Delegado diz que biomédica indiciada por morte de paciente ameaçou testemunhas e pede que vítimas procurem a delegacia


Delegado Marcelo Nunes indiciou Lorena Marcondes por homicídio doloso após morte de Íris Martins, em maio deste ano. Defesa nega e diz que provará inocência da profissional. Biomédica Lorena Marcondes
Reprodução/Instagram
A biomédica Lorena Marcondes, indiciada pela morte de Íris Martins, em Divinópolis, ameaçou as testemunhas ouvidas pela Polícia Civil durante o processo de investigação do caso. De acordo com o delegado Marcelo Nunes, há provas que ela tentou intimidar as vítimas, inclusive usando as redes sociais para chegar até as testemunhas.
O delegado orienta que outras possíveis vítimas da biomédica não tenham medo e procurem a delegacia para denunciar.
“Ela fazia operações inclusive em Nova Lima. Temos relatos de pessoas que pagaram R$18, R$19 mil para dezembro já, e é muita gente. Então quem foi vítima tem que procurar a delegacia para denunciar”, completou.
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Lorena foi indiciada por homicídio doloso qualificado pelo motivo torpe e pela traição com dolo eventual pela morte de Íris Martins após uma lipoaspiração feita em 8 de maio deste ano.
“Motivo torpe, pois ela somente visava lucro. Outra qualificadora, chamada traição, porque ela enganava os pacientes que depositavam confiança nela. Ela falava que não era um procedimento cirúrgico e estava realizando cirurgias de alto porte ali”.
Ao g1, o advogado de Lorena, Tiago Lenoir, disse que a biomédica nunca ameaçou nenhuma testemunha e essa discussão já foi levada ao juiz responsável pelo processo, que indeferiu o pedido da acusação de nova prisão preventiva. E desde essa decisão, Lorena não utilizou as redes sociais para tecer qualquer comentário sobre o caso.
“Ela e sua família estão sendo massacrados de forma totalmente indevida e proveremos sua inocência de forma técnica ao longo do processo”.
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O que diz Tiago Lenoir, advogado de defesa de Lorena Marcondes
“Recebi com uma certa surpresa esse indiciamento da Polícia Civil por dolo eventual, por homicídio doloso, e com certo absurdo, com todo respeito ao delegado de polícia, ao ele dizer que houve qualificadoras dessa ação praticada pela Lorena. Primeiro que, durante a coletiva de imprensa, eles cercearam aos jornalistas algumas informações que são muito importantes para a elucidação deste caso, que obviamente a defesa vai explorar ao longo do processo.
Em momento algum, eles reforçaram que a clínica da Lorena é uma clínica legal, que tinha todos os alvarás de fiscalização em dia e que a Lorena é uma biomédica e, como biomédica, ela pode praticar determinados procedimentos. O primeiro deles é a utilização de um líquido, chamado líquido Klein, que é utilizado para anestesiar um volume maior de uma região do corpo. Ele é composto por um soro, bicarbonato e lidocaína. Esse líquido é usado por todos os profissionais da estética, sobretudo pelos biomédicos. O médico-cirurgião, àquele que faz a lipoaspiração, ele faz uma anestesia, que é local ou geral, que é completamente diferente desse líquido Klein. O simples fato da vítima ter 12 pertuitos, que são pequenas inserções na região subcutânea, demonstra que não houve lipoaspiração.
Uma lipoaspiração é um procedimento muito complexo, o qual o médico faz quatro furos enormes e utiliza cânulas enormes e uma máquina enorme para fazer a aspiração dessa gordura. E nenhum profissional da Polícia Civil que deu a entrevista coletiva hoje, seja o legista, a perita ou delegado, informa se foram encontradas na clínica da Lorena essas cânulas enormes de lipoaspiração. Eles cercearam para a população e para os jornalistas a diferença de um lipolaser para uma lipoaspiração.
A lipoaspiração requer uma anestesia complexa, uma equipe médica complexa e um local complexo para fazer isso. No caso da biomedicina, eles podem, sim, utilizar o laser para fazer o procedimento estético. E aí tem, sim, que fazer esses pequenos pertuitos, que a Lorena já tinha realizado em diversas pessoas, para passar um fio de laser para fazer esse procedimento, que é autorizado pela biomedicina, que é utilizado nesses pertuitos subcutâneos. A própria perita contou que encontrou cânulas de 15 a 10 centímetros, justamente cânulas pequenas, para fazer essas pequenas incisões. Ou seja, não encontraram nenhuma máquina de lipoaspiração.
E outra, como que uma pessoa que supostamente assume o risco de matar, presta os primeiros socorros para a vítima e fica lá até o final, inclusive ela foi presa em suposto flagrante delito. Logo que a vítima passou mal, a Lorena acionou uma equipe médica, que chegou com menos de dois minutos e começou a fazer as massagens cardíacas. A própria clínica da Lorena que fez o contato com o Samu para chegar e fazer todos os procedimentos. E obviamente a paciente teria várias hemorragias internas, pois ela foi massageada por mais de uma hora, seja pelo Samu ou pelos médicos que chegaram antes na clínica. (…) E, curiosamente, o prédio onde fica a clínica da Lorena, que inclusive o Ministério Público está estabelecido lá, não comporta uma maca de Samu. Qualquer pessoa que for ao prédio, verá que o elevador é muito estreito, pequeno e não comporta uma marca do Samu. Porém, a paciente saiu viva da clínica da Lorena e foi falecer mais de 10 horas depois no hospital.
Então, o que eu percebo da Polícia Civil é que eles encontram um suspeito e vão atrás de um culpado, sem analisar os diversos ângulos que devem ser analisados com toda seriedade para a busca da verdade. Isso, obviamente, a defesa vai explorar no âmbito judicial, caso o Ministério Público denuncie a Lorena pelo que a Polícia Civil está demonstrando”.
Imagens mostram chegada de Íris Martins e movimentação na clínica de Lorena Marcondes
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