Da família do limão, árvore nativa tem apenas um exemplar conhecido pela ciência


Segundo registros, único indivíduo da espécie foi encontrado no sul da Bahia, em 1964. Flor da Andreadoxa flava, com abelhas ao redor
Reprodução/YouTube/Instituto Floresta Viva IFV
No site do Terra da Gente, já foram mostrados muitos exemplares de animais e plantas raras. Essa é a história de uma árvore nativa rara. Na verdade, raríssima.
Andreadoxa flava não tem nome popular e, uma das razões disso, é que não há outros exemplares para serem descritos. A ciência só conhece um, uma única árvore que nasceu no Herbário do Centro de Pesquisas do Cacau (Cepec), em Ilhéus, no sul da Bahia.
Da família Rutaceae, a mesma do pé de limão e do de laranja, a árvore possui flores amarelas, com um cheiro cítrico. Esse aroma é proveniente de cavidades secretoras de óleo presentes nas folhas, caules, flores e frutos das plantas da família.
Segundo a doutora em Botânica pela USP Ribeirão Preto Carolina Ferreira, elas possuem um padrão de simetria diferente das flores de outras espécies da família.
“Conheci a espécie durante meu doutorado com o professor Milton Groppo, que trabalha com exemplares de Rutaceae neotropicais. Dentre as que faziam parte do meu estudo, estava a Andreadoxa flava”, relembra Carolina.
“Lembro que, quando questionei meu orientador sobre a possibilidade de coletar mais folhas dela para o estudo, ele me disse que havia apenas um indivíduo conhecido da espécie, na Bahia, no jardim do herbário Cepec”, completa.
Exemplar é o único da espécie Andreadoxa flava conhecido pela ciência
Reprodução/YouTube/Instituto Floresta Viva IFV
Além desse fato, a Andreadoxa flava é a única do gênero Andreadoxa. A espécie consta na lista oficial de flora brasileira ameaçadas de extinção, de 2022.
Para Carolina, iniciativas como as desenvolvidas pela Fundação Frankilia – que faz a reprodução da espécie e produção de mudas para inclusão em projetos de restauração florestal – Cepec, UFSB, Instituto Floresta Viva (IFV) e outras são necessárias para a conservação da planta.
Por que tão rara?
O único exemplar conhecido da árvore fica em uma área da Comissão Executiva Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), como foi dito pela pesquisadora.
“Nessa região, o cultivo do cacau é uma atividade muito importante e a árvore – de aproximadamente 8 metros – cresceu numa área de plantio de cacau. Nessas áreas, são mantidas apenas as árvores de grande porte, capazes de fazer o sombreamento dos cacaueiros. As menores são cortadas”, explica Ferreira.
“[Ela nasceu] em um vão entre pedras, talvez esse seja o motivo pelo qual não tenha sido tirada de lá, pela dificuldade”, supõe.
Diferenção do gênero Conchocarpus
De acordo com a botânica, a primeira coleta da planta foi feita em 1964. No entanto, a descrição e publicação em meio científico ocorreu só 20 anos depois, pela pesquisadora Jacquelyn Kallunki.
Descrição da espécie foi feita pela pesquisadora Jacquelyn A. Kallunki, em 1964
Reprodução/YouTube/Instituto Floresta Viva IFV
Segundo Carolina, no artigo da descrição da espécie de Andreadoxa, Kallunki diz que recebeu o material para revisão como se fosse uma espécie do gênero Conchocarpus.
Mas, apesar das semelhanças em relação ao fruto, a flor apresentava características muito diferentes como pétalas não unidas na base, por exemplo. Por essa razão, foi preciso descrever um novo gênero para acomodar a espécie.
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