Juiz aposentado cria projeto para plantar mil mudas de árvores frutíferas em quintais de casas em Rio Branco


Juiz aposentado Heitor Andrade Macêdo, de 82 anos, disse que sonhou que deveria ajudar o meio ambiente e plantar mudas de árvores frutíferas nos quintais das casas na capital acreana. Magistrado conta que pede permissão dos donos das residências e cataloga tipo de muda que plantou em cada local. Juiz aposentado cria projeto para plantar mil mudas de árvores frutíferas em quintais de casas em Rio Branco
Arquivo pessoal
Foi a partir de um sonho, que o juiz aposentado Heitor Andrade Macêdo, de 82 anos, decidiu colocar em prática um antigo sonho. Ele pretende plantar, gratuitamente, mil mudas de árvores frutíferas nos quintais das casas em Rio Branco. Para isso, ele vai de casa em casa pedindo autorização dos donos para plantar as mudas.
Além de ajudar o meio ambiente, seu Heitor quer arborizar a casa das pessoas e colaborar com a preservação das espécies, quando as árvores crescerem os donos podem consumir os frutos e até mesmo vendê-los. Ele iniciou o projeto em junho deste ano após sonhar que criaria o projeto.
“Tive um sonho e nesse sonho recebi uma recomendação para plantar árvores frutíferas nos quintais de Rio Branco. Aí conversei com minha filha Márcia e ela gostou da ideia. Ela disse: ‘papai, isso é muito bom, a gente sair plantando árvores’!. Nessa recomendação que eu tive era de que cada árvore frutífera plantada ia expelir da natureza o gás carbônico e devolver ar puro. Então, cada casa que tiver uma árvore frutífera plantada é sinal de que ali terá menos gás carbônico na natureza.”
Desde então, o magistrado diz que já foram plantadas quase 700 mudas em casas de bairros da capital. A ação é 100% financiada por ele, que gasta por mês de R$ 5 mil a R$ 6 mil. As mudas doadas são as mais variadas como: cajú, cupuaçu, graviola, laranja, tangerina, araçá, manga, jabuticaba, biribá, manga rosa, e manga comum.
“Essa ideia nasceu em 12 de junho deste ano e logo depois eu e minha filha conversamos, combinamos, e eu já comecei, formei uma equipe e no dia 20 de junho já comecei a ir de casa em casa pedindo autorização e plantando as mudas nas casas de quem quer, porque algumas pessoas aceitam e outras não, essa é uma das dificuldades do projeto”.
Ele já passou por vários bairros da capital e começou pelo Adalberto Aragão. “Depois fui para a Morada do Sol, depois para a Cadeia Velha, depois vim para o Tropical, que é onde eu moro, depois para a baixada da Colina e para o Alto Alegre. Agora que estou chegando perto das mil mudas, pretendo expandir.”
Seu Heitor sai aos sábados com uma equipe de quatro pessoas, contando com ele. “Não compro muda, inicialmente peguei mudas com o governo, só de caju, porque eles só tinham de caju. Mas, a plantação mesmo fica na minha casa. Preparo as mudas, vou nas casas, vejo quem quer, e planto nos quintais. Aqui em casa é assim, cada fruta que a gente encontra por aí a gente já traz as sementes para plantar e depois distribuir.”
Magistado pretende retornar nas casas seis meses após a distribuição das mudas para ver como as plantas estão
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Acompanhamento do projeto
Seu Heitor fala que tem um controle com o endereço, nome e o tipo de muda que plantou em cada casa para, após seis meses, ele e sua equipe voltarem ao local para acompanhar o crescimento das árvores.
“Sei em que casa plantei cada muda, o endereço certo e o nome das pessoas. Quando completar seis meses, pretendo voltar em cada casa em que nós plantamos para verificar se as mudas estão crescendo”, afirma.
Juiz aposentado Heitor Andrade Macêdo, de 82 anos, é motivo de inspiração
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Por isso é que agora ele sonha alto e pretende expandir o projeto para poder chegar à marca de 10 mil mil mudas plantadas e atingir todos os bairros de Rio Branco.
“Depois pretendemos incluir no projeto um agrônomo, porque ele é quem vai verificar se as plantas estão crescendo, se as plantas não pegaram doença. Quando já tiverem mais ou menos com um metro e meio de altura ele vai ter que podar para não ficar muito grande, principalmente as mangueiras, que elas crescem muito, por isso a necessidade de um profissional, mas para isso precisamos de apoio”, complementa.
O jornalista Walcimar Júnior mora no bairro Morada do Sol e é um dos que receberam seu Heitor em casa e aprovou a iniciativa do magistrado. “Gostei bastante, eles estavam batendo de porta em porta oferecendo as mudas das plantas e eu aceitei”, disse.
O jornalista Walcimar Júnior é um dos que recebeu seu Heitor em casa e aprovou a iniciativa do magistrado
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Grande incentivadora do pai
A professora da Universidade Federal do Acre (Ufac) Márcia Verônica Ramos de Macêdo, de 56 anos, é uma das grandes incentivadoras do pai. Ela conta que após ele se aposentar tem ajudado ele a se envolver em vários projetos sociais para que ele se mantenha ativo.
“Desde quando ele se aposentou já foram vários projetos em que ele se envolveu e sempre com o meu apoio. Acho que ele tem muito vigor e muita coisa boa para dar às pessoas, amor e muito mais. Já fez uma biblioteca na casa dele aberta ao público, já foi para o Educandário ler para crianças carentes e agora esse de arborizar a cidade.”
Ela fala que quando ele a procurou, não pensou duas vezes em apoiar o pai. “O projeto aconteceu assim, no Dia dos Namorados deste ano ele foi lá em casa e a gente começou a conversar, aí ele disse que tinha tido um sonho com esse projeto e que era para ele ter a missão de plantar mil mudas visando a alimentação das pessoas e o reflorestamento.”
Ela fala da admiração pelo pai e que ele sempre tem ideias inovadoras. “Ele já está chegando na faixa das 700 mudas e agora quer distribuir 10 mil. Meu pai tem 82 anos, é diabético, têm comorbidades, esses dias sofreu uma queda, caiu e está com o fêmur quebrado, mas, mesmo assim, ele não para, tem cede de vida”, fala, orgulhosa.
A professora criou o projeto de extensão Sementes de Leitura e cidadania: plantar para colher, que atende alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Escola Estadual Elozira Tomé. A atividade produz receitas culinárias de frutas regionais, planta árvores no bairro Alto Alegre. Ela diz que com apoio da equipe técnica da escola e de quatro bolsistas de extensão.
“No dia 15 de dezembro, às 19h, nós vamos fazer uma feira cultural, de nome ‘Sementes de Leitura e Cidadania’, na escola e todos estão convidados. Meu pai faz parte da equipe de apoio desse projeto. Contamos ainda com apoio do Instituto Soka Amazônia, de Manaus, que ministrou três palestras para os alunos dos módulos 2 e 3 da EJA, e meus orientandos do Pibic, Pibid, mestrandos e professores referentes, em uma média de 70 pessoas por palestra.”
Diretoria da ONG Árvores Frutíferas
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ONG ‘Árvores Frutíferas’
Nesta sexta-feira (18) está sendo criada oficialmente a ONG “Árvores Frutíferas”, que tem como finalidade plantar mudas de árvores gratuitamente nos quintais das casas da capital acreana com o consentimento dos donos. A ação quer contribuir para o cultivo de gás puro na atmosfera e a eliminação do gás venoso. Além disso, após o crescimento das árvores, fazer com que as pessoas possam consumir mais frutas e possam até vendê-las.
“O grande idealizador da ONG é, claro, é o meu pai Heitor Macêdo, ex-magistrado, estudioso e grande apreciador do meio ambiente. A gente fez um projeto de extensão e hoje vai ter a fundação da nossa ONG Árvores Frutíferas. A ideia veio após ele chegar perto do objetivo inicial, que era plantar mil mudas, e agora ele quer expandir para 10 mil e chegar a todos os bairros de Rio Branco. Mas, para isso, é necessário dinheiro e como ele arca com todas as despesas sozinho, resolvemos criar a ONG para podermos ter ajuda’, explica.
Com a ONG, o juiz aposentado pretende além de conseguir levantar mais recursos para plantar mais mudas, fazer com que as as pessoas fiquem mais seguras quando ele chegar nas casas pedindo para entrar e plantar.
“Algumas pessoas rejeitaram porque não sabem do que se trata o projeto, nós explicamos que é grátis, que não precisa pagar. O projeto inicial era plantar mil mudas. Mas, como Rio Branco tem 300 bairros, precisamos cobrir os 300 bairros, acredito que a gente vai plantar mais de 10 mil mudas. Para isso é que nós estamos criando a ONG, porque nós não temos recurso para tanto. Então, estamos criando a ONG para ver se a gente consegue convênio com o governo, com a prefeitura, para ajudarem a fornecer recursos. Para seguirmos em frente, vamos precisar futuramente de um caminhãozinho, de uma sede e de uma área grande para plantar as árvores.”
Questionado se o projeto dá trabalho, o juiz aposentado fala que é um prazer ajudar o próximo e poder contribuir de forma positiva para ajudar o meio ambiente e conscientizar as pessoas.
“Eu queria deixar aqui um recado para as pessoas que quando me virem batendo na porta da sua casa me deixem entrar que o que eu quero é plantar amor, melhorar o meio ambiente e deixar o meu recado’, finaliza.
Juiz aposentado cria projeto para plantar mil mudas de árvores em casas na capital
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