Benefícios – Atividades do CCJuv ajudam no desenvolvimento social de crianças e adolescentes


Centro de Convivência da Juventude oferta gratuitamente dezenas de atividades de cultura, lazer e esporte Nicolas Ryan tem diagnóstico de TDAH e faz aulas de futebol
SupCom/Marley Lima
Nicolas Ryan tem 6 anos e foi diagnosticado com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) em dezembro de 2022. À época, o médico recomendou a prática esportiva para que o pequeno gastasse energia. Atualmente, ele faz parte dos mais de 900 alunos de futebol atendidos pelo Centro de Convivência da Juventude (CCJuv), programa da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR).
“Decidi matricular o Nicolas para ele melhorar o desenvolvimento dele, interagir com outras crianças e ajudar no desempenho escolar, porque ele tem bastante energia e gosta de futebol. Quando falei que faria futebol, ele gostou, ficou bastante animado. Agora, fica animado e ansioso para ir às aulas”, relata a mãe, Tatiana Dezidério.
Conforme os especialistas, a prática esportiva ajuda a incorporar hábitos saudáveis, aprimorar a cognição, estimular a convivência em grupo, combater a obesidade e preparar para lidar com frustrações, bem como diminuir o risco de doenças mentais. Por isso, a Superintendência de Programas Especiais, responsável pelo CCJuv, leva em consideração as necessidades de crianças e adolescentes com algum transtorno do neurodesenvolvimento, para aplicar metodologias humanizadas.
O futebol é uma das atividades oferecidas gratuitamente pelo CCJuv. Há também balé, jiu-jitsu, judô, teatro, teclado, violão, ginástica rítmica, capoeira… São 23 modalidades que beneficiam cerca de 3,5 mil pessoas, entre crianças, adolescentes, adultos e idosos. As aulas ocorrem em 10 municípios de Roraima, consolidando a Superintendência de Programas Especiais como o braço social do Poder Legislativo.
“A Casa tem se preocupado em pôr em prática políticas públicas voltadas para a primeira infância. Entendemos que essas atividades contribuem significativamente para o crescimento das nossas crianças e adolescentes, para terem qualidade de vida agora e no futuro. Além disso, muitos pais não têm condições financeiras para matricular seus filhos em aulas particulares, e ter essa oportunidade pode mudar a realidade social da família”, declarou o presidente do Parlamento, deputado Soldado Sampaio.
Regras, limites e disciplina
Psicóloga explica benefícios de atividades na vida das crianças
SupCom/Nonato Sousa
Práticas esportivas, culturais e de lazer são importantes para o desenvolvimento social, motor e emocional das crianças, avalia a psicóloga Rosaly Feliciano. Segundo a profissional, as atividades ajudam os pequenos a entenderem sobre regras, limites e disciplina, que acabam sendo levados para o convívio social da criança.
“É um conjunto de situações que vai trazer esse desenvolvimento para a criança. Não se pode apenas colocar o filho para fazer determinada atividade e pensar que só aquilo vai ajudá-lo. A família precisa estar presente nessa atividade para aprimorar o comportamento”, pondera a psicóloga, ao acrescentar que é preciso diálogo com a criança para entender o que ela gosta e tem disposição para praticar.
Quando o assunto é acompanhar, Núria Kariny é um exemplo. Mãe do Heitor, de 8 anos, ela fica atenta a todos os movimentos praticados pelo filho durante as aulas de judô. Núria já percebeu que o filho melhorou a questão motora e está mais atento ao que ela fala em casa.
“Quando surgiu a oportunidade de fazer judô pelo CCJuv, ele ficou animado e pediu para ser inscrito. Ele era muito disperso, de falarmos e sempre olhar para os lados. Então o judô ajudou na desenvoltura, na disciplina e na mobilidade, já que ele não tinha muita coordenação motora. Agora, já fica tentando treinar com o irmão em casa”, sorri Núria.
Heitor tem 8 anos e melhorou atenção e questão motora, diz mãe
SupCom/Eduardo Andrade
A disciplina é uma característica do judô, explica o sensei Alex Andrade. Nas aulas, o tom de voz mais grave faz com que as crianças estejam atentas às regras do esporte e se tornem mais disciplinadas antes de se enfrentarem no tatame.
“Tentamos passar a disciplina, já que o judô exige concentração e foco. Sem isso, o judô não rende e pode resultar em lesões, já que é um esporte de muito contato físico. O esporte com esses elementos, como o judô, ajuda a criança no processo de crescimento. Um tom de voz mais brando ou mais rigoroso vai fazê-la entender esse processo de disciplina”, argumenta Alex.
Marilene Conceição Sousa também acompanha a filha Maria Eduarda nas aulas de judô. Conseguir a vaga foi um alívio financeiro, já que a pequena queria praticar o esporte, mas precisaria pagar. “Como surgiu essa vaga, colocamos ela. Tenho percebido uma melhor desenvoltura. Ela é muito inteligente nas atividades dela”, completa Marilene.
Maria Eduarda é ativa nas aulas. Enfrenta os colegas de quimono e, na grande maioria dos combates, sai vitoriosa. “É muito legal, você aprende as coisas bem rápido. No futuro, quero ser uma judoca”, declarou.
Voltando ao futebol
Quase mil alunos já foram beneficiados com aulas de futebol
SupCom/Marley Lima
O futebol é uma paixão nacional e o foco de meninos e meninas, principalmente dos mais vulneráveis. Alexandre Guilherme, de 12 anos, é enfático ao responder sobre a profissão do futuro: “jogador de futebol”. O amor pelo Flamengo é grande, assim como pelo menino Ney, o Neymar, camisa 10 da seleção brasileira e inspiração para ele.
Mas esses meninos que chegam com tanta sede pela bola precisam se preparar. É quando entra o preparo técnico, que resulta em benefícios para os futuros jogadores. Françuar Fernandes, que coordena o Polo Senador Hélio Campos, traz para o processo de ensino-aprendizagem algumas décadas de experiência em campo, como jogador e árbitro.
“O futebol, como todos os esportes, é uma ferramenta importante para promover inclusão. Peço que os professores façam um trabalho fisio técnico com as crianças, para aprimorar os passos, cabeceio, saber se deslocar. Alguns meninos chegam e não sabem correr, eles acham que sabem jogar, mas o deslocamento é errado, o chute é precário. Além disso, tem a socialização. Eles formam grupos na escolinha de futebol e levam essa amizade para fora do campo”, acrescenta Françuar.
Socialização, disciplina, foco, determinação, respeito, fortalecimento emocional, melhoria motora. A lista de benefícios é grande. Por isso, a psicóloga Rosaly Feliciano complementa que as atividades esportivas, culturais e de lazer, são vitais para moldar um ser humano melhor. Ela afirma que os investimentos em políticas públicas de primeira infância são essenciais para as crianças e adolescentes.
“Você trabalha agora para prevenir o futuro. Os programas que existem nos órgãos públicos, nas escolas, por meio de ações como essas que incentivam o esporte, ajudam a pensar a criança no futuro. Ter esse contato social com outras pessoas, permite visualizar o outro, não apenas ‘eu’. Essas situações agregam valores e experiências para as crianças e melhoram o desenvolvimento”, conclui Rosaly.
Maria Eduarda faz aulas de judô acompanhada da mãe
SupCom/Eduardo Andrade
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