Seca do Rio Acre: Estado recebe mais de R$ 8 milhões para amenizar impactos da estiagem


De acordo com o CENSIPAM, escassez de chuvas deve seguir nos próximos meses. Rio está em 1,42 metro na capital. Seca do Rio Acre: Estado recebe mais de R$ 8 milhões para amenizar impactos da estiagem
William Duarte/Arquivo pessoal
No Diário Oficial da União desta quarta-feira (1), o governo federal publicou a portaria 3.390, que libera R$ 8.259.114 para que o estado do Acre aplique em ações que possam amenizar o impacto da seca severa registrada este ano. O governo estadual tem 180 dias para aplicar o recurso e deve prestar contas do que foi feito em prazo de 30 dias, logo após o fim da execução.
O Acre tem sete pontos de monitoramento em cota de alerta máximo por conta da seca de rios, segundo dados de acompanhamento hidrometeorológico divulgados pela Defesa Civil estadual e Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema).
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O coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Carlos Batista, explicou, no site oficial do governo, que o comitê de crise, criado para acompanhar a situação da seca prolongada no estado, fez o levantamento das informações da situação do Acre em relação aos impactos da estiagem severa na população em geral.
“Após levantamento dessas informações, cruzadas com as ações que o Estado já vinha realizando, percebemos que precisávamos de recursos complementares para continuar avançando nos trabalhos de assistência e resposta aos mais afetados pelo evento adverso”, destacou Batista.
Seca
Conforme o monitoramento, os principais rios de Assis Brasil, Brasiléia, Capixaba, Rio Branco, e Sena Madureira, além dos pontos de monitoramento do Ramal Espalha (na região do Seringal Belo Horizonte) e Riozinho do Rola, ambos também na capital, registraram níveis abaixo das cotas de alerta e alerta máximo.
O Rio Abunã, na cidade de Plácido de Castro, está em situação de alerta, enquanto o status de Feijó é de observação.
No dia 16 de outubro, após o pedido de ajuda ao governo federal, o secretário nacional de proteção e Defesa Civil, Wolnei Barreiros , reconheceu a situação de emergência nos 22 municípios do Acre devido à seca extrema.
Para 2023, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica do governo dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês), a estimativa é que o El Niño tenha uma das ocorrências mais intensas dos últimos 70 anos.
“De acordo com as previsões meteorológicas do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM) e dos modelos climáticos, a situação de escassez de chuvas vai perdurar pelos próximos noventa dias. A tendência para o agravamento da diminuição do nível dos rios e para o aumento dos focos de calor. Considerando os prejuízos econômicos e sociais à população afetada e a imperiosidade de se resguardar a dignidade da pessoa humana, com o atendimento de suas necessidades básicas; o risco de prejuízo pedagógico e de insegurança alimentar e nutricional aos alunos da rede pública estadual de ensino dos municípios mais afetados pela seca, ocasionado por eventual suspensão das atividades escolares, ante a impossibilidade de acesso ao estabelecimento de ensino”, pontuou o coordenador da Defesa Civil Estadual, coronel Carlos Batista.
Sete rios estão com nível em alerta máximo
Reprodução
Alerta máximo
No panorama geral dos municípios, a pior marca foi atingida em Sena Madureira, onde o Rio Iaco segue abaixo de um metro, com 78 centímetros. O rio teve uma redução de nove centímetros em relação à segunda-feira (30), quando marcou 87 centímetros. Para comparação, a cota de alerta é de 2,20 metros, enquanto a de alerta máximo é de 2 metros.
Apesar da situação preocupante, o coordenador da Defesa Civil Carlos do município Carlos Dávila afirma que o município não enfrenta problemas no abastecimento de água, e acredita que deve começar a chover regularmente em breve.
Rio Acre segue abaixo dos dois metros na capital
Odair Leal/Secom-AC
“Teve uma redução em relação a ontem [segunda-feira, 30], mas não estamos tendo problema, não está faltando água, está tudo na normalidade. Na verdade, a Saneacre deve estar tendo mais facilidade em distribuir água agora do que em outros períodos. Em 2018, ele [o Rio Iaco] já chegou a 46 centímetros”, explica.
Na capital acreana, o nível do Rio Acre segue abaixo de dois metros, e marcou 1,44 metro na medição das 6h desta terça-feira (31). Apesar de seguir em alerta máximo, o nível registrado no último dia do mês representa um aumento de sete centímetros em relação ao do dia 1º, quando o rio marcou 1,37 metro.
Ainda em outubro, o Rio Acre chegou ao pico de 1,86 metro na capital, no último dia 19.
Falta de água
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Saneacre
A seca do Igarapé Encrenca, de onde é captada a água que abastece toda a cidade de Epitaciolândia, no interior do Acre, fez com que o prefeito Sérgio Lopes assinasse o decreto de calamidade pública na última quinta-feira (26).
O documento foi publicado no Diário Oficial do Estado em edição extra na sexta-feira (27). Segundo a Serviço de Água e Esgoto do Estado do Acre (Saneacre) , a seca já impacta no abastecimento de toda a cidade, que, antes conseguia fazer o ciclo de abastecimento em dois dias, mas agora esse período se estendeu para seis dias.
Para tentar amenizar os reflexos da seca, uma força-tarefa é feita na cidade com a união do Corpo de Bombeiros, que tem abastecido postos de saúde e escolas, e há previsão da chegada de carros-pipas cedidos pela Defesa Civil Estadual, que devem pegar água em Brasileia para abastecer Epitaciolândia.
A população da cidade de Epitaciolândia (AC) chegou a 18.757 pessoas no Censo de 2022, o que representa um aumento de 24,22% em comparação com o Censo de 2010. No decreto assinado por Sérgio Lopes, ele considera “as dificuldades para abastecimento de água tratada na cidade, atingindo mais de 18 mil habitantes, seja nas casas ou em órgãos públicos, e funções essenciais.”
O documento também cita ausência de chuvas na cidade e que o município vai precisar de apoio financeiro para arcar com os custos das ações básicas de assistência. No mesmo texto, ele criou o gabinete de crises para a tomada de decisões.
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