Homem dá cabeçada em filho de santo durante ritual e ataca umbandistas; VÍDEO


Grupo de umbandistas alegou ter sido vítima de intolerância religiosa durante um ritual próximo à Cachoeira Gleba, no bairro Samaritá, em São Vicente (SP). Grupo de umbandistas alegam ter sido vítimas de intolerância religiosa no litoral de SP
Um grupo de umbandistas alega ter sido vítima de intolerância religiosa durante um ritual próximo à Cachoeira Gleba, na Estrada do Paratinga, no bairro Samaritá, em São Vicente, no litoral de São Paulo. Imagens obtidas pelo g1 nesta segunda-feira (30) mostram o homem dizendo várias ofensas e até dando uma cabeçada no filho de santo (veja acima).
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No vídeo, é possível ver o homem dizendo ao grupo de umbandistas do Terreiro de Umbanza Zeferina D’Angola, da zona leste de São Paulo, irem para a porta da casa deles. “Você veio trazer resto de comida para jogar na porta dos outros?”, disse.
Pouco antes de dar uma cabeçada em um filho de santo, o homem fez ameaças. “Você vai se machucar, você não faz ideia (…) Vai fazer macumba na porta de vocês, seus c**** (…). Você está pisando em um campo que você não conhece”.
Pelas imagens, é possível ver o homem chamando uma das integrantes do grupo religioso de ‘jumenta’ e ‘ignorante’. Além de dizer que eles são ‘tudo petistas’: “Começaram que nem petista gritar na minha cara, tudo louco”, disse ele.
Intolerância religiosa
Homem deu cabeçada em filho de santo e fez ameaças para umbandistas durante ritual religioso em São Vicente, SP
Reprodução
Ao g1, a mãe de santo do terreiro, que preferiu não se identificar, disse que a situação saiu do controle. Ela contou que o local foi escolhido para a realização de um ritual de iniciação por causa da cachoeira. Além dela, oito filhos de santo estavam no ritual.
“Não é feito com constância. Todos os filhos que estavam comigo vão ser iniciados, confirmados e por estar sendo confirmados, eles vão até os campos sagrados, [como] a cachoeira”, explicou ela.
Segundo a mãe de santo, eles estavam indo fazer a entrega de um ebô (uma oferenda), que são bolinhos de farinha, sendo os amarelos de farinha de milho e os brancos de farinha de milho branca, também conhecidos como acaçá.
O grupo esperava pela passagem do trem quando foi abordado pelo homem, que saiu do carro falando para pegarem ‘a macumba’, o ‘lixo’ e colocar na porta da casa deles. “A gente ficou chocado, começou o bate boca (…) toda discussão”.
A mãe de santo pensou que o homem iria bater em uma das mulheres que estavam no local. “A gente percebe que se fosse a gente ou outro terreiro, teria a mesma atitude. Não foi um ato isolado contra nós, foi um ato contra as religiões de matrizes africanas”.
Para ela, a situação é muito mais forte do que uma agressão. “Não foi uma simples agressão você chamar o que é sagrado para alguém de lixo, chamar o que é sagrado para alguém de macumba. A gente entende que foi um ato de racismo religioso, uma violência contra povos de matrizes africanas”.
Ela afirmou que a situação faz com que eles se sintam vulneráveis, pois qualquer pessoa pode entender que pode se comportar da mesma forma que o homem. “Me sinto violada, violentada, coagida a partir do momento que a pessoa vem para dizer e entender que não posso estar nos locais. Ali não tinha nenhuma proibição”.
O g1 tentou contato com o homem que aparece nas imagens, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. O caso foi registrado como injúria na Delegacia Eletrônica e encaminhado ao 3° Distrito Policial (DP), onde é investigado.
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