caipira”, “A arte de pontear viola”, “Viola caipira: das práticas populares à escritura da arte” e “Viola caipira: das práticas populares à escritura da arte”.
PALESTRAS NO FLITABIRA
A programação do I Festival Literário de Viola Caipira do Flitabira conta com seminários das cinco atrações convidadas para falar a respeito de seus instrumentos de trabalho. Indo além da música, as abordagens também englobam a literatura – isso porque cada um dos músicos também é escritor. Unindo a essência interiorana da viola à literatura, o resultado é um festival que reflete a identidade itabirana.
“A viola com a mão na África” é o fio condutor da palestra de Fabrício Conde. O músico propõe um olhar à viola sob a influência da cultura do continente africano, apontando caminhos para se pensar o instrumento como ferramenta que acolhe além de ritmos, cantos, danças e o encanto dos saberes ancestrais.
Já o violeiro Roberto Corrêa contará como suporte os documentos sonoros gravados em campo para falar sobre o avivamento da viola no Brasil. Em sua palestra, o músico pretende analisar as especificidades de cada uma das violas tradicionais brasileiras: as violas Caipira, Repentista, Machete Baiana, Caiçara, de Cocho e a viola de Buriti. Seu embasamento teórico será sua tese de doutorado: “Viola caipira: das práticas populares à escritura da arte”, defendida no ano de 2014, na ECA/USP.
Ivan Vilela, violeiro presente no I Festival Literário de Viola Caipira do Flitabira, falou com a escritrora Myriam Taubkin para o livro “Violeiros do Brasil” (2008) a respeito da troca de conhecimentos dos diferentes elementos da viola:
“Um curso de viola deve ter recortes do mundo acadêmico quando se reporta à sistematização do material do ensino, mas tem que trazer muito do que vem da cultura popular, que é esse lado criativo, esse lado da soltura. Na verdade, essa é a fonte, e acho que qualquer tentativa de tirar a viola desse universo e colocá-la no panteão dos instrumentos da música erudita, sem carregar essa cultura junto, é perigosa”.
Músico Ivan Vilela
Shinji Nagabe
Em sua palestra no I Festival Literário de Viola Caipira do Flitabira, a proposta de Vilela é mostrar como trabalha a ideia de condução de vozes em seus arranjos em composições para a viola. Certamente, também fará performances musicais no evento, ecoando o som da viola caipira no Festival.
Enquanto isso, Marco Lobo e Marcos Assunção promoverão em conjunto a palestra “Viola sem limites”, proporcionando ao público um encontro entre dois artistas que se destacam pela singularidade presente em sua música feita por instrumentos-símbolos da cultura brasileira. Unificando fronteiras culturais e desvencilhando possibilidades rítmicas, harmônicas e melódicas na composição ou interpretação de obras musicais em diversos gêneros brasileiro e jazzístico na viola caipira, essa mistura pode ser percebida no álbum “Viola e batuque”, lançado em todas as plataformas em agosto de 2023. Agora, ela chega a Itabira para integrar a terceira edição do Festival Literário da cidade.
PROGRAMAÇÃO:
Os shows do I Festival Literário de Viola Caipira serão realizados entre os dias 1.° e 4/11. As palestras seguem as performances, de modo que servirão como complemento dos shows. Confira abaixo a programação
1./11: Show de Fabrício Conde, a partir das 20h30
2/11: Show de Roberto Corrêa, a partir das 20h
3/11: Show de Ivan Vilela, a partir das 20h
4/11: Show de Marcos Assunção e Marco Lobo, a partir das 20h
Show de Fabrício Conde inaugura o Festival
Laura Delgado
Sobre o Flitabira
Criado pelo jornalista Afonso Borges – que é também o idealizador do sempreumpapo.com.br, há 37 anos em atividade, do fliaraxa.com.br, há 11 anos, e do recém-inaugurado fliparacatu.com.br –, o Flitabira realizará sua terceira edição entre os dias 31 outubro e 5 de novembro de 2023, celebrando 121 anos de nascimento do poeta Carlos Drummond de Andrade. As atividades acontecem tanto de forma presencial, na Praça do Centenário, quanto on-line, pelo canal no YouTube do Festival. O Flitabira tem o patrocínio do Instituto Cultural Vale, via Lei de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet, do Ministério da Cultura, com o apoio da Prefeitura de Itabira e da UBE – União Brasileira de Escritores.
Afonso Borges, idealizador e curador do Festival Literário Internacional de Itabira, o Flitabira
Acervo pessoal
Instituto Cultural Vale
O Instituto Cultural Vale parte do princípio de que viver a cultura possibilita às pessoas ampliarem sua visão de mundo e criarem novas perspectivas de futuro. Tem um importante papel na transformação social e busca democratizar o acesso, fomentar a arte, a cultura, o conhecimento e a difusão de diversas expressões artísticas do nosso país, ao mesmo tempo em que contribui para o fortalecimento da economia criativa. Nos anos 2020-2022, o Instituto Cultural Vale patrocinou mais de 600 projetos em mais de 24 estados e no Distrito Federal. Dentre eles, uma rede de espaços culturais próprios, patrocinados via Lei Federal de Incentivo à Cultura, com visitação gratuita, identidade e vocação únicas: Memorial Minas Gerais Vale (MG), Museu Vale (ES), Centro Cultural Vale Maranhão (MA) e Casa da Cultura de Canaã dos Carajás (PA). Onde tem Cultura, a Vale está. Visite o site do Instituto Cultural Vale: institutoculturalvale.org
SERVIÇO:
III Flitabira – Festival Literário Internacional de Itabira
De 31 de outubro a 5 de novembro
Local: Circuito Cultural do Centro Histórico – Itabira-MG
Informações acesse o site.
Informações para a imprensa: [email protected]
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