Borboleta-guerreira-das-pedras é descoberta em região serrana, no leste de MG


Pesquisadores criaram um gênero específico para o inseto, que já está ameaçado de extinção. Nome científico une cultura pop e ciência. Borboleta-guerreira-das-pedras é nova espécie descoberta nas montanhas do leste de MG
Danilo Cordeiro
Descobrir uma espécie nova é uma conquista e tanto, ainda mais quando ela é tão diferente que não faz parte de nenhum outro gênero da família a qual pertence. Esse é o caso da borboleta-guerreira-das-pedras, descoberta durante expedição nas montanhas do leste de Minas Gerais.
Para explicar melhor, todos os seres vivos são classificados da seguinte forma decrescente: reino, filo, classe, ordem, família, gênero e espécie.
Quando pesquisadores brasileiros começaram a estudar a borboleta, perceberam que aquele inseto se enquadrava no reino Animalia, no filo Arthropoda, na classe Insecta, na ordem Lepidoptera e posteriormente, na família Nymphalidae.
Mas, como era tão diferente das outras borboletas da família Nymphalidae, a nova espécie também precisava se enquadrar em um novo gênero.
“Os padrões das asas e a morfologia da genitália desta espécie se mostraram diferentes de todos os gêneros já conhecidos desse grupo de borboletas”, conta o entomólogo Danilo Cordeiro do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA).
“As características dela não permitiam encaixar na definição de nenhum dos gêneros conhecidos, então a pesquisadora Thamara Zacca, especialista neste grupo de borboletas, percebeu que era preciso propor um novo gênero para receber esta espécie”, diz ele.
Nova espécie ocorre em ambientes rochosos da Mata Atlântica.
Danilo Cordeiro
Descrita na revista científica Zootaxa, há 15 dias, a pequena borboleta de asas castanho-avermelhadas foi batizada de Agojie rupícola e mede menos de três centímetros.
Seu nome uniu ciência com cultura pop por remeter às guerreiras Agojie do reino de Daomé, na África Ocidental, cujo papel de liderança foi protagonizado por Viola Davis no filme “A Mulher Rei”. Já os ambientes rochosos da Mata Atlântica, onde o inseto ocorre, foram referência para o rupícola.
Pesquisadores do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA) e da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) fizeram parte da descoberta.
Apesar de 18 espécies da nova borboleta terem sido coletados em 2022, a primeira vez que pesquisadores viram o inseto foi em 2020.
Danilo Cordeiro
A borboleta foi descoberta em regiões de serra mineira, nos municípios de Conselheiro Pena e Santa Rita do Itueto.
“Acreditamos que ela possa existir em outras montanhas do sudeste do Brasil, em especial, aquelas com afloramentos rochosos como nos ambientes onde ela foi originalmente encontrada. Precisamos realizar mais expedições de coleta para verificar se ela ocorre em outras localidades ou se realmente ela está restrita aos locais encontrados até agora. Isso é essencial para podermos desenhar estratégias para a sua conservação”, explica Cordeiro.
Traçar planos de proteção da espécie, apelidada também de borboleta-guerreira-das-pedras, é de extrema importância uma vez que o inseto já é considerado ameaçado de extinção. As principais ameaças são o desmatamento, o fogo e a invasão dos habitats por gramíneas africanas.
Borboleta ou mariposa?
Borboletas e mariposas são nomes populares para insetos da ordem Lepidoptera. De acordo com o pesquisador, em geral, as borboletas quase sempre são diurnas, ou seja, voam durante o dia.
Além disso, possuem a ponta das antenas mais largas, dando um aspecto de clava para a antena. Já as mariposas são majoritariamente noturnas e suas antenas podem ser filiformes – como um fio de cabelo – ou com projeções que lembram um pente.
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