Conscientização social começa com os líderes das empresas, segundo especialistas


Conscientização social começa com os líderes das empresas, segundo especialistas Segundo encontro da Agenda ESG aconteceu nesta quinta-feira (26)
Vanessa Rodrigues/Grupo Tribuna)
A disparidade no mercado de trabalho brasileiro é alarmante. Embora 53% da população do Brasil seja composta por pessoas negras, a representatividade nas esferas profissionais está longe de ser proporcional.
Apenas 19% dos homens negros e 12% das mulheres negras têm presença expressiva no mercado de trabalho, muitas vezes ocupando cargos de baixo valor ou em posições iniciais.
Além disso, a presença de negros em cargos de gerência ainda é pequena, com apenas 7% de representatividade, majoritariamente composta por homens.
A interseccionalidade entre raça e gênero
O segundo encontro da Agenda ESG, promovido pelo Grupo Tribuna na última quinta-feira (26), teve como tema central “Gestão de ações efetivas por uma sociedade mais igualitária”.
Sob a mediação de Gesner Oliveira, coordenador do Centro de Estudos de Infraestrutura e Soluções Ambientais e fundador da GO Associados, e Arminda Augusto, gerente de projetos e relações institucionais do Grupo Tribuna, o debate entre especialistas enfatizou a necessidade de abordar a interseccionalidade entre raça e gênero, reconhecendo que o problema está intrinsecamente ligado à desigualdade racial.
Para Amena Ferraz, especialista em Gestão Pública de Saúde e integrante do Centro Internacional de Longevidade Brasil, é necessário que a sociedade brasileira seja impactada por tais dados e práticas sociais, para que cheguemos à mudança social de forma coletiva.
“Precisamos nos perguntar: Onde estão as pessoas pretas? Em que lugar e espaços elas estão?”, provocou Amena. “Para poder dialogar sobre o “S” [social], precisamos ter afeto para sermos afetados. Esses assuntos precisam nos impactar o suficiente para que possamos abordar estas temáticas e promover mudanças”, explicou.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre os segundos trimestres de 2019 e 2022, as mulheres negras são as que mais sofrem para conseguir inserção no mercado de trabalho.
A conscientização sobre essas desigualdades deve começar com os líderes das empresas, segundo Amena. Eles desempenham um papel vital na promoção da igualdade no mercado de trabalho.
Painelista Amena Ferraz, durante evento na sede do Grupo Tribuna
Vanessa Rodrigues/Grupo Tribuna)
Engajamento e sensibilização
O debate destacou a importância das lideranças empresariais se comprometerem efetivamente a enfrentar esses desafios, adotando políticas de diversidade e inclusão em suas organizações
A discussão se estendeu às políticas públicas, explorando como a ação conjunta entre o setor privado e o público pode contribuir para a criação de um mercado de trabalho mais equitativo.
O engajamento da sociedade e a sensibilização para essas questões foram reconhecidos como elementos essenciais para impulsionar a mudança.
Viridiana Bertolini, gerente de Valor Social da Rede Globo, que também coordena o Movimento LED (Luz na Educação), afirma que é importante usar as pequenas influências e recursos que temos para fazer a diferença e ‘contaminar’ nossos ciclos sociais.
A profissional ressaltou que as empresas privadas, atualmente, têm um grande poder de influenciar o setor público a adotar novas práticas sociais.
A coordenadora do Movimento LED afirma que temos poder de sensibilização, e quando levamos um assunto educacional para dentro de veículos comuns e acessíveis ao público geral estamos usando recursos para levantar pautas e apresentar novas tendências sociais.
“Estamos levando a educação sob um olhar contemporâneo, inserindo a partir de horários nobres, para que todos olhem para essas mobilizações, e acabem sendo mobilizados também. É de extrema importância termos estratégias para disseminar esses assuntos, e impactar cada vez mais pessoas”, salientou.
Último encontro da Agenda ESG acontecerá em novembro
Vanessa Rodrigues/Grupo Tribuna
O papel das novas gerações
No fórum, também foi debatida a necessidade de as novas gerações estarem cada vez mais comprometidas com a causa da igualdade no mercado de trabalho.
As expectativas dessas gerações em relação às empresas estão mudando, e elas esperam que as organizações desempenhem um papel ativo na promoção da diversidade e equidade.
Claudio Anjos, presidente da Fundação Iochpe, salientou que o principal desafio da sociedade é conhecer e dialogar com pessoas com poder de transformação, como grandes empresários e agentes do setor público.
“Temos uma nova geração muito mais comprometida com propósitos sociais. Antes, nós pensávamos que a principal função da empresa é o lucro, mas agora isso não existe mais. A nova geração percebe e demanda uma mudança cada vez mais”.
O especialista afirma que, pela sobrevivência das empresas, é imprescindível abraçar a causa ESG, para que o ambiente cresça em questão de novos talentos, trocas culturais e igualdade no ambiente profissional.
Foi unanimidade entre os painelistas que as empresas devem olhar os problemas sociais e criar espaços de acolhimento e pertencimento.
Amena finalizou o primeiro painel afirmando que ‘quando alguém se afasta da empresa por problemas psicológicos, como burnout ou ansiedade, não é só um custo para a empresa; é um custo social”.
Cláudio Anjos, da Fundação Iochpe, participou da Agenda ESG, que conta com debates relevantes para novas práticas empresariais
Vanessa Rodrigues/Grupo Tribuna
Iniciativa transformadora
O mediador Gesner Oliveira considera o evento uma ferramenta de transformação cultural. “Ainda temos um longo caminho para percorrer, mas temos direções muito interessantes. Os setores privados podem, sim, promover experiências muito importantes de transformação cultural. E é isso que o Grupo Tribuna está fazendo através da Agenda ESG”, concluiu.
Agenda ESG
Os encontros da Agenda ESG 2023 acontecem mensalmente até novembro, no Grupo Tribuna, situado na Rua João Pessoa, 350, Paquetá.
O terceiro e último encontro será dia 29 de novembro, abordando o Eixo ‘G’ da sigla, que trata sobre questões de governança dentro das empresas.
Os mediadores Gesner Oliveira e Arminda Augusto afirmam que os eventos mensais são uma forma de educação para que o assunto alcance cada vez mais pessoas.
Para conferir mais informações sobre os encontros da Agenda ESG, acesse a editoria no G1 Santos e fique por dentro de todas as notícias.
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