Jovens em luta contra o câncer prestam Enem para realizar sonhos: seguir os passos da mãe e salvar vidas pela medicina


Os candidatos que passam por tratamento no Centro Boldrini, em Campinas (SP), pediram a realização especial da prova ao INEP a partir deste domingo (3). Gabriela Groppo Cassador passa por um tratamento contra um tumor e vai realizar o Enem no Centro Boldrini, em Campinas
Arquivo pessoal
Entre os milhares de inscritos que encaram o Enem a partir deste domingo (3), dois jovens que lutam contra o câncer enxergam no exame um caminho para realizar seus sonhos. Eles farão a prova no Centro Boldrini, referência no tratamento de câncer infantil que fica em Campinas (SP).
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No momento de inscrição do Enem, os candidatos solicitaram ao INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), órgão do Ministério da Educação responsável pela aplicação da prova, a realização especial do exame.
Gabriela Groppo Cassador, de 17 anos, mora em Rio das Pedras (SP) e vai prestar o Enem pela terceira vez. Ela quer seguir os passos da mãe e tenta uma vaga na área de administração ou marketing.
A adolescente, que faz tratamento para curar o rabdomiossarcoma, um tumor que afeta o tecido muscular esquelético, conta que das outras vezes em que fez o Enem não pediu a realização especial e observou dificuldades para fazer o exame.
“Eu solicitei a realização da prova especial por conta de uma cirurgia que fiz recentemente, porque sei que durante a prova vou precisar mudar de posição, levantar da cadeira, andar, e eu não poderia fazer isso nos outros locais do exame, porque seria considerado um descumprimento de regras”, relata.
Gabriela acredita que fazer o Enem no Boldrini traz mais “segurança e conforto”, já que os candidatos que não passam por tratamentos como o dela não possuem os sintomas que ela pode vir a ter no momento da prova.
“Eu me sinto mais à vontade em fazer o Enem num lugar como o Boldrini, porque, por exemplo, se eu precisar tomar um remédio, eu posso tomar, e com isso eu vejo que estou competindo de igual pra igual com os outros candidatos”, afirma a estudante.
A mãe de Gabriela, Karina Cassador, também pensa que a possibilidade de realização especial do exame “contribui com os sonhos de jovens que como a minha filha passam por algum tratamento e também têm o direito de fazer a prova nas melhores condições possíveis”.
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Gabriela Groppo Cassador e a mãe Karina Cassador
Arquivo pessoal
Medicina
O jovem Juan Pablo Estevo, também de 17 anos, conta que sonha medicina. Ele explica que decidiu pela carreira depois que iniciou seu tratamento contra um câncer em 2022, e conheceu diversos profissionais da saúde que o inspiraram.
“Eu decidi que queria fazer medicina depois que comecei meu tratamento e vi vários profissionais que me inspiravam e também por um propósito como cidadão, porque quero ajudar as pessoas”, conta.
Para ele, poder realizar a prova no Boldrini é essencial para que o candidato que passa por um tratamento se sinta seguro caso precise de algum cuidado durante o Enem.
Cibelle Bittencourt Carvalho, pedagoga hospitalar do Centro Boldrini, explica que orienta as famílias dos pacientes que estão concluindo o ensino médio sobre a possibilidade de fazer o exame por lá.
“É muito legal ver a alegria estampada nos rostinhos deles quando sabem desta possibilidade. Isso contribuiu muito no sucesso do tratamento. Além disso, a prova no ambiente hospitalar deixa tanto o candidato como a família mais calmos e seguros”, relata a profissional.
Cibelle afirma que para os pacientes e familiares essa possibilidade é muito importante, pois “representa a continuidade dos sonhos dos jovens em tratamento”.
O primeiro dia de provas do Enem é neste domingo (3), com abertura dos portões às 12h, e são esperados 4,3 milhões de candidatos em todo o Brasil.
*Sob supervisão de Fernando Evans
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