Campinas estima que 80% das árvores são inadequadas com fiação elétrica


Problema antigo ganha evidência diante do número de ocorrências: foram 830 quedas de árvores em 2023, número que só fica abaixo de 2016, quando a cidade foi atingida pelo fenômeno de microexplosão. Campinas estima que cerca de 80% das árvores estão incompatíveis com rede elétrica
As fortes chuvas registradas em 2023 na região expuseram um problema antigo: árvores e galhos que atingem a fiação elétrica e ao caírem, interrompem o fornecimento do serviço. Uma explicação é que muitas foram plantadas antes de existir uma legislação que levasse em conta o planejamento urbano. Em Campinas (SP), a prefeitura estima que 80% delas estejam em situação inadequada.
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Diante do quadro e aumento das quedas de árvores durante os temporais, o problema ganha mais evidência. Nesta semana, moradores de Americana, Indaiatuba e Mogi Guaçu sofreram com a falta do serviço 24 horas após as chuvas.
Em Campinas, o número de quedas de árvores em 2023 (830) só fica atrás de 2016, quando o fenômeno de microexplosão atingiu a cidade, e 2,1 mil espécies caíram na cidade. Somente em outubro, foram 317, número superior ao registrado em alguns anos na metrópole. Veja abaixo:

Segundo o secretário de Serviços Públicos de Campinas, Ernesto Paulella, essas árvores plantadas de forma equivocada cresceram e hoje causam problemas quando há chuva e ventos intensos.
“Oitenta por cento dessas árvores são inadequadas para aquele local. São árvores de grande porte, que interferem com a rede elétrica. São árvores plantadas 60, 70 anos atrás, quando a arborização ainda não era normatizada. Então, plantava-se de tudo, sem conhecer os efeitos dela”, destaca Paulella.
Atualmente, podas são realizadas para tentar minimizar os impactos, com cortes para permitir a passagem da fiação. Em alguns casos, ocorre a poda mais drástica, que rebaixa a copa das árvores, e pode matar a planta em 50% dos casos.
Poda no meio de árvore para passagem de fiação elétrica em Campinas (SP): pesquisador da Embrapa destaca que medida afeta vitalidade das espécies
Reprodução/EPTV
O pesquisador Ivan André Alvarez, da Embrapa, destaca que todo tipo de manejo pode trazer consequências para a árvore.
“A planta fica enfraquecida, sem vitalidade. A partir do momento que isso ocorre, você pode ter entrada de praga, de doenças, você pode ter um problema que dela não resista do ponto de vista biomecânico, quando tem uma rajada de vento, quando ocorre fenômenos climáticos mais intensos.
Guia e alternativas
Campinas lançou em 2003 um guia de arborização, fruto de uma legislação municipal, que indica que tipo de árvore é melhor para se evitar tais problemas.
Segundo o guia, o ideal é o plantio de arbustos, árvores de pequeno e médio porte, de no máximo, 6 metros de altura.
Para o pesquisador da Embrapa, entretanto, é preciso que a cidade tenha árvores de grande porte, pelos benefícios que elas trazem, e existem alternativas para essa convivência.
“São elas que vão trazer os benefícios para que diminuam os efeitos das mudanças climáticas, como a atenuação de temperatura, segurar o vento. A mudança é mesmo de conceito, aonde você prioriza a árvore e você se adapta, por que tem tecnologia para isso. A começar pela fiação subterrânea, que ela pode ser enterrada na calha principal da rua”, explica Alvarez.
Queda de árvore de grande porte em temporal em Campinas (SP): Prefeitura estima que 80% das árvores estão em situação inadequada
Reprodução/EPTV
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