Polícia e MP apuram denúncias contra ex-presidente e ex-coordenadora de ONG de acolhimento infantil em MG


Ex-funcionárias dizem ter sido assediadas pelo então presidente da associação que elas trabalhavam em Andradas (MG). Polícia e MP apuram denúncias contra ex-presidente e ex-coordenadora de ONG em Andradas
A Polícia Civil abriu inquérito para investigar denúncias contra o ex-presidente e a ex-coordenadora de uma casa de acolhimento de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade em Andradas (MG).
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Duas mulheres, que preferem não se identificar, teriam sido assediadas por Djalma Aparecido Gomes, então presidente da ONG onde elas trabalhavam.
“A gente acredita que vai acontecer com qualquer pessoa, menos com a gente. Ele utiliza de meios de mensagens, mensagens fora do horário do trabalho. E você vai pontuando que não, que não é aquilo. Às vezes você até cede alguma coisa, algumas brincadeiras, para tentar amenizar o ambiente. Mas não é assim, as coisas não funcionam mais assim”, disse.
De acordo com as mulheres, os assédios ocorriam dentro da instituição e também no escritório dele, que é advogado.
“Ele chamava a gente para ir lá, para tratar de algum assunto da instituição. E ali ele cometia os abusos”, falou.
Ex-funcionários relatam outras irregularidades, como a falta de alimentação adequada para as crianças em algumas ocasiões.
“Faltam fraldas, achocolatados, leite para as crianças, lenço umedecido, produtos de higiene. Isso falta na casa”, comentou um deles.
“Durante o período que eu trabalhei na instituição, não havia prestação de conta, era cobrado pela população, essa prestação de conta não era realizada. Foi realizada a Festa do Vinho durante esses três últimos, anos. Essa prestação de contas não foi colocada para a população. Foram cobrados, até onde eu sei, a instituição para dar essa prestação de conta, mas até onde eu sei, até o presente momento, isso não foi realizado”, destacou outra ex-funcionária.
Os ex-funcionários afirmam que foram ameaçados quando tentaram alertar sobre os problemas.
“Ele coage. Quando o funcionário sai da instituição, que é demitido por ele, ele liga em serviço, difamando a pessoa. Ele fala que não é para mexer com ele, porque ele é vingativo. E mesmo quando você está dentro da instituição trabalhando, ele tem mania de perseguição. Ele persegue onde você está, com quem você sai, com quem você conversa, manda mensagem ameaçando”, disse.
A coordenadora da ONG também é alvo de denúncias. Em uma ocasião, ela teria obrigado uma criança a escrever dezenas de vezes a frase “eu não vou mais brincar na hora de estudar”.
No início de outubro, a reportagem da EPTV, afiliada TV Globo, esteve na instituição. A coordenadora disse, por interfone, que não falaria até que as denúncias fossem apuradas.
No ano passado, o Ministério Público arquivou denúncias sobre irregularidades que estariam ocorrendo na casa. No despacho, o promotor Victor Hugo Rena Pereira determinou que fosse encaminhado ofício para que a prefeitura avaliasse possíveis maneiras de melhorar o serviço, e também para que a diretoria da Casa tivesse conhecimento das denúncias.
Delegacia da Polícia Civil em Andradas
Polícia Civil
Agora, com as novas queixas, a Polícia Civil começou a investigar o caso.
Diante das denúncias, o presidente da instituição renunciou ao cargo essa semana. A decisão, segundo ele, aconteceu para que as denúncias possam ser apuradas. Ele era presidente da casa desde 2019.
A vice-presidente, o tesoureiro e o vice-tesoureiro também deixaram os cargos. Já a coordenadora havia sido demitida recentemente.
A Prefeitura de Andradas decretou, essa semana, a intervenção na casa para garantir a continuidade do serviço.
O presidente interventor é Valdir Basso, secretário de Governo. Também compões a comissão de intervenção, Cláudia Ribeiro (gerente da divisão da gestão e ação social) e Daniel Ferraz (procurador geral de Andradas).
A Polícia Civil informou que o inquérito foi encaminhado à Justiça e que aguarda a análise do juiz para novas providências. Já o Ministério Público recebeu o inquérito essa semana. O promotor Leandro Martinez já se manifestou, deu o parecer e devolveu para a Justiça. O caso está em sigilo.
A EPTV questionou a prefeitura sobre a falta de transparência da associação, citada pelos ex-funcionários. A assessoria informou que iria analisar o caso.
A reportagem também entrou em contato com Djalma Aparecido Gomes. Por telefone, ele disse que, por enquanto, não vai se pronunciar. A EPTV tentou contato com a ex-coordenadora, mas não obteve retorno.

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