Homem é agredido com socos, tapa na cara e spray de pimenta nos olhos por guardas municipais no litoral de SP


Vítima acredita que tenha sido abordada por guardas por estar pedalando e com uma bermuda tactel, no bairro Jardim Virgínia, em Guarujá (SP). Caseiro foi agredido com socos, tapa na cara e spray de pimenta nos olhos por guardas municipais, no bairro Jardim Vírginia, em Guarujá, SP
Arquivo Pessoal
Um caseiro de 41 anos alega ter sido agredido com socos na boca e na costela, tapa na cara e chutes por três guardas civis municipais, no bairro Jardim Virgínia, em Guarujá, no litoral de São Paulo. Ao g1, nesta quinta-feira (2), José de Andrade disse que acredita que tenha sido abordado pois estava pedalando uma bicicleta e vestindo uma bermuda tactel.
✅Clique aqui para seguir o canal do g1 Santos no WhatsApp.
A agressão ocorreu quando José saiu de casa para buscar uma chave no local em que trabalha, na tarde do último domingo (29). Ele contou que estava cansado e a esposa se ofereceu para ir buscar o objeto, mas ele resolveu ir porque estava chovendo. “Como é aqui no bairro, fui de bicicleta e bermuda de tactel, como se estivesse na praia”.
Segundo ele, ao retornar para casa, foi abordado pelos guardas. O homem conta que os agentes jogaram a viatura em cima dele, pediram para que levantasse a camiseta e perguntaram o que tinha na cintura. Ele obedeceu às ordens e afirmou que era o celular, mas os guardas mandaram encostar na parede. Neste momento, dentro da viatura, eles apontaram as armas para José.
O caseiro perguntou aos agentes o motivo da abordagem e frisou que não era bandido. “Falaram ‘encosta, encosta’. Aí eu falei ‘vocês têm poder de polícia para isso?’. Quando falei isso, recebi um soco na boca e um tapa na cara. Foram dois socos na boca, um tapa na cara, um soco na costela, me jogaram na parede, deram chute, me revistaram e pegaram meu celular”.
José contou que falou para os guardas que registraria um boletim de ocorrência (BO), e um deles jogou spray de pimenta nos olhos dele, que estavam abertos. “Já estava tonto por causa do soco e tapa e comecei a chorar, nunca vi dor tão insuportável como essa”. Além disso, ele disse que foi ameaçado de morte.
De acordo com José, um dos agentes afirmou que ele apanhou por ser burro e ignorante. Os guardas também jogaram o celular dele longe para impedir que ele registrasse a ação e tirasse foto da viatura. “Fui na Corregedoria [denunciar] e falaram que era minha palavra contra a deles”.
Humilhação
Guardas civis municipais jogaram spray de pimenta nos olhos de caseiro durante abordagem em Guarujá, SP
Arquivo Pessoal e Reprodução
O caseiro disse que se sente o “pior homem da vida” e que o caso ficará marcado para sempre. “Um pai de família tomar um tapa na cara de um moleque, não tem como definir isso. É um sentimento de querer [entrar] em um buraco”.
Para ele, os guardas agiram como criminosos e não têm capacidade de andarem armados. “Eu acredito que essas pessoas não podem continuar exercendo essas funções (…) Eu sou um cara trabalhador e honesto. Um pai de família chegar em casa assim [desse jeito]. Dói demais o coração”.
José disse, ainda, que a humilhação de ter passado por essa abordagem violenta não cabe no peito. “É pesado demais. Tenho que lutar contra essas imagens que não saem da cabeça. A dor física tomando remédio passa, mas [não tem como] tirar essa ação de 10 minutos da cabeça”.
O caso foi registrado como lesão corporal e abuso de autoridade na Delegacia Sede de Guarujá, onde é investigado.
O que diz a prefeitura?
Em nota, a Prefeitura de Guarujá informou que o efetivo da Guarda Civil Municipal (GCM) passa por treinamento e requalificação constante em relação a procedimentos e protocolos de abordagem, e que os fatos narrados não condizem com a filosofia da instituição.
A Corregedoria da GCM recebeu a formalização da denúncia por parte da vítima, que reconheceu, por álbum fotográfico, os guardas envolvidos na última segunda-feira (30).
Segundo a prefeitura, imediatamente foi instaurado o procedimento de apuração de fatos. Caso seja confirmado, será instaurado um processo administrativo disciplinar que pode resultar em sanção, que vai desde advertência à demissão por justa causa.
VÍDEOS: Mais assistidos do g1 nos últimos 7 dias
Adicionar aos favoritos o Link permanente.