Desmatamento na Amazônia bate 10 mil km² no ano e alcança a área no PA que é maior ‘bloco’ protegido no mundo, diz Imazon


O período de janeiro a outubro deste ano representa o segundo pior acumulado de desmatamento dos últimos 15 anos. Garimpo dentro da Flota do Paru.
Havita Rigamonti/Imazon/Ideflor
De acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), de janeiro a outubro deste ano foram derrubados quase 10 mil km² da floresta amazônica. Isso equivale a mais de seis vezes o tamanho da cidade de São Paulo.
Os dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) também apontam que esse foi o segundo pior acumulado dos últimos 15 anos, sendo apenas 0,5% menor do que o mesmo período em 2021.
A 5° unidade de conservação mais desmatada na Amazônia em outubro foi a Floresta Estadual do Paru, que ganhou repercussão internacional após uma expedição, em setembro, ter encontrado a maior árvore da Amazônia: um angelim-vermelho de 88,5 metros de altura e 9,9 metros de circunferência. A floresta também é parte do maior bloco de áreas protegidas do mundo, no Norte do Pará.
“É uma área importante para conter as mudanças climáticas e possui um potencial enorme de ecoturismo e extrativismo vegetal, podendo gerar renda com a floresta em pé”, afirma Jakeline Pereira, pesquisadora do Imazon e conselheira da Flota do Paru.
Somente o Pará foi responsável por desmatar 351 km² em outubro, 56% do que foi registrado em toda a Amazônia. Destruição que tem invadido áreas protegidas do estado, onde estão sete das 10 unidades de conservação e quatro das 10 terras indígenas mais desmatadas em outubro.
A árvore mais alta da Amazônia brasileira é da espécie Angelim Vermelho e está localizada na Floresta Estadual do Parú, no Pará
Tobias Jackson/Divulgação
O território Apyterewa, que vem sofrendo mensalmente com a invasão de desmatadores ilegais, concentrou 46% do total de floresta destruída dentro das terras indígenas da Amazônia.
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Efeito estufa
A dificuldade em refrear o desmatamento implica em maior emissão de gases do efeito estufa, que tiveram no ano passado a maior alta em quase duas décadas. Atualmente, o Brasil é o quinto maior emissor do mundo.
Conforme o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima, a Amazônia é a região responsável por 77% das emissões causadas pela mudança no uso da terra.
Para Bianca Santos, pesquisadora do Imazon, é evidente a relação entre perda de floresta e o aumento do sistema global. Isso porque entre os dez municípios brasileiros que mais emitem gases do efeito estufa, oito estão na Amazônia, de acordo com o SEEG.
“O segundo município que mais emite no Brasil é São Félix do Xingu, no Pará, que no mês de outubro ficou em terceiro lugar no ranking dos mais desmatados na Amazônia.”, afirma Bianca Santos, pesquisadora do Imazon.
Degradação florestal
Outro problema apontado pelo monitoramento do instituto foi a alta na degradação florestal causada pelas queimadas e pela exploração madeireira. Esse dano ambiental passou de 537 km² em outubro de 2021 para 1.519 km² no mês passado, um aumento de 183%. Entre os estados, os maiores responsáveis pela degradação foram Mato Grosso (74%) e Pará (19%).
Os incêndios oferecem risco à saúde pública, além de aumentarem a emissão de gases do efeito estufa.
“Existem diversos estudos que associam a fumaça proveniente das queimadas da Amazônia com problemas respiratórios, o que afeta mais gravemente idosos e crianças. E isso não se limita apenas à população amazônica, já que essa fumaça viaja por quilômetros no ar até chegar a outras regiões do Brasil”, finaliza Bianca.
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