Lobo-guará é fotografado durante passarinhada em Iracemápolis; saiba mais sobre a espécie


Funcionário do Parque Estadual das Varzeas do Rio Ivinhema também fez um registro do animal, no Mato Grosso do Sul. Quando Rosa Yumiko saiu em busca de fotos do soldadinho (Antilophia galeata) no último domingo (29), em Iracemápolis (SP), não imaginou que voltaria com nada mais que isso. Além das aves, a aposentada de 70 anos voltou com registros muito especiais de um mamífero, o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus).
“É muito legal, nossa foi uma emoção tão grande, não sei como consegui fazer foto. E ele chegou tão perto, tão perto”, relembra ela.
De acordo com Rosa, o animal foi avistado por volta das 19h30. Neste dia, ela estava passarinhando em uma área de canavial, na companhia dos amigos Drika Prado e Fernando Pinotti, além do fotógrafo e guia Tiago Degaspari.
Lobo-guará encontrado em Iracemápolis (SP)
Rosa Yumiko
Rogério Cunha de Paula, biólogo e coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (CENAP) do ICMBio, não é possível afirmar a idade e sexo do animal apenas pelas imagens, que não mostram a dentição e nem genitália dos animais.
Segundo ele, “lobos não tem dimorfismo sexual por porte, pelagem ou outra característica física além dos órgãos sexuais. Pode-se estimar idade pela dentição, se ela é aparente nas fotos, e dependendo da posição da cauda, é possível revelar a genitália e saber o sexo”, relata.
Outro registro interessante da espécie foi feito pelo funcionário Dione Sales, no Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema, no Mato Grosso do Sul, nesta segunda-feira (30). No momento do vídeo, feito por volta das 15h30, o lobo-guará estava em meio a uma caçada.
A espécie
Segundo informações do Instituto Pró Carnívoros, o lobo-guará habita áreas de vegetação aberta incluindo campos, cerrados e florestas de cerrado. São encontrados ao longo da América do Sul Central, desde o nordeste do Brasil até o norte do Uruguai.
A espécie é onívora e sua dieta incorpora uma grande variedade de itens, que variam de acordo com a estação do ano. Além de comer frutos, o lobo também se alimenta de pequenos mamíferos, aves, insetos e répteis.
Com pelagem de um vermelho-dourado forte e longos pelos pretos em forma de crina, os lobos-guará são animais territorialistas, e embora dividam o mesmo espaço físico, casais da espécie raramente entram em contato, exceto durante a estação reprodutiva.
Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) registrado em Iracemápolis
Drika Prado
Durante esse período, ambos emitem vocalizações características. São monógamos facultativos, já que os machos não são absolutamente necessários para cuidar dos filhotes, e comumente mantém o mesmo casal. Na maioria das vezes, pai e mãe cuidam dos filhotes juntos até os 4 meses, depois revezam nos cuidados.
São solitários, no geral. Rogério explica que o casal permanece junto entre 3 e 4 semanas durante o período reprodutivo, que ocorre do meio de fevereiro a início de abril. Depois se encontram novamente se a fêmea tem filhotes.
“Só vivem em família até um ano, no máximo um ano e meio depois dos filhotes. A partir de uns 10 meses, já não ficam tão juntos com os pais. Não formam grupos sociais mas têm muita interação social a distância, por meio de feromônios na urina, fezes e pela comunicação vocal”, conta.
Para quem tinha dúvidas, o biólogo explica que não existe comprovação científica de que os lobos-guará se alimentam de fruta-do-lobo (Solanum lycocarpum) para eliminar vermes. O que se sabe é que comem grandes porções da fruta, para as quais o animal é o principal dispersor de sementes.
Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus)
Drika Prado
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