Ex-chefe diz que Dr. Bumbum se recusava a fazer residência médica


Por um ano, em Brasília, ele foi autorizado a fazer apenas trabalho burocrático, sem contato com pacientes. Denis Cesar Barros Furtado, o Dr. Bumbum, é considerado foragido pela Justiça
Reprodução/Instagram
Um ex-chefe do médico foragido Denis Cesar Barros Furtado, conhecido como Dr. Bumbum, relatou ao G1 nesta quarta-feira (18) que o subordinado se recusava a fazer residência ou qualquer outra especialização para exercer a medicina. Por isso, durante o ano em que ficou no hospital, em Brasília, de 2009 a 2010, foi autorizado a fazer apenas trabalhos burocráticos. O médico já tinha 36 anos.
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“Uma vez, ele disse que estava querendo fazer um curso de pós em Belo Horizonte, em fins de semana. Eu orientei: ‘Você ainda é novo, faz uma residência, um curso sério. Você não tem formação séria’. Mas ele não queria estudar. Não quis”, disse o ex-chefe, que preferiu não se identificar.
“O que eu verificava era a pouca vontade de fazer as coisas dentro dos critérios de seriedade. Queria um atalho, o que até pode ser economicamente mais interessante, mas não o certo.”
O G1 tentou falar com a defesa de Dr. Bumbum, mas a advogada não retornou os contatos. Na terça (17), ela afirmou que “muitas das informações que estão circulando na internet e redes sociais acerca do médico são inverídicas”.
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Sem especialização
Para atuar como cirurgião plástico – como fazia o Dr. Bumbum –, a residência é obrigatória. São dois anos trabalhando como cirurgião geral e mais três anos fazendo apenas plástica.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), Dr. Bumbum não é especialista e realizava os procedimentos em local inadequado, como o que supostamente matou uma paciente em um cobertura no Rio de Janeiro.
“Ele se formou no Rio, trabalhou como médico, mas sem nenhuma especialidade. Ou seja, só poderia trabalhar como médico generalista. Então ele só assessorava, fazia serviços burocráticos, distribuía documentos aqui e lá. Nunca teve contato com paciente”, continuou o antigo chefe.
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Ao analisar a conduta do ex-funcionário, o profissional disse que não suspeitava que ele pudesse trabalhar de forma clandestina. Mas relembrou que ele sabia como “enganar as pessoas”.
“Não é preciso ter contato com a área para saber que ele é muito eloquente, sabe articular as palavras. Então, para ele, é fácil enrolar uma pessoa levando para um apartamento e fazer um procedimento, que é claramente todo errado.”
Denis Furtado é popular nas redes sociais, onde ele mesmo se fez conhecer pelo apelido de Dr. Bumbum. No Instagram, ele tem mais de 645 mil seguidores.
Médico tem 645 mil seguidores no Instagram
Instagram/Reprodução
Investigações
O médico é alvo de um inquérito da Polícia Civil, motivado por pelo menos seis denúncias. Até esta quarta-feira (18), o Ministério Público informava que não tinha conhecimento de denúncia contra o médico à Justiça. No entanto, o órgão disse que existe a possibilidade de ele já estar respondendo judicialmente em algum processo que esteja correndo em sigilo.
O registro dele no Conselho Regional de Medicina (CRM) do DF continua ativo – não indicando nenhuma especialização. De acordo com o órgão, um médico pode conseguir o registro mesmo sem ser especializado. Também informou que todo médico pode fazer qualquer procedimento ou cirurgia, contanto que não se intitule como o especialista na área.
Fachada do Hospital das Forças Armadas (HFA) no Cruzeiro, em Brasília
Google/Reprodução
Hospital e clínica
No Distrito Federal, Dr. Bumbum trabalhou em ao menos três lugares. Uma clínica mantida no Lago Sul, área nobre de Brasília, foi considerada clandestina pela Polícia Civil. Segundo pacientes, ele também atendia em uma clínica na Asa Norte.
Além disso, ele trabalhou no Hospital das Forças Armadas (HFA), onde exercia a função de oficial médico temporário. Durante o período, o HFA não abriu nenhum procedimento administrativo ou sindicância contra ele.
“O médico militar é observado pelo chefe da clínica e avaliado anualmente”, informou a assessoria de imprensa do centro de saúde. Ele saiu do HFA porque não quis prorrogar o tempo de trabalho na unidade.
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