Entenda quais são os desafios para melhorar ferrovias na região de Campinas


Renovação da concessão com a iniciativa privada feita em 2020 tem projetos com investimentos até 2058, totalizando R$ 1 bilhão em obras. Vice-presidente sindical diz que modal precisa se tornar ‘mais democrático’. Frente parlamentar é criada para acompanhar obras de ferrovias no estado de SP
Fluidez do trânsito e segurança de pedestres são apenas alguns dos desafios que a região de Campinas (SP) enfrenta em relação às ferrovias que cortam os municípios. Mas quais são os projetos em andamento para melhorar a malha ferroviária na região?
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A renovação da concessão com a iniciativa privada feita em 2020 tem projetos com investimentos até 2058. O contrato com a empresa Rumo, que substituiu a ALL Logística, prevê R$ 1 bilhão em obras para minimizar conflitos em ferrovias.
🚂 Na região de Campinas, estão previstas:
Duplicação parcial do trecho Sumaré – Americana, entre os quilômetros 70,29 e 71,54, e entre os quilômetros 79,35 e 80,6, totalizando 2,5 km de duplicação parcial. Estimativa de custo de até R$ 5.189.862,22.
Implantação de Solução Integrada Completa em Campinas, com estimativa de custo de até R$ 57.081.519,39.
Implantação de contorno ferroviário em Sumaré, com estimativa de custo de até R$ 286.762.418,15.
Implantação de Solução Integrada Completa em Hortolândia, com estimativa de custo de até R$ 167.521.850,39.
Hoje, a linha férrea estadual conta com mais de 5.500 km de extensão e prioriza o transporte de cargas, como grãos, combustível e açúcar. Ao todo, são transportadas 35 milhões de toneladas por ano no estado, e o contrato assinado com a Rumo prevê aumentar a capacidade para 75 milhões.
Linha férrea em Campinas (SP)
Reprodução/EPTV
‘A solução é a ferrovia’
Para o vice-presidente do Sindicato dos Ferroviários, Ariovaldo Batista, o transporte de cargas precisa ser expandido com urgência para se tornar mais democrático, permitindo o acesso também aos pequenos produtores.
“O pequeno produtor praticamente não tem acesso ao transporte ferroviário de carga. Se você for procurar quatro ou cinco vagões para transportar uma carga sua, não vai ser atendido […] Tem que investir em ferrovia, a solução é a ferrovia”, destaca.
Lucas Dagostin Alves é diretor de exportação de uma empresa que utiliza os serviços da ferrovia para o transporte de madeira, e diz que os investimentos são importantes para o desenvolvimento de um modal cheio de vantagens.
“O benefício sustentável, primeiro e entendo ser o principal desse sentido, a emissão do gás carbônico reduzida, a eficiência que tem o ferroviário, redução de custos, redução de desgastes nas rodovias e o principal para o importador e exportador: o benefício financeiro da redução do custo se comparado ao modal rodoviário, que é o que se usa internamente”, diz.
Frente parlamentar
O contrato de concessão com a empresa Rumo Logística, que terminaria em 2028, foi prorrogado por mais 30 anos, mesmo sem o pacote de obras previsto. A empresa alega que a pandemia atrapalhou o cronograma de projetos, e argumenta que o marco legal das ferrovias, aprovado em 2021, ampliou os prazos para investimento. Com as obras concluídas, Sumaré (SP) terá um dos maiores entroncamentos ferroviários do país.
Para acompanhar e fiscalizar as obras da ferrovia no transporte de cargas e também os projetos que virão no trem de passageiros, a Assembleia Legislativa de São Paulo criou uma frente parlamentar, coordenada pelo deputado estadual Dirceu Dalben (Cidadania).
“O objetivo dessa frente parlamentar é ser mais um instrumento da sociedade civil organizada e dos parlamentares do governo do estado para acompanhar, favorecer novas legislações, se necessário, e também fiscalizar o cumprimento dos contratos entre a concessionária, o governo federal e o governo do estado”, ressalta o parlamentar.
Fila de carros aguardando passagem de trem em Sumaré (SP)
Reprodução/EPTV
Reflexos para a população
No bairro Jardim Primavera, em Sumaré, há vários trechos com interdições por conta de obras ferroviárias que estão começando. Enquanto isso, filas de carros se formam próximo à passagem de nível, levando motoristas a esperarem até 40 minutos.
“Às vezes, eu vejo ele [trem] parando e passo entre os vagões. Quando eu vejo que ele está parado faz um tempo, eu não arrisco passar não”, relata o vendedor Anderson Vieira.
A EPTV, afiliada da TV Globo, entrou em contato com a Rumo sobre a espera que os moradores estão enfrentando para atravessar os trechos de interdição em Sumaré. A concessionária disse que começou a construção de um viaduto no Jardim Primavera e, após a conclusão, o cruzamento de veículos sobre a linha será eliminado.
A previsão de entrega é de até 10 meses. A empresa reforça que, durante a passagem dos trens, é fundamental redobrar os cuidados e não adotar práticas que coloquem a vida em risco.
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