Boletim inédito revela dados sobre saúde, expectativa de vida e violência na população negra em Campinas; veja indicadores


Números coletados correspondem ao período de análise de 2018 a 2022 e mostram que a população negra é a que mais sofre em relação a acesso ao sistema de saúde. Estudo vai indicar ações. População negra que vive em Campinas enfrenta diversos problemas de vulnerabilidade social
Um boletim inédito divulgado pela Prefeitura de Campinas (SP) nesta sexta-feira (27) aponta dados relacionados à saúde da população negra. De acordo com o governo municipal, o material tem o objetivo de auxiliar na elaborações de ações de inclusão na perspectiva da preservação racial e do antirracismo na gestão e assistência à comunidade.
Os números coletados correspondem ao período de análise de 2018 a 2022 e mostram que a população negra é a que mais sofre em relação a acesso a saùde e violência. A expectativa de vida também é menor em comparação com a população branca.
O boletim é fundamentado em dados de cadastros de prontuários da rede pública municipal e informações que englobam também o setor privado, como violência, declarações de nascidos vivos e óbitos. Veja abaixo todos os indicadores.
As estatísticas registradas pelas equipes de Saúde da Família e de Atenção Primária da cidade apontam que 62,3% da população de Campinas se autodeclara branca e 34,8% se considera negra e parda.
Concentração nos distritos de saúde 📌
A maior população negra de Campinas está concentrada em distritos de saúde das áreas com maior vulnerabilidade social:
Noroeste (distrito de Campo Grande) – 42,8%
Sudoeste (distrito de Ouro Verde e região de Viracopos) – 38,3%
Sul (São Bernardo, Jardim do Lado, Campo Belo) – 37,4%
Apesar do avanço dos Sistemas de Informação em Saúde (SIS) no SUS para coleta do quesito raça/cor em prontuários, a prefeitura avalia que é preciso incentivar a melhoria do item para análise dos determinantes sociais de saúde, “uma vez que informações adequadas também são essenciais para salvar vidas”.
“Quando a gente olha para esse tipo de dado a gente consegue ser muito cirúrgico para realmente melhorar a saúde da população negra. Isso tem que ser uma política recorrente e não olhar só para a saúde mais para qualquer tipo de desigualdade para melhorar a vida da população negra”, disse Andrea Von Zuben, diretora da Vigilância Epidemiológica de Campinas.
População negra é a que mais sofre em acesso à saúde em Campinas, diz estudo
Reprodução/EPTV
Expectativa de vida/População com 60 anos ou mais 📌
População negra: 8,2%
População branca: 14,3%
“As condições de vida e o acesso à saúde são determinantes importantes na diminuição da mortalidade precoce por doenças evitáveis”, diz trecho do boletim.
Proporção de nascimentos 📌
População branca: 58,9%
População negra: 40,6%
Violência 📌
Entre as 10.539 notificações de violências registradas de 2018 a 2022, 43,5% (4.588) foram sofridas por pessoas declaradas negras. O alerta sobre a relação entre violência e saúde fica evidente pelo fato de que a população negra de Campinas é menor do que a branca.
“O número de notificações de violência é maior na população geral com faixa etária entre 10-19 anos (26,13%), concentrando-se em crianças e adolescentes negros (1.312; 12,45%)”, informa outro trecho do estudo.
‘Não está brincando’
A dona de casa Luciana Rezende afirmou que passou por muitas dificuldades relacionadas à assistência de saúde em Campinas por ser negra.
“Eu cheguei no SUS com um monte de exame e o médico disse que não ia me atender se não ele não saíria de lá hoje. O que precisa é dar mais atenção ao indivíduo porque ele está ali e não está brincando”, disse.
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