Falsa médica presa em Campinas é condenada a 6 anos e 2 meses de prisão


Mulher usava registro de dermatologista do Rio para atender pacientes; caso foi revelado com exclusividade pela EPTV, afiliada da TV Globo. Falsa médica foi presa em maio por policiais da DIG de Campinas
Reprodução/EPTV
A Justiça de Campinas (SP) condenou Simone Martins Ferreira por falsidade ideológica, estelionato e exercício ilegal da medicina. A pena aplicada na sentença é de seis anos e dois meses de prisão em regime inicial fechado. Cabe recurso da decisão, publicada nesta segunda-feira (30).
A EPTV, afiliada da TV Globo, revelou em maio deste ano com exclusividade que Simone atendia, há pelo menos dois anos, com o registro de uma médica do Rio de Janeiro. À época, a polícia civil apreendeu com a mulher receituários de controle especial, carimbos, equipamentos médicos, insumos, seringas, e uma credencial da Federação Paulista de Futebol (FPF).
Além da condenação, a juíza manteve a prisão preventiva da falsa médica alegando a necessidade de assegurar ‘a garantia da ordem pública e a aplicação da lei penal’.
“Devido o regime fixado e da gravidade do crime, denego à condenada o direito de apelar em liberdade. Ademais, se durante o processo foi mantida sua custódia cautelar, nada justifica que agora, quando certa sua responsabilidade criminal, seja revogado tal decreto”, diz a decisão da juíza Thais Fortunato Bim, da 6ª Vara Criminal de Campinas.
O g1 abriu espaço para o posicionado do advogado de defesa da Simone, Antônio Godoy Maruca, e aguarda retorno.
Presa em flagrante
Simone Martins Ferreira foi presa em flagrante no dia 22 de maio deste ano pela Polícia Civil. À época, a EPTV, afiliada da TV Globo, obteve as informações da investigação com exclusividade. Segundo as investigações, Simone Martins Ferreira utilizava, há pelo menos dois anos, o número do Conselho Regional de Medicina (CRM) da médica dermatologista Simone de Abreu Neves Salles, que é professora da Universidade Federal Fluminense (UFF).
A mulher chegou a ser presa por resistência em agosto de 2022 durante um cumprimento mandado de busca e apreensão, mas pagou fiança e foi liberada. Simone, formada em farmácia, foi alvo de uma série de denúncias e processos de estelionato.
A investigação
À época da prisão, o delegado responsável pela investigação, Luiz Fernando Dias de Oliveira, afirmou que foi muito difícil chegar até a falsa médica porque ela mudava constantemente de endereço, o que deu a entender que não atendia mais fisicamente. Mas, no dia da prisão, foi possível fazer o flagrante no momento em que ela assinava e carimbava uma receita.
“Ela se apresentou como médica, apresentou as credenciais, prescreveu, aferiu pressão, e acabou carimbando e assinando um receituário. Todos os elementos do exercício ilegal da medicina caracterizaram o flagrante”, disse Oliveira em maio.
Home care e times de futebol
Além de prestar atendimento a domicílio, Simone também tinha uma suposta empresa de home care (cuidado em casa, na tradução do inglês), terceirizava alguns serviços e repassa o valor que recebia aos profissionais. Ela também era contratada por empresas.
A falsa médica também chegou a atuar em um time de futebol de Amparo (SP) e era contratada de uma empresa. Segundo a direção do Amparo Athletico Club, a falsa médica cobrava R$ 700 pela presença dela em jogos na cidade, e R$ 800 quando a partida era em outro município. Além disso, ela ainda estabeleceu preços de R$ 70 para um exame de eletrocardiograma, e de R$ 50 para conceder atestados.
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