Família de fazendeiro acusado de maus-tratos tem intenção de vender parte de búfalas em Brotas


ONG ARA, que há quase dois anos era responsável pelos animais, perdeu a tutela na sexta-feira (27). Duas novas entidades se apresentaram à Justiça para ficar com o rebanho. Após decisão do TJ, ONG terá que deixar fazenda e não cuidará mais das búfalas de Brotas
Depois que a Justiça nomeou os irmãos do fazendeiro Luís Augusto Pinheiro de Souza, acusado de deixar mais de mil búfalas com fome e sede para morrer, como novos depositários dos animais, o advogado que representa a família informou que eles tem a intenção de vender parte do rebanho para reduzir a lotação do pasto.
“A ideia é vender os que estão mais aptos, reduzir a lotação, vender o mais rápido possível sempre informando o juízo, tudo de maneira transparente e clara”, declarou o advogado Luiz Alfredo Angelico Soares Cabral.
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Ele também disse que a família está focada em conseguir administrar a fazenda e ter autonomia na gestão do rebanho. “Tem que reduzir a lotação atual, o pasto foi degradado nesses dois anos por ausência de experiência da ONG que não fez nenhum planejamento alimentar desses animais”, informou.
ONG ARA perde tutela de búfalas de Brotas após decisão judicial; duas entidades se apresentam para cuidar dos animais
Mudança de depositários
Caso das búfalas de Brotas (SP) completa um ano e animais seguem em recuperação na Fazenda Água Sumida
Fabio Rodrigues/g1
Na terça-feira (31), o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) manteve a decisão da Comarca de Brotas que destituía a ONG Amor e Respeito Animal (ARA) como a depositária dos animais. Para a Justiça, a entidade deixou de apresentar documentos de registros, plano de manejo e não realizou a devida manutenção na fazenda, permitindo que animais invadissem propriedades.
A ONG tem até o dia 14 de novembro para deixar as dependências da fazenda. Nesta terça, duas entidades se apresentaram à Justiça e demonstraram interesse em compartilhar os cuidados com os animais.
Em nota, a ONG afirmou que o plano de manejo é “extremamente complexo, delicado e custoso” e que durante os últimos dois anos buscou o melhor para os animais e encarou muitos desafios, “que só foram superados com o auxílio de todos os envolvidos como voluntários, apoiadores, jurídico, veterinários e tantos outros”.
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Ministério Público
Alex Parente, presidente da ONG ARA, que atua no cuidado das búfalas de Brotas
Fabio Rodrigues/g1
O Ministério Público (MP-SP) se manifestou favorável a entrega dos animais para entidades que estejam interessadas no recebimento dos búfalos.
O órgão também se manifestou contrário à uma possível venda dos animais para abate. “Finalmente, quanto ao pedido de fls. 5335/5348, o Ministério Público se manifesta contrariamente, na medida em que, além de existirem novas entidades com interesse no recebimento dos animais (fls. 5351/5355), a insurgência dos requeridos, se o caso, deve ser objeto do competente instrumento recursal, devendo, por ora, serem observadas todas as condicionantes”.
Maus-tratos
Carcaças de búfalas que ficaram expostas em Brotas
Fabio Rodrigues/g1
Em novembro de 2021, após denúncias, a Polícia Ambiental encontrou mais de mil búfalas em situação de abandono em uma fazenda de Brotas.
De acordo com a polícia, os animais estavam em péssimas condições, sem comida e água. Pelo menos 22 deles já estavam mortos.
Souza chegou a ser multado em mais de R$ 4 milhões e foi preso por maus-tratos, entretanto, saiu da cadeia após pagar fiança. Ele voltou a ser preso novamente em janeiro de 2022. Em 17 de março, o Supremo Tribunal Federal (STF) negou um novo pedido de habeas corpus feito pela defesa.
Voluntários se mobilizaram para cuidar dos animais e, liderados por Alex Parente, da ONG Amor e Respeito Animal (ARA), começaram a trabalhar na recuperação dos bubalinos, além de travar uma briga judicial pela tutela do rebanho que foi doado à ONG no dia 20 de janeiro.
Em dezembro de 2021, pelo menos 98 carcaças de búfalos foram localizadas e desenterradas por peritos da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual Paulista (Unesp) na fazenda.
O relatório final da perícia ambiental concluiu que as búfalas passaram por mais de um período de estresse, sem alimento e água.
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