‘Estamos chocados’, diz diretor sobre morte de motorista de clínica esfaqueado por usuário de drogas


Homem de 28 anos foi atacado por rapaz que era levado de Uberlândia, MG, para clínica de reabilitação em Ribeirão Preto, SP. Suspeito viciado em crack pediu para ser internado, afirma dono. Igor Moreira Pontes Câmara tinha viajado até Uberlândia, MG, para transportar paciente até clínica em Ribeirão Preto, SP
Reprodução/Facebook
O diretor terapêutico da Fundação Penteado, clínica onde trabalhava o motorista Igor Moreira Pontes Câmara, morto ao ser atacado por um usuário de drogas transportado para ser internado, ainda tenta entender o que motivou o crime. Anderson Luiz Buffoni Penteado trabalha há 20 anos na reabilitação de pacientes e diz que jamais viu algo parecido acontecer.
“Estamos chocados. Eu nunca vi isso de uma pessoa pedir a internação e fazer isso”, afirma.
Câmara foi esfaqueado pelo rapaz enquanto seguia em um carro de Uberlândia (MG) para Ribeirão Preto (SP). O suspeito fugiu e ainda não foi localizado.
O corpo de Igor, de 28 anos, será velado em Ribeirão Preto. Ele era casado e pai de três filhos.
Crime
Penteado e a mulher foram avisados do crime por Juliano Roberto, funcionário da clínica que acompanhava Igor na remoção. Os dois haviam saído de Ribeirão Preto para buscar o jovem que estava em um hotel em Uberlândia. Segundo Penteado, o rapaz havia ligado para pedir que fossem buscá-lo porque ele queria ser internado voluntariamente.
“Foram até o hotel onde ele estava, ele colocou as malas no carro, entrou e veio. Chegou numa parte do caminho, eles pararam para fazer uma ligação. O Igor encostou no banco do carro e ele deu uma punhalada nele. Matou o menino.”
De acordo com a ocorrência, o suspeito desceu do carro e fugiu para um matagal com a faca. Juliano assumiu a direção e saiu à procura de uma unidade médica. No caminho, ele abordou uma ambulância que levou a vítima até a Unidade de Atendimento Integrado (UAI) do bairro Pampulha.
Igor foi socorrido ainda com sinais vitais, mas em estado grave. Em seguida, sofreu uma parada cardiorrespiratória e não resistiu. O corpo foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) para passar pela autópsia.
Internação voluntária
O diretor da clínica afirma que o pai do suspeito já havia tentado interná-lo outras vezes. Em uma delas, os dois chegaram a ir até à porta da clínica, no bairro Lagoinha, mas o rapaz começou a usar crack e os dois desistiram.
Penteado suspeita que o rapaz estava sob o efeito de crack quando entrou no carro para ser transportado até Ribeirão Preto.
“Ele estava usando crack há cinco dias. Essas pessoas que ficam muito tempo começam a ter crise de percepção, começam a ter psicose. O que pode ter acontecido é que ele achou que iam levar ele involuntariamente. Ele pode ter entrado na paranoia da droga e perdeu o juízo crítico.”
Segundo o diretor, nos casos de internação involuntária, os funcionários precisam seguir um protocolo, que inclui uma revista ao paciente para certificar de que ele não está portando drogas ou objetos perfurantes. Como a internação do paciente era voluntária, não houve nenhuma checagem.
‘Estava em paz’
Igor trabalhava há quatro meses como motorista e se ofereceu para fazer a viagem na noite de quinta-feira (19). Penteado afirma que a vítima era ex-usuária de drogas e que, há dois dias, havia celebrado o fato de estar sóbrio.
“Ele estava em paz, fazendo dois trabalhos para cuidar dos filhos. Ele não iria nessa remoção. Iria outra pessoa, mas ele falou: ‘deixa eu ir porque eu preciso ganhar esse dinheiro para cuidar dos meus filhos’.”
Um inquérito foi instaurado em Uberlândia para apurar as circunstâncias do crime. O suspeito não foi localizado.
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