Imagens que mostram chegada de Íris Martins e movimentação na clínica de Lorena Marcondes são divulgadas; biomédica foi indiciada por homicídio doloso


Polícia Civil divulgou imagens do circuito de segurança do prédio onde funcionava a clínica; os trechos são do dia 8 de maio, quando Íris Martins passou mal e teve uma parada cardiorrespiratória durante uma lipoaspiração; ela chegou a ser socorrida, mas morreu horas depois no hospital. Imagens do circuito de segurança onde funcionava clínica de Lorena Marcondes são divulgadas
A Polícia Civil divulgou, na tarde desta terça-feira (24), imagens do circuito interno de segurança do prédio onde funcionava a clínica da biomédica Lorena Marcondes, indiciada por homicídio doloso qualificado pelo motivo torpe e pela traição com dolo eventual.
Os trechos são do dia 8 de maio, quando a paciente Íris Martins passou mal e teve uma parada cardiorrespiratória durante uma lipoaspiração. Ela chegou a ser socorrida, mas morreu horas depois no hospital.
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O vídeo disponibilizado pela Polícia Civil à imprensa tem 3 minutos e 38 segundos e mostra trechos em ordem cronológica (veja acima).
A Polícia Civil informou que tanto a vítima quanto o marido chegaram mais cedo e aguardaram na entrada pela biomédica. Lorena é a primeira a passar pela catraca, em seguida, uma funcionária da clínica também libera a entrada para o casal.
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Na imagem seguinte aparecem os quatro saindo do elevador e seguindo em direção à clínica. A Polícia Civil disse que o marido deixou a esposa e saiu do prédio onde o procedimento foi iniciado.
Posteriormente, uma mulher aparece no corredor empurrando um carrinho contendo um aparelho de reanimação que, conforme apurado pela polícia, foi pedido emprestado a um consultório que fica no mesmo prédio.
No trecho seguinte, aparece um socorrista do Samu saindo do elevador para entrar na clínica, enquanto isso uma pessoa aparece nas imagens carregando um saco preto. Em outro trecho, Lorena Marcondes aparece novamente nas imagens e o vídeo se encerra com a movimentação de outras pessoas no local.
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Biomédica indiciada por morte de paciente em MG enganava clientes, só visava lucro e não tinha nem aferidor de pressão na clínica, diz delegado
Indiciamentos
Biomédica Lorena Marcondes é indiciada por homicídio doloso pela morte de Íris Martins
Lorena Marcondes foi indiciada por homicídio doloso qualificado pelo motivo torpe e pela traição com dolo eventual, pela morte de Íris Martins.
“Motivo torpe, pois somente visava lucro. Outra qualificadora, chamada traição, porque ela engana seus pacientes, falava que era um procedimento não invasivo. Somente no corpo da Íris foram encontradas 12 incisões”, explicou o delegado Marcelo Nunes.
O g1 entrou em contato com Tiago Lenoir, advogado de defesa de Lorena Marcondes, que disse ter recebido “com uma certa surpresa esse indiciamento da Polícia Civil por dolo eventual, por homicídio doloso”. Ele ainda disse que o “inquérito foi feito a toque de caixa” e que vai provar a inocência de Lorena. Veja o posicionamento mais abaixo.
Biomédica Lorena Marcondes
Reprodução/Site oficial
Sobre os funcionários da clínica, o delegado explicou que a auxiliar da biomédica, Ariele Cristina de Almeida Cardoso, irá responder por homicídio simples. Outra profissional, que também atuou como auxiliar da biomédica no procedimento, também irá responder por homicídio simples. O nome dela completo não foi divulgado.
Os demais funcionários da clínica irão responder por fraude processual. Os nomes não foram divulgados.
O g1 não conseguiu encontrar a defesa deles.
Íris Martins morreu no dia 8 de maio após se submeter a um procedimento estético
Reprodução/Redes sociais
Irregularidades
Não foi encontrado no consultório da biomédica a documentação específica para a realização do procedimento em que Íris estava sendo submetida.
A perita Paula Lamounier contou que, na clínica, abaixo de uma maca, dentro de um balde, havia diversos itens que não estavam claros se haviam sido utilizados no procedimento.
Os materiais foram recolhidos e após avaliação, foram detectados vestígios de sangue e fluídos corporais de Íris, comprovando que aqueles materiais haviam sido utilizados no procedimento.
Conforme o delegado Marcelo Nunes, a biomédica Lorena Marcondes agiu como se fossem dois médicos.
“Injetou quantidade absurda de anestésico que levou a intoxicação da paciente, agiu como se fosse anestesista. Fez incisões profundas que causaram gravíssima hemorragia. Não é qualquer médico que faz esse tipo de procedimento. Tamanha foi a agressão que ela sofreu que veio a óbito”.
Ocultação de provas
O delegado regional da Polícia Civil, Flávio Tadeu Destro, afirmou que toda a cena do crime foi alterada pelos funcionários da clínica, na intenção de ocultar provas e materiais que pudessem servir para as investigações.
“Temos imagens dos funcionários da clínica deixando o local com sacos pretos retirados da clínica para serem escondidos, ocultando provas. Temos imagens de veículos entrando no estacionamento para recolher estes materiais. Não restam dúvidas do crime”, ️concluiu.
O que diz Tiago Lenoir, advogado de defesa de Lorena Marcondes
“Recebi com uma certa surpresa esse indiciamento da Polícia Civil por dolo eventual, por homicídio doloso, e com certo absurdo, com todo respeito ao delegado de polícia, ao ele dizer que houve qualificadoras dessa ação praticada pela Lorena. Primeiro que, durante a coletiva de imprensa, eles cercearam aos jornalistas algumas informações que são muito importantes para a elucidação deste caso, que obviamente a defesa vai explorar ao longo do processo.
Em momento algum, eles reforçaram que a clínica da Lorena é uma clínica legal, que tinha todos os alvarás de fiscalização em dia e que a Lorena é uma biomédica e, como biomédica, ela pode praticar determinados procedimentos. O primeiro deles é a utilização de um líquido, chamado líquido Klein, que é utilizado para anestesiar um volume maior de uma região do corpo. Ele é composto por um soro, bicarbonato e lidocaína. Esse líquido é usado por todos os profissionais da estética, sobretudo pelos biomédicos. O médico cirurgião, àquele que faz a lipoaspiração, ele faz uma anestesia, que é local ou geral, que é completamente diferente desse liquido Klein. O simples fato da vítima ter 12 pertuitos, que são pequenas inserções na região subcutânea, demonstra que não houve lipoaspiração.
Uma lipoaspiração é um procedimento muito complexo, o qual o médico faz quatro furos enormes e utiliza cânulas enormes e uma máquina enorme para fazer a aspiração dessa gordura. E nenhum profissional da Polícia Civil que deu a entrevista coletiva hoje, seja o legista, a perita ou delegado, informa se foram encontradas na clínica da Lorena essas cânulas enormes de lipoaspiração. Eles cercearam para a população e para os jornalistas a diferença de um lipolaser para uma lipoaspiração.
A lipoaspiração requer uma anestesia complexa, uma equipe médica complexa e um local complexo para fazer isso. No caso da biomedicina, eles podem sim utilizar o laser para fazer o procedimento estético. E aí tem sim que fazer esses pequenos pertuitos, que a Lorena já tinha realizado em diversas pessoas, para passar um fio de laser para fazer esse procedimento, que é autorizado pela biomedicina, que é utilizado nesses pertuitos subcutâneos. A própria perita contou que encontrou cânulas de 15 a 10 centímetros, justamente cânulas pequenas, para fazer essas pequenas incisões. Ou seja, não encontraram nenhuma máquina de lipoaspiração.
E outra, como que uma pessoa que supostamente assume o risco de matar, presta os primeiros socorros para a vitima e fica lá até o final, inclusive ela foi presa em suposto flagrante delito. Logo que a vítima passou mal, a Lorena acionou uma equipe médica, que chegou com menos de dois minutos e começou a fazer as massagens cardíacas. A própria clínica da Lorena que fez o contato com o Samu para chegar e fazer todos os procedimentos. E obviamente a paciente teria várias hemorragias internas, pois ela foi massageada por mais de uma hora, seja pelo Samu ou pelos médicos que chegaram antes na clínica. (…) E, curiosamente, o prédio onde fica a clínica da Lorena, que inclusive o Ministério Público está estabelecido lá, não comporta uma maca de Samu. Qualquer pessoa que for no prédio, verá que o elevador é muito estreito, pequeno e não comporta uma marca do Samu. Porém, a paciente saiu viva da clínica da Lorena e foi falecer mais de 10 horas depois no hospital.
Então, o que eu percebo da Polícia Civil é que eles encontram um suspeito e vão atrás de um culpado, sem analisar os diversos ângulos que devem ser analisados com toda seriedade para a busca da verdade. Isso, obviamente, a defesa vai explorar no âmbito judicial, caso o Ministério Público denuncie a Lorena pelo que a Polícia Civil está demonstrando”.
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