Qual o efeito da passagem do vinho por madeira?


Toneis e barricas conferem complexidade de aromas e sabores A relação entre vinho e madeira está em constante evolução. Nos últimos anos, por exemplo, a tendência aponta para bebidas com menos interferência da madeira, o que explica a difusão de recipientes de concreto, mais neutros, para o amadurecimento.
Após décadas em que os vinhos amadeirados dominaram o gosto do público e dos críticos – sobretudo do norte-americano Robert Parker, que influenciou na produção deste tipo de bebidas gerando uma tendência que foi apelidada de parkerização dos vinhos –, os consumidores estão redescobrindo rótulos mais frutados.
Além de cubas e ovos de concreto, voltaram à cena também os toneis de carvalho com capacidade de milhares de litros, após uma fase dominada pelas pequenas barricas de 225 litros, que conferem mais aromas e sabores amadeirados ao vinho por oferecerem maior superfície de contato.
Mas, apesar das mudanças, a madeira continua uma importante aliada para produzir grandes rótulos com potencial de guarda, sobretudo tintos e, em medida menor, brancos. Por serem mais leves e delicadas, as uvas brancas correm o risco de serem dominadas pelas notas da madeira.
Esses aromas, chamados genericamente de amadeirado, na verdade se traduzem em notas que podem ser identificadas com clareza no nariz: baunilha, alcaçuz, tabaco, defumado, cacau, coco e açúcar queimado, e café são os mais comuns. Elas podem ser bem presentes ou discretas.
Vários fatores interferem na intensidade, a começar pelo grau de tostagem do barril, que vai de leve a forte. O tempo de contato do vinho com a madeira é, com certeza, um dos aspectos mais cruciais e, ao contrário do que se possa pensar, uma exposição curta tende a extrair aromas de baixa qualidade.
Já um contato prolongado permite o desenvolvimento de aromas agradáveis, não tanto pelo material do recipiente em si, mas pelas mudanças químicas e físicas que ocorrem na bebida durante o período. Além disso, o oxigênio filtra pelas aduelas fazendo com que a micro oxigenação amacie o vinho.
Vinhos com passo por madeira têm um valor agregado maior e são naturalmente mais caros. Em primeiro lugar porque as barricas têm um custo de produção alto e, geralmente, depois de três usos deixam de ter aromas para transferir ao vinho e se tornam nada mais do que recipientes inertes. Em segundo, porque o vinho fica armazenado na vinícola, tonando-se um capital parado por anos a fio.
Muito comuns nas regiões de Borgonha, Bordeaux e Rioja, as barricas de carvalho de 225 litros nasceram porque podiam ser empurradas por um homem só ou carregadas facilmente por dois. Elas dominaram o processo de envelhecimento do vinho nas últimas décadas.
A revolução do Barolo, nos anos 1980, por exemplo, se deu justamente quando uma geração de jovens vitivinicultores do Piemonte, na Itália, trocou os grandes toneis que faziam parte da tradição secular da região por pequenas barricas que tornavam a bebida mais redonda e palatável.
O carvalho é a madeira mais usada no mundo inteiro com essa finalidade, embora amoreira e castanheira sejam eventualmente usadas em algumas regiões. Os tipos de carvalho mais empregados na construção de barris são o francês, o americano e o da Eslavônia, região da Croácia e, segundo entendidos no assunto, há sutis diferenças entre eles.
Nem todas as uvas são adequadas ao envelhecimento em madeira. Entre as brancas, a Chardonnay é uma das poucas que se presta bem e isso explica porque muitos vinhos elaborados com essa uva apresentam notas amadeiradas.
Os vinhos tintos, elaborados em contato com as cascas das uvas que conferem mais taninos e estrutura à bebida, têm uma tendência maior ao envelhecimento em madeira. Claro que um Beaujolais (vinho francês jovem e leve elaborado com a Pinot Noir) não resistiria ao contato com madeira, já outras castas têm muito a ganhar com o amadurecimento.
É o caso do Malbec argentino, do Tempranillo espanhol, dos cortes bordaleses (Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc), das italianas Nebbiolo e Sangiovese e da Pinot Noir na Borgonha, só para citar alguns exemplos.
Gosta de vinhos amadeirados? Confira uma seleção de rótulos de diversos países que integram bem os aromas primários da fruta e os secundários da passagem por barrica.
Carolina Reserva Chardonnay
Este branco chileno de excelente custo-benefício apresenta aromas cítricos e de peras cozidas. No paladar, possui textura macia, acidez balanceada e um final equilibrado. Aproximadamente 40% do vinho fermentou em barricas antigas, posteriormente amadureceu 6 meses em carvalho francês. Ideal para acompanhar massas, peixes untuosos, frutos do mar ensopados, carnes brancas e vitela.

Carolina Reserva Chardonnay
Marqués de Tomares Crianza Rioja Branco
Vinho branco elaborado na DOCa (Denominação de Origem Qualificada) Rioja, na Espanha, com as uvas Viura (70%) e Garnacha Branca (30%). Amadureceu em barrica de carvalho francês por 6 meses e apresenta aromas de frutas brancas como peras, ervas e toques de baunilha. É seco e sedoso. Excelente como aperitivo, também acompanha pratos à base de frutos do mar e culinária peruana.

Marqués de Tomares Crianza Rioja Branco
Ceppaiano Violetta IGT Toscana
Elaborado com as uvas Sangiovese (90%) e Cabernet Sauvignon (10%), este tinto italiano apresenta aromas complexos com notas de frutas, menta, alcaçuz, carvalho e café torrado. Em boca, é untuoso e possui longo final. A arte do rótulo foi inspirada no trabalho da artista Violetta Viola. Amadureceu por 12 meses em barricas de carvalho francês e acompanha massas, especialmente com molhos picantes.

Ceppaiano Violetta IGT Toscana
Château Haura
Corte de Cabernet Sauvignon e Merlot, este tinto assinado pela vinícola bordalesa Denis Dubourdieu apresenta aromas de frutas vermelhas e negras frescas, acompanhadas de notas de especiarias. No paladar, é encorpado e macio. Amadureceu por 12 meses em barricas de carvalho e acompanha carnes vermelhas, risotos de funghi ou queijo e massas com molhos untuosos.

Château Haura
Tons de Duorum
Um vinho do Douro, em Portugal, de excelente custo-benefício com aromas de frutas vermelhas maduras e leve toque floral. Em boca, possui boa acidez, taninos macios e maduros, além de um final longo. Estagiou em barricas de carvalho francês durante 6 meses e acompanha carnes vermelhas e massas com molhos intensos.

Tons de Duorum
Carolina Reserva Carmenère
Um tinto chileno de ótimo custo-benefício que envelheceu por 8 meses em barrica de carvalho francês. Na degustação, tem aromas de frutas escuras, especialmente de cereja, além de notas de café e chocolate. Em boca, é encorpado, tem boa acidez e taninos redondos. Ideal para acompanhar carnes vermelhas, massas e cozinha mediterrânea.

Carolina Reserva Carmenère
Nuestro 8 meses DO Ribera del Duero
Produzido com a uva Tempranillo na Denominação de Origem Ribera del Duero, este tinto se encaixa na categoria Roble, pois tem 6 meses de envelhecimento em barrica. Seus aromas são de frutas vermelhas intensas, ervas aromáticas e notas de cacau. No paladar, é elegante e bem estruturado, ideal para acompanhar pizzas, massas com molhos vermelhos e carnes vermelhas magras.

Nuestro 8 meses DO Ribera del Duero
Nuestro 15 meses Crianza DO Ribera del Duero
Com 15 meses de amadurecimento em barricas de carvalho francês e mais 15 meses de descanso em garrafa, este tinto entra na classificação Crianza. No nariz, apresenta aromas de frutos vermelhos maduros, com toques de cacau e alcaçuz e notas minerais. Em boca, é muito saboroso, estruturado e com excelente equilíbrio entre frutas e acidez. Perfeito com carnes vermelhas em geral e queijos maturados.

Nuestro 15 meses Crianza DO Ribera del Duero
Nuestro Reserva 20 meses DO Ribera del Duero
Assinado pelo enólogo Isaac Fernández Montaña, este tinto Reserva é elaborado com uvas oriundas dos vinhedos de San Juan de, aproximadamente, 70 anos, localizados em altitudes média de 900 metros. Apresenta aromas de frutas vermelhas, café, cacau e alcaçuz, com notas minerais. Em boca, é poderoso, complexo e muito agradável. Possui perfeito equilíbrio entre frutas e madeira.
A fermentação ocorre em barrica de carvalho francês. Amadureceu 20 meses em barricas francesas e descansou mais 18 meses em garrafa antes da comercialização. Acompanha carnes de caça e condimentadas.

Nuestro Reserva 20 meses DO Ribera del Duero
Marqués de Tomares Gran Reserva
Elaborado com as uvas Tempranillo (90%), Graciano (7%) e Viura (3%). Apresenta aroma elegante e complexo de baunilha, frutas maduras e toques de torrefação. Em boca, é encorpado, muito bem estruturado, potente, persistente e com taninos maduros.
Amadureceu em barrica de carvalho americano por 30 meses, seguido de 36 meses de descanso nas garrafas antes de ser comercializado.
Combina especialmente bem com carnes vermelhas e caça com molhos fortes.

Marqués de Tomares Gran Reserva

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