Saiba quem é Telmário Mota, ex-senador investigado por mandar matar a mãe de sua filha


Senador de Roraima por oito anos, ele é conhecido por se envolver em polêmicas, como promover competições de briga de galo, divulgar uma teoria falsa sobre o planeta X7 e realizar festas durante a pandemia da Covid-19. Saiba quem é Telmário Mota, ex-senador investigado por mandar matar a mãe de sua filha
O ex-senador da República por oito anos, Telmário Mota, de 65 anos, é procurado pela Polícia Civil de Roraima nesta segunda-feira (30) por suspeita de mandar matar Antônia Araújo de Sousa, de 52 anos, a mãe de uma de suas filhas.
Formado em economia e contabilidade, Mota começou a carreira política em 2007 na Câmara Municipal de Boa Vista, quando assumiu uma vaga de vereador por ter ficado como primeiro suplente na eleição municipal de 2004.
Ex-senador da República, Telmário Mota
Reprodução/Senado
Porém, ele só foi eleito dez anos depois, em 2014, como senador, quando fazia fortes críticas a Romero Jucá (MDB), quem dizia ser seu rival político.
Já nas eleições de 2018, ele foi candidato ao governo de Roraima pelo PTB, mas não se elegeu. Durante a campanha, o então candidato se autopromovia como “doido” e pedia para que os eleitores o dessem uma chance por isso.
Polícia tenta prender ex-senador Telmário Mota, suspeito de mandar matar mãe da própria filha
O político roraimense também é conhecido por se envolver em polêmicas, como:
Acusação de estupro da própria filha;
Morte de Antônia Araújo;
Agressão contra jovem de 19 anos;
Promover competições de briga de galo;
Teoria falsa sobre o planeta Nibirú;
Realização de festas durante a pandemia da Covid-19;
Esposa condenada por desvio de verbas.
Acusação de atuação em favor de criminosos na Amazônia;
Acusação de estupro pela própria filha
Adolescente de 17 anos, filha de Telmário Mota, denuncia o ex-senador por tentativa de estupro
Caíque Rodrigues/g1 RR
Em agosto de 2022, a filha de Telmário e Antônia Araújo — assassinada com um tiro na cabeça no dia 29 de setembro — afirmou que ele a assediou, tocou em suas partes íntimas e tentou arrancar a sua roupa no Dia dos Pais. Na época, ela tinha 17 anos.
Segundo a filha, ela fez contato com o senador para os dois passarem o Dia dos Pais juntos. Ela disse que o pai ligou por volta das 19h dizendo que iria levá-la para um lago, para comemorarem a data.
A filha, em entrevista exclusiva ao g1, contou que o pai a forçou entrar em seu carro e a tomar bebidas alcoólicas. Também disse que o senador tomou seu celular durante os assédios para que ela não pedisse ajuda para ninguém.
“Por ele ser meu pai, por eu ter saído várias vezes com ele eu nunca imaginei [que isso aconteceria]. Desde pequena a gente mantinha contato, ele era distante, mas eu era a filha mais próxima dele. Ele nunca tinha dado sinal de um comportamento assim comigo, nunca. Nem para mim, nem para as outras filhas dele. Abalou todo o meu mundo”, disse.
Telmário negou as acusações e afirmou se tratar de perseguição politica.
O caso foi registrado na Polícia Civil como estupro de vulnerável. A juíza Graciete Sotto Mayor Ribeiro, da Vara de Crimes Contra Vulneráveis, chegou a conceder uma medida protetiva em favor da filha.
Morte de Antônia Araújo
Antônia Araújo de Sousa, mãe da jovem, foi morta com um tiro na cabeça quando saía de casa no dia 29 de setembro, no bairro Senador Hélio Campos, zona Oeste em Boa Vista.
Ela estava dentro de um carro com um parente na calçada de casa, por volta das 6h30, quando dois homens chegaram em uma motocicleta. Um deles a chamou e em seguida atirou em Antônia.
Antônia morreu ainda no local, na calçada de casa. No local do crime, a filha da vítima prestava esclarecimento aos agentes com as roupas cobertas de sangue. A vítima era servidora do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami e Yek’uana (Dsei-YY), desde 2017.
O corpo de Antonia Sousa foi removido pelo Instituto Médico Legal (IML)
Caíque Rodrigues/g1 RR
Agressão contra jovem de 19 anos
Em 2015, a jovem Maria Aparecida Nery de Melo, à época com 19 anos, com quem Telmário mantinha um relacionamento, o acusou de tê-la agredido. O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de uma investigação sobre o caso em agosto de 2016.
A jovem afirmou à polícia que tinha relações com o então senador desde quando tinha 16 anos. Ela disse que apanhou “até desmaiar” de Telmário. Um mês depois, pediu para retirar a queixa alegando que se machucou ao tentar agredir o parlamentar.
A denúncia, entretanto, não pôde ser retirada, e foi encaminhada à Procuradoria de República, em razão do foro privilegiado do parlamentar.
Em julho, o senador negou ter agredido a estudante. Ele admitiu que os dois tiveram um relacionamento, mas dizia nunca tê-la maltratado.
O pedido de investigação da PGR apontou que o exame de corpo de delito constatou lesões na cabeça, boca, orelha, dorso, braço e joelho. A PGR quer que o senador e a estudante sejam ouvidos novamente, bem como o advogado que a acompanhou quando ela foi à polícia.
Em depoimento, Maria Aparecida disse ter mantido um relacionamento por três anos e meio e que no período, houve outras agressões físicas e ameaças.
Rinhas de galo
Em 2016, durante o mandato como senador, Telmário se envolveu em polêmicas relacionadas à rinhas de galo.
Em depoimento dado à época, ele disse que não participou das competições com animais, descoberta pela polícia numa chácara em que estava para um aniversário.
“Eu não estava nesse local onde estava tendo a rinha. Eu estava em uma outra casa”, afirmou. Ele acrescentou que foi incluído no processo por ter denunciado que a polícia queimou os animais apreendidos vivos e não pela rinha.
Telmário Mota segurando um galo em um vídeo da internet
Reprodução/Youtube/Criatório Rey do Sertão
Anteriormente, Telmário chegou a responder acusações de ter participado de uma rinha de briga de galo em 2005, época em que ainda não era parlamentar, mas foi absolvido pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).
Além de maus tratos a animais, o senador também era acusado de apologia ao crime e quadrilha, por supostamente ter defendido a prática e se associado a outras três pessoas para promover as competições de briga de galo em três municípios de Roraima.
Teoria falsa sobre o planeta Nibirú
Em 2017, um discurso de Telmário feito durante no Plenário do Senado viralizou nas redes sociais.
Na fala do então senador, ele reforçou uma teoria da conspiração que previa a colisão de um planeta X7, conhecido como “Nibirú”, com a Terra.
Ele afirmou ter recebido informações da Agência Espacial Americana (Nasa) de que Nibirú iria colidir a Terra e que este seria o fim do “ciclo atual” do planeta.
Ele chegou a dizer que pediu aos seus assessores parlamentares que fizessem um estudo para ver se esse planeta estava realmente colidindo com a Terra.
A profecia é falsa e a Nasa já afirmou que o planeta Nibiru não existe e que não há fundamentos para tal crença.
Acusação de atuação em favor de criminosos na Amazônia
Em 2022, Telmário Mota foi acusado pelo delegado da Polícia Federal Alexandre Saraiva, junto com o senador Mecias de Jesus (Republicanos), de atuarem em favor de criminosos na Amazônia. Em entrevista ao programa Estúdio I, da GloboNews, ele chamou os parlamentares de “bancada do crime”.
À época, o então senador disse, por telefone, que o delegado era um “desequilibrado e oportunista”. Depois, a assessoria do senador enviou nota afirmando que ele “em momento algum interferiu em qualquer fiscalização, inquérito ou processo relacionado a crimes ambientais.”
Na entrevista, ao ser perguntado sobre as dificuldades para se combater crimes na Amazônia, o delegado disse que um dos maiores entraves ocorria porque “os criminosos que atuam na região têm parte dos políticos do Norte “no bolso””, disse.
Ainda na nota, Telmário disse ser “índio macuxi” e descreveu as acusações do delegado como “leviana e mentirosa, vindo de uma pessoa com clara intenção de autopromoção, que é pré-candidato e com um evidente sentimento de vingança”.
“O Senador Telmário é índio Macuxi e sempre defendeu a causa dos povos indígenas. Em momento algum interferiu em qualquer fiscalização, inquérito ou processo relacionado a crimes ambientais”, constava na nota.
Festa durante pandemia da Covid
Festa ocorreu em meio à fase grava da pandemia em RR
Reprodução/Rede Amazônica
Enquanto era senador, em janeiro de 2021, Telmário promoveu uma festa com aglomeração na Praça do Grêmio, no Centro de Rorainópolis, ao Sul de Roraima enquanto o estado passava pela fase mais grave da pandemia da Covid-19. A festa ocorreu após a Saúde anunciar que o Estado vive a fase grave da pandemia.
O senador chegou a dizer ao g1, à época, que o evento já estava programado e que todos que recebiam a pulseira, também recebiam máscara. “O que me causa espécie é que fizeram a eleição toda na pandemia”, afirmou, sem comentar o fato de que ele também ficou em alguns momentos sem máscara no evento.
A Polícia Militar (PM) disse que entre 1,5 mil e 2 mil pessoas estiveram no local, no entanto, não foi oficializado nenhum pedido para que os agentes realizassem policiamento no local.
Três meses após promover a festa, Telmário recebeu a primeira dose da vacina contra a Covid-19.
Ex-senador Telmário Mota (Pros) é vacinado em Boa Vista
Reprodução/Instagram
Esposa condenada por desvio de verbas
A mulher de Telmário, a médica Suzete Oliveira, foi condenada em 2016 em segunda instância a seis anos e oito meses de prisão por envolvimento no esquema de desvio de verbas públicas conhecido como ‘escândalo dos gafanhotos’.
Ela se entregou à polícia em maio de 2016 e foi levada no fim da manhã para a Cadeia Pública Feminina, na zona Rural de Boa Vista. Ela foi solta no mesmo mês após a juíza Rosimayre Gonçalves de Carvalho do Tribunal Regional da 1ª Região, conceder habeas corpus.
Suzete Oliveira, mulher de Telmário
Reprodução/Instagram/@suzetemota
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