Justiça nega transferência de motorista de Camaro que matou fisiculturista e amiga em acidente


Defesa de Fernando Takao, de 23 anos, apontou que ele corria risco de vida na Penitenciária Agrícola do Monte Cristo, onde está preso. Juiz Luiz Fernando Malle destacou que a defesa não apresentou provas e negou a transferência para o Comando de Policiamento. Fernando Takao Marisihiqui Filho, de 23 anos, dirigia Camaro que matou as amigas Ariane Real e Layse Sampaio
Reprodução/Instagram
A Justiça negou, nessa segunda-feira (30), um pedido da defesa de Fernando Takao Marisihiqui Filho, de 23 anos, que pedia a transferência do jovem para o Comando de Policiamento da Capital (CPC). Takao é investigado por matar a fisiculturista Ariane Real da Silva, de 31 anos, e a amiga dela, Layse Sampaio da Conceição, de 28 anos, em um acidente na avenida Ville Roy, em Boa Vista. Ele conduzia em alta velocidade o Camaro que atingiu o carro das vítimas.
Fernando Takao está preso na Penitenciária Agrícola do Monte Cristo (Pamc), o maior presídio do estado, desde o último domingo (29), quando a prisão preventiva dele foi decretada pela Justiça de Roraima.
No pedido de liberdade, entregue a Justiça ainda no domingo, a defesa do jovem alegou que Takao é filho de um ex-policial e que, sendo levado para a penitenciária, ficaria entre os “membros das facções criminosas que não aceitam entre eles, policiais, ex-policiais e filhos de policiais, como no caso”.
No entanto, na decisão dessa segunda, o juiz plantonista Luiz Fernando Malle entendeu que a defesa não apresentou evidências suficientes para provar que o motorista corre risco de vida. Além disso, apontou que o habeas corpus para Takao foi ingressadpo na segunda instância, pulando uma etapa do processo.
“Extrai-se pelos documentos juntados que o pedido de transferência de estabelecimento prisional do paciente sequer fora formulado na origem, sendo requerido diretamente a esta Corte de Justiça. Ocorre que o não comporta análise primária da tese por esta habeas corpus instância superior, uma vez que o pedido deve ser apreciado pelo Juízo competente, sob pena de supressão de instância, o que é vedado em nosso ordenamento”, cita trecho.
Procurada, a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc) informou que Fernando está na Pamc deste domingo e que “oprocesso de inclusão seguirá os trâmites legais adotados em casos semelhantes, observando-se a determinação judicial”.
O g1 também tentou contato com a defesa do motorista, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Imagens mostram como ficaram os carros envolvidos no acidente que matou as amigas de infância Ariane Real e Layse Sampaio em Boa Vista
Reprodução
O acidente que matou as amigas ocorreu no sábado (28), por volta das 5h02. Ariane Real e Layse Sampaio estavam em um Celta quando foram atingidas pelo Camaro que Fernando Takao dirigia em alta velocidade na avenida Ville Roy, no bairro Canarinho, zona Leste de Boa Vista.
Ariane Real morreu na hora. Layse Sampaio ficou em estado grave, foi levada ao Hospital Geral de Roraima, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na unidade. O carro das vítimas foi atingido na porta do passageiro, onde estava a fisiculturista. O acidente ocorreu em segundos e foi registrado por câmeras de monitoramento da cidade.
A prisão preventiva do motorista foi decretada um dia depois, no domingo (29). Na decisão, o juiz plantonista Renato Albuquerque também alterou a tipificação penal e Fernando Takao passa a responder por homicídio com dolo eventual – quando se assume o risco de matar.
Antes, na delegacia, ele havia sido autuado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. A mudança ocorreu à pedido do Ministério Público.
Ao sugerir a mudança, o MP argumentou que Fernando Takao estava “embriagado e em alta velocidade”. À Polícia Militar, logo após o acidente, ele admitiu ter bebido e que estava a 100 km/h quando atingiu o carro das vítimas – na delegacia, disse que estava a “no máximo 120 Km/h”.
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O acidente
Camaro estava a 100km/h quando bateu no carro das vítimas, na zona Leste de Boa Vista.
Arquivo pessoal
O acidente ocorreu na madrugada do último sábado (28) no cruzamento da rua Presidente Juscelino Kubitscheck com a Avenida Ville Roy, no bairro Canarinho, zona Leste.
As vítimas Ariane e Layse estavam na rua Presidente Juscelino Kubitscheck quando entraram na avenida Ville Roy e foram atingidas antes de atravessar a a via. Elas ficaram presas às ferragens. Ariane era mãe e deixou um bebê de 1 ano.
Uma testemunha relatou à PM que, após a colisão, o condutor do Camaro saiu do veículo com uma garrafa de bebida alcoólica e jogou nas proximidades do local. Imagens que circulam nas redes sociais mostram ele deitado no chão, enquanto chora e repete que “não viu elas”. Junto com Takao estava um jovem, de 27 anos.
Os dois sofreram ferimentos leves e foram conduzidos para o Pronto Socorro Estadual Dr. Francisco Elesbão, anexo ao Hospital Geral de Roraima (HGR). Depois, Takao foi preso e levado à Central de Flagrantes da Polícia Civil.
Quando foi ouvido pelos policiais militares, na unidade de saúde, Takao estava chorando, “apresentava odor etílico, olhos vermelhos, não se lembrava dos fatos e, em vários momentos, não era possível compreender o que dizia”.
Esse foi o segundo acidente grave em Boa Vista em menos de dois dias. Na quinta-feira (26), mãe e filho morreram em um acidente entre a moto em que estavam e uma caminhonete, conduzida por uma mulher de 32 anos, no bairro São Vicente, zona Sul de Boa Vista. A Polícia Civil não informou que procedimento adotou em relação à mulher.
Fisiculturista Ariane Real era mãe de um bebê de 1 ano
Reprodução/Instagram
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