Cemitério de pets no interior de SP preserva a memória de animais de estimação: ‘respeito a eles’


Local tem mais de 900 animais enterrados entre cachorros, gatos, coelhos, porquinhos da índia, tartaruga e até peixe. A advogada Carol Mattos Galvão tem 4 animais sepultados em cemitério pet de Araraquara
Amanda Rocha/g1
Quem tem um bichinho de estimação sabe o quanto é doloroso quando eles partem. O luto, a saudade e as lembranças acompanham a família por um bom tempo.
Em Araraquara (SP), um cemitério de animais é uma opção para quem decide sepultar ou cremar o pet, incluindo missas e cerimônias em uma capela.
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Cemitério pet preserva memórias de animais de estimação em Araraquara
No dia de Finados, celebrado neste sábado (2), o g1 traz algumas histórias de tutores que optaram por enterrar seus “filhos de quatro patas”.
Cachorro, gato, coelho, porquinho da índia, tartaruga e até peixe estão entre os 900 animais sepultados no “Saudade Animal”, o único cemitério pet da região.
“Acredito que a importância de ter um espaço assim para os animais é um respeito a eles, porque fizeram parte das nossas vidas por muitos anos. E enterrar e ter um lugar para visitar ou mesmo cremar o animal é uma forma de preservamos a memória deles”, afirma a advogada Carol Mattos Galvão.
Família multiespécie
A avogada Carol Galvão e o marido com a cachorrinha Cida
Arquivo pessoal
A advogada de 42 anos é uma das pessoas que tem seu sobrenome em plaquinhas de identificação entre os túmulos, na realidade, três plaquinhas. Após conviver por mais de 15 anos com Cida, Franscica, Cuca e Bloquinho , a advogada decidiu sepultar os cachorros para preservar a história deles, afinal, sempre os considerou como membros da família.
Carol contou que perdeu duas cachorras idosas em datas bem próximas. Cida tinha 17 anos e morreu no final de março de 2022. Menos de um mês depois, a doguinha Francisca, de 16 anos, também partiu.
“Elas eram minhas filhas mesmo e foi bem difícil perder as duas na sequência. Eu não costumo vir no cemitério com tanta frequência porque para mim é uma memória bem dolorida” disse.
Carol Galvão ajeita flor em túmulo da cachorra Cida
Amanda Rocha/g1
O bulldog Bloquinho foi um cão muito calmo e amado pelos familiares de Carol. Quando ele morreu, a família não pensou duas vezes em dar uma despedida digna.
Uma caneca com a foto dele e uma poesia ainda estão no jazigo. Não é o único a ter objetos pessoais, outros túmulos têm brinquedos e até roupinhas dos pets.
Túmulo do bulldog Bloquinho com a caneca com imagem do cãozinho
Amanda Rocha/g1
Demanda alta
O cemitério já existe há dez anos, mas segundo o diretor Afonso Passos Neto, que também administra o cemitério Parque dos Lírios, a procura por sepultamento e cremação de animais de estimação aumentou muito após a pandemia de Covid-19.
Neste ano, o espaço foi ampliado e ganhou 900 novos jazigos, somados aos 600 já existentes. O tutor pode enterrar mais de um animal em cada túmulo.
“Muitos familiares pediam para fazer o sepultamento dos pets junto aos humanos e isso é uma coisa que a gente sempre tomou muito cuidado para não misturar. Começamos a perceber que as pessoas ficavam muito tristes de não poder sepultar o animal e reservamos esse espaço para acolhê-los”, diz o diretor.
O valor do serviço varia dependendo do tamanho do animal. Um lóculo para pet pequeno custa R$ 1.695, para médio porte, R$ 1,9 mil e para grande porte, R$ 2.350.
Mas animais de porte muito grande, como cavalos, não são atendidos no espaço. A concessão de uso são de dois anos, e pode ser renovada por mais 2 anos pela metade do valor.
“A gente imaginava que 30% iria renovar a concessão do espaço, porque alguns perdem o vínculo e as pessoas acabam adotando outros pets no decorrer do tempo. É diferente de sepultar um pai ou um avô. Mas hoje a gente vê que é o contrário. Cerca de 75% dos clientes renovam e cuidam dos jazigos”, contou.
No caso da cremação, o procedimento pode ser coletivo ou individual e custa de R$ 900 a R$ 1,5 mil, sendo que no coletivo um certificado é entregue, enquanto no individual, o tutor recebe uma urna com as cinzas do pet.
Elo familiar
Laura e Sasha eram amigas inseparáveis e estão enterradas em cemitério de Araraquara
Arquivo pessoal
No cemitério está enterrada a lhaso apso Sasha, que presente no aniversário de 6 anos de Laura, da cirurgiã-dentista, Odilia Liliam Almeida Botelho.
Aos 14 anos, a menina não resistiu à leucemia e faleceu. A cachorrinha foi o elo e o suporte da família. Em agosto deste ano, a cachorrinha também partiu e foi enterrada no Saudade Animal que fica ao lado do Parque dos Lírios, onde a garota foi sepultada.
“Quando ela ficou doente, eu já pensei em enterrar a cachorrinha perto da Laura. Acho importante ter um lugar para pets, não me via colocando a Sashinha em outro lugar que não fosse lá, principalmente pelo elo entre elas. Elas tinham uma relação de muito amor, muito forte mesmo e depois que a Laurinha nos deixou, ficou esse elo dela aqui, foi uma pare dela que ficou aqui com a gente na figura da Sasha. Agora ela foi em paz encontra a mãe dela”, contou.
Cerimônias e homenagens
Saudade Animal é o único cemitério de pets de Araraquara
Amanda Rocha/g1
No feriado de Finados, missas, cultos evangélicos e palestra espírita são celebradas no espaço . Há também uma árvores na qual são colocadas cartinhas escritas pelos tutores como forma de homenagens aos bichinhos.
A aposentada Sílvia Alves Pinto, 57 anos, que enterrou dois “filhos de quatro patas”, participa das homenagens no cemitério que enterrou os lhasas, Joe e July, em 2022 e em 2024, respectivamente.
“Eles ficaram velhinhos, o Joe teve problema de coração e a July foi de velhice mesmo. Hoje em dia eles são como nossos filhos mesmo, a gente convive com o animal por anos, e acho muito importante ter espaços como esse para a gente fazer nossas homenagens. Eu costumo vir sempre, não só em época de Finados”, comentou enquanto colocava um vasinho de flor na lápide de seus cachorrinhos.
A aposentada Silvia costuma ir no cemitério de Araraquara visitar os cães em várias épocas do ano
Amanda Rocha/g1
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