Dr. Bumbum ‘sofre de síndrome do pânico’ e vai negociar ida à polícia, diz advogada


Naiara Baldanza convocou coletiva nesta quarta, mas não respondeu a questionamentos. Médico está foragido; paciente morreu após procedimento no Rio de Janeiro. Advogada fala sobre ‘verdade paralela’ e defende inocência do ‘Dr. Bumbum’
A advogada responsável pela defesa do médico Denis Cesar Barros Furtado – conhecido como Dr. Bumbum –, Naiara Baldanza, afirmou nesta quarta-feira (18) que o profissional “sofre de síndrome do pânico”. Segundo ela, esse é o motivo para ele ainda não ter se apresentado à Polícia Civil.
Denis está foragido desde que fez um procedimento estético na cobertura de um apartamento na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, que terminou com a morte da bancária Lilian Calixto, de 46 anos, no domingo (15).
Segundo a advogada, o Dr. Bumbum “vai tratar com a polícia a data e o horário que ele se entregará à polícia”. A declaração foi dada em uma coletiva de imprensa em Brasília, na tarde desta quarta.
“Julgá-lo neste momento ainda é muito precoce. O Dr. Denis é um dos médicos que mais realiza procedimentos de bioplastia no Brasil”, disse.
Advogada Naiara Baldanza (à direita), que defende o médico Denis Cesar Barros Furtado, conhecido como Dr. Bumbum
Letícia Carvalho
Ainda de acordo com Naiara, o médico não permaneceu no Hospital Barra D’Or, no Rio de Janeiro, — onde Lilian Calixto foi atendida depois de complicações do procedimento — “porque o hospital não permitiu que ele ficasse no local após a morte da paciente”.
Em nota ao G1, o Barra D’Or nega essa restrição. Segundo o hospital, a paciente deu entrada às 23h, quando foi atendida “em caráter de emergência”. A unidade diz que “não houve qualquer impedimento ao acesso de qualquer profissional, familiar ou acompanhante”, e que “o acompanhamento de pacientes por seus médicos assistentes é uma rotina no hospital”.
Apesar de ter convocado os jornalistas para dar esclarecimentos, Naiara Baldanza se negou a responder uma série de questionamentos e encerrou a entrevista após 14 minutos. Entre outras coisas, a advogada não falou:
sobre a acusação de que Dr. Bumbum fazia procedimentos em casa, e não num consultório;
sobre as complicações apresentadas pela bancária Lilian Calixto, de 46 anos, e a morte dela no domingo;
sobre a fuga de Denis Cesar Furtado após a morte da paciente, e o atual paradeiro do médico;
se ele pretende se entregar à polícia em Brasília ou no Rio de Janeiro;
sobre as denúncias de outras clientes e ex-colegas de trabalho do Dr. Bumbum, divulgadas desde o fim de semana.
Bancária Lilian Calixto, que morreu no Rio de Janeiro após um procedimento estético com o médico conhecido como ‘Dr. Bumbum’
Reprodução/TV Globo
Durante o pronunciamento, a advogada afirmou que o Dr. Bumbum “realizou mais de 5 mil procedimentos estéticos”. “Existem muitas pessoas e, inclusive, clientes que o defendem. É importante que a população compreenda que para toda verdade, há uma verdade paralela.”
Na terça (17), Naiara tinha dito ao G1 que “muitas das informações que estão circulando na internet e redes sociais acerca do médico são inverídicas”.
Sem especialização
Para atuar como cirurgião plástico – como fazia o Dr. Bumbum –, a residência é obrigatória. São dois anos trabalhando como cirurgião geral e mais três anos fazendo apenas plástica.
Denis Cesar Barros Furtado, o Dr. Bumbum
Reprodução/Instagram
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), Dr. Bumbum não é especialista e realizava os procedimentos em local inadequado, como o que supostamente matou uma paciente em um cobertura no Rio de Janeiro.
Um ex-chefe de Furtado afirmou ao G1 que, apesar de se identificar como cirurgião plástico, ele se recusava a fazer residência ou qualquer outra especialização para exercer a medicina.
“Ele se formou no Rio, trabalhou como médico, mas sem nenhuma especialidade. Ou seja, só poderia trabalhar como médico generalista. Então ele só assessorava, fazia serviços burocráticos, distribuía documentos aqui e lá. Nunca teve contato com paciente”, continuou o antigo chefe.
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Ao analisar a conduta do ex-funcionário, o profissional disse que não suspeitava que ele pudesse trabalhar de forma clandestina. Mas relembrou que ele sabia como “enganar as pessoas”.
“Não é preciso ter contato com a área para saber que ele é muito eloquente, sabe articular as palavras. Então, para ele, é fácil enrolar uma pessoa levando para um apartamento e fazer um procedimento, que é claramente todo errado.”
Denis Furtado é popular nas redes sociais, onde ele mesmo se fez conhecer pelo apelido de Dr. Bumbum. No Instagram, ele tem mais de 645 mil seguidores.
Médico tem 645 mil seguidores no Instagram
Reprodução / Rede social
Histórico conturbado
O médico é alvo de um inquérito da Polícia Civil, motivado por pelo menos seis denúncias. Até esta quarta-feira (18), o Ministério Público informava que não tinha conhecimento de denúncia contra o médico à Justiça.
No entanto, o órgão disse que existe a possibilidade de ele já estar respondendo judicialmente em algum processo que esteja correndo em sigilo.
No Distrito Federal, Dr. Bumbum trabalhou em ao menos três lugares. Uma clínica mantida no Lago Sul, área nobre de Brasília, foi considerada clandestina pela Polícia Civil. Segundo pacientes, ele também atendia em uma clínica na Asa Norte.
Além disso, ele trabalhou no Hospital das Forças Armadas (HFA), onde exercia a função de oficial médico temporário. Durante o período, o HFA não abriu nenhum procedimento administrativo ou sindicância contra ele.
“O médico militar é observado pelo chefe da clínica e avaliado anualmente”, informou a assessoria de imprensa do centro de saúde. Ele saiu do HFA porque não quis prorrogar o tempo de trabalho na unidade.
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