Pesquisadores estudam interferência de ruídos de Fernando de Noronha no comportamento de golfinhos


Estudiosos da Universidade Federal de Juiz de Fora instalaram um hidrofone no Porto de Santo Antônio para comparar com os sons emitidos pelos animais na Baía dos Golfinhos. Pesquisadores estudam interferência de ruídos na comunicação de golfinhos em Noronha
Pesquisadores Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais, instalaram um hidrofone no Porto de Santo Antônio, em Fernando de Noronha, para analisar os sons emitidos pelos golfinhos na área (veja vídeo acima). O objetivo é analisar a interferência do barulho faz na comunicação desses mamíferos.
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Os estudiosos vão a comparar a comunicação dos animais nessa região com os sons emitidos pelos cetáceos na Baía dos Golfinhos, que também é monitorada por equipamentos de áudio
“Na Baía dos Golfinhos, que é uma área protegida, não há presença humana. O Porto de Santo Antônio tem características naturais similares. A diferença dos dois locais é que no porto tem uma grande atividade humana”, explicou o professor e pesquisador da UFJF, Raul Ribeiro.
O estudioso, que é especialista em bioacústica de cetáceos, também é coordenador da organização não governamental Ocean Sound. Ribeiro afirmou que a atividade humana provoca uma poluição invisível, o chamado ruídos antrópico.
“Esse ruído interfere na comunicação dos golfinhos. No médio e longo prazo, esse barulho exige que os animais se adaptem para fazer as atividades cotidiana, como se comunicar, encontrar alimentos e fugir de predadores. Isso exige um custo biológico para essa adaptação ao ruído nesses locais”, disse o pesquisador.
Equipamento foi colocado na Baía dos Golfinhos
Ismael Escote/Atlantis
Para Raul Ribeiro, o comportamento dos animais muda por conta da maior quantidade de barulho. Por isso é importante realizar as gravações.
“Nós vamos gravar desde a comunicação íntima entre mãe e filhote, reações agonísticas e até a comunicação nas relações de reprodução. Sabemos que os barcos fazem muitos ruídos e queremos saber qual é o impacto desses sons na comunicação dos animais”, falou o estudioso.
Os equipamentos instalados têm bateria de longa duração. O hidrofone vai realizar gravações no Porto de Santo Antônio por um mês e meio, e na Baía dos Golfinhos por quatro meses.
“Vamos coletar informações 24 horas por dia e traduzir isso em dados científicos, para contribuir com a conservação marinha em Fernando de Noronha. O tempo é suficiente para fazer esse tipo de avaliação”, disse o pesquisador Raul Ribeiro.
A pesquisa tem o acompanhamento do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio). O trabalho na ilha conta com o apoio da operadora Atlantis.
Raul Ribeiro mostrou o hidrofone
Ana Clara Marinho/TV Globo
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