Chico, Juçara, Nadi, Nanã e Raoni são os nomes escolhidos para batizar onças-pintadas da Mata Atlântica paulista


Enquete realizada pela Fundação Florestal contou com mais de 700 votos e envolveu felinos que vivem no Parque Estadual do Morro do Diabo, em Teodoro Sampaio (SP). Onça-pintada fêmea recebeu o nome de Juçara com 32% dos votos
Fundação Florestal
A Fundação Florestal do Estado de São Paulo (FF) divulgou, nesta sexta-feira (9), o resultado da enquete nas redes sociais para escolher os nomes de onças-pintadas que vivem no bioma da Mata Atlântica no Estado de São Paulo, incluindo o Parque Estadual do Morro do Diabo, em Teodoro Sampaio (SP).
A enquete foi realizada durante dez dias e contou, no total, com mais de 700 votos.
Os vencedores são:
Chico (macho) – 36%;
Juçara (fêmea) – 32%;
Nadi (fêmea) – 30%;
Nanã (fêmea) – 35,2%; e
Raoni (macho) – 35%.
A bióloga e pesquisadora científica Andréa Soares Pires conversou com o g1 e explicou que a escolha das onças participantes da enquete foi feita a partir das câmeras de monitoramento instaladas na reserva ambiental.
“Elas foram escolhidas do projeto de monitoramento. Existe um trabalho sendo feito no Vale do Ribeira há alguns anos, com o Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis] e com o ICMBio [Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade], mas, para o Estado de São Paulo, a gente não tinha nada ainda. Então, quando a gente começou a fazer o monitoramento em 2021, de cara apareceram sete onças aqui no Morro. A gente precisa de nomes para identificar as onças, e aí a gente pensou: ‘Por que não disponibilizar [a enquete] para toda a população poder participar e entender a importância da onça-pintada?’. Porque, quando você dá nome, ela faz parte da sua vida, é legal isso”, comentou ao g1 a bióloga.
Onça-pintada macho recebeu o nome de Raoni com 35% dos votos
Fundação Florestal
Segundo a pesquisadora, a enquete incluiu a participação de animais dos parques estaduais do Morro do Diabo e da Serra do Mar.
Sobre as alternativas de nomes, Andréa disse que foi um processo de escolha que envolveu muitas pessoas e sugestões.
“A gente recebeu uma enxurrada de nomes de sugestões. Então, a gente fez uma enquete, dentro da Secretaria de Meio Ambiente, na própria Fundação Florestal, com todos os funcionários, que são mais de 300, e escolhemos cinco [nomes] para cada um. Nós trabalhamos com o pessoal de uma aldeia indígena em Ubatuba [SP], que também faz monitoramento junto com a gente, eles fizeram uma votação, e saiu um nome para cada onça”, detalhou Andréa ao g1.
Segundo a bióloga, as câmeras de monitoramento, que registraram as imagens das cinco onças que foram nomeadas, são fundamentais para a proteção dos animais.
“Apesar de no Estado de São Paulo estar criticamente ameaçada [a espécie], aqui no Morro do Diabo, por ser uma unidade de conservação, tem fiscalização com o pessoal da Polícia Ambiental, da segurança do parque, que estão aqui para proteger os animais nas matas. Então, aqui, ela está conservada”, salientou.
“A maior ameaça é a rodovia [Arlindo Béttio]. O pessoal do DER [Departamento de Estradas de Rodagem] monitora a rodovia com câmeras. Nós temos 40 pontos de câmeras no Morro do Diabo. Se por algum motivo tiver um incêndio ou algum caçador, por exemplo, e isso for detectado pelas câmeras, a gente passa essa informação para a Polícia Ambiental e eles tomam as providências”, enfatizou a pesquisadora.
Onça-pintada fêmea recebeu o nome de Nadi com 30% dos votos
Fundação Florestal
Bebês
A bióloga também contou uma importante novidade ao g1: as câmeras registraram, recentemente, dois filhotes de onça-pintada andando pelo Morro do Diabo.
“Nós temos, pelo menos, dois filhotes de onça-pintada circulando aqui no Morro do Diabo. A gente usa elas [câmeras] durante 120 dias, 24 horas por dia, e aí recolhemos esse material e fazemos a análise estatística dessa informação. A partir do momento que a gente fecha esses 120 dias, a gente instala câmeras dos dois lados da trilha, para poder mapear melhor as onças. Então, nós estamos com cinco conjuntos instalados, de dez câmeras, em pontos estratégicos, para poder ver se a gente pega detalhes desses filhotes”, disse Andréa, empolgada com a situação.
Onça-pintada macho recebeu o nome de Chico com 36% dos votos
Fundação Florestal
Risco de extinção da onça-pintada
A onça-pintada (Panthera onca) é o maior felino do continente americano. Tem até 1,90 metro de comprimento e 80 centímetros de altura. Os machos pesam cerca de 20% a mais do que as fêmeas, podendo chegar a 135 quilos.
A onça-pintada pode viver em vários tipos de hábitats, desde que uma parte da vegetação seja densa. É um animal solitário e territorial. Tem hábitos noturnos. Pode ocupar áreas de 22 km² a mais de 150 km² (dependendo da disponibilidade de presas). A espécie era encontrada desde o sudoeste dos Estados Unidos até o norte da Argentina. Mas está oficialmente extinta nos Estados Unidos e já é uma raridade no México.
Na onça-pintada, ocorre também o fenômeno do melanismo, comum em outros felinos. A coloração amarela é substituída por uma pelagem preta. Dependendo da luz em que o animal se encontra, percebem-se as rosetas. O animal na forma melânica é chamado de onça-preta.
As populações vêm diminuindo devido ao confronto com atividades humanas, como a pecuária. A espécie é classificada pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) e pelo Ibama como vulnerável e está no Apêndice I da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies de Fauna e Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção (Cites).
Ou seja, o risco de extinção está associado ao comércio e sua comercialização só é permitida em casos excepcionais, mediante autorização expressa.
Onça-pintada fêmea recebeu o nome de Nanã com 35,2% dos votos
Fundação Florestal
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