Trabalho no campo e prevenção na saúde: conheça Coqueiro Baixo, a cidade mais velha do Brasil


Com maior índice de envelhecimento do país, cidade do Vale do Taquari tem 1,2 mil moradores, dos quais quase 400 são idosos. Coqueiro Baixo, no RS.
Reprodução/RBS TV
A 167 km de Porto Alegre, na Região do Vale do Taquari, fica a cidade com a maior população idosa do país. Coqueiro Baixo possui a maior mediana e também o maior índice de envelhecimento do Brasil, de acordo com dados do Censo divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (27).
Dos 1.290 moradores da cidade, 388 têm mais de 65 anos. A população entre 15 e 64 anos é formada por 732 pessoas. E as crianças e pré-adolescentes são 140.
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Cerca de 30% dos habitantes está no meio urbano, e 70%, nas áreas rurais, de acordo com estimativas da prefeitura. A vocação primordialmente agrícola é um dos fatores que contribui para a longevidade da população, como explica o secretário da Saúde, Felipe Dalpian.
“A maior parte é do interior, são ativos na sua propriedade. Cuidam da horta, dos bichos. É uma característica da nossa população. Manter-se em atividade, manter o corpo ativo”, aponta o secretário. Segundo ele, “só não trabalha quem está acamado”.
Área rural e zona urbana de Coqueiro Baixo, no RS
Reprodução/RBS TV
Metade da população de Coqueiro Baixo tem mais de 53 anos
A cidade não conta com hospital e também não tem um asilo. Uma unidade básica de saúde atende a população. A prioridade é prevenção de doenças, com busca ativa de pacientes com doenças crônicas, rede de proteção e grupos de alimentação saudável e exercícios voltados para a população idosa.
Com isso, o secretário afirma que a demanda por atendimentos por emergências ou complicações de saúde entre os mais velhos é baixa. “Na linha de frente da nossa unidade básica, a gente vê a diminuição de problemas. A gente gosta de prevenir, por isso temos essa longevidade”, reforça.
Além disso, a área da Assistência Social também mantém uma rede de atividades voltadas para a socialização, encontros nas cidades, oficinas de danças típicas e outros projetos de convivência.
Coqueiro Baixo, no RS.
Reprodução/RBS TV
Com todos os cuidados, Coqueiro Baixo tem uma “terceira idade muito ativa”, como diz o secretário. “É engraçado, a gente tem pessoas acima de 80 anos que não tomam nenhum tipo de remédio”.
Os dados divulgados pelo IBGE mostram que a proporção entre idosos e crianças em Coqueiro Baixo é de tem 277 pessoas com mais de 65 anos para cada 100 pessoas de 0 a 14 anos.
A idade mediana, que é o valor que separa a metade maior e a metade menor da população é 53. Em ambos os índices, Coqueiro Baixo tem a população mais velha do país.
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União da Serra: ‘Mais idoso do que gente nascendo’
Entre as 10 cidades mais idosas do país está União da Serra, cidade de 1.170 moradores, dos quais 238 estão acima de 238. “Tem mais idoso do que gente nascendo”, diz o prefeito, Cezer Gastaldo. O município tem 40 crianças de 0 a 40 anos, conforme o Censo.
União da Serra tem em comum com Coqueiro Baixo o perfil rural: 90% da economia da cidade gira em torno da agricultura. Na área urbana, a cidade se divide em dois bairros. O clima é de “todo mundo se conhece”.
“Se cria vínculo de amizade, principalmente pessoal de idade, tá na cultura de conversar com o vizinho, fazer visita, tomar chimarrão”, descreve. Não é raro ver os mais velhos da cidade reunidos nos mercados, bares, jogando baralho na praça.
Por que a população mais velha cresce e a mais nova reduz?
De acordo com Virgílio Olsen, chefe do Serviço de Geriatria da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, o envelhecimento da população passa pela queda da mortalidade infantil, da natalidade e de um controle de questões de saúde.
“O RS sempre foi um dos estados mais maduros do nosso país. A população que mais cresce hoje é a acima dos 80 anos. A expectativa de vida das mulheres gaúchas passa dos 80 anos”, conta Olsen.
Ele entende que, muitas vezes, quem se aposenta no estado com 65 anos ainda tem um terço de vida pela frente. Por isso, prega que “a vida não começa aos 40”, mas que “tudo que a gente faz ao longo dela impacta no envelhecimento”.
Ele cita “pilares” do envelhecimento saudável: ter bons hábitos (evitar tabagismo, evitar consumo de álcool, praticar atividade física e ter uma boa alimentação); manter a mente sã com atividade contínua e segurança social (que engloba a segurança de caminhar na rua e a reserva financeira para desfrutar de boa qualidade de vida); e a participação social (se manter engajado em questões da família e da sociedade).
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