‘Dr. Bumbum’ tinha diploma, mas não podia trabalhar como cirurgião plástico: saiba contratar um médico com segurança


Cirurgia ilegal feita por médico sem especialização acabou em morte de paciente na Barra da Tijuca, no Rio. Ele é réu em mais de 10 ações.
Denis Cesar Barros Furtado, o Dr. Bumbum
Reprodução/Instagram
Um procedimento feito pelo médico Cesar Barros Furtado, conhecido como Dr. Bumbum, resultou na morte da paciente Lilian Calixto, de 46 anos. Com mais de 650 mil seguidores, ele não tinha CRM na cidade do Rio de Janeiro – a cirurgia foi feita em um apartamento na Barra da Tijuca – e é réu em mais de 10 ações.
Mas, então, como descobrir que um médico é confiável?
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), o sinal mais claro e também problemático da história é o local onde a cirurgia foi feita.
“Isso é bizarro. Isso vai contra qualquer princípio mínimo da medicina”, disse o presidente da SBPC, Niveo Steffen.
Segundo os médicos, um procedimento, mesmo que seja um preenchimento minimamente invasivo, precisa ser feito em um ambiente preparado, um hospital ou um centro cirúrgico com aparelhamento para qualquer problema que precise de atendimento profissional em uma emergência.
“Não pode fazer em nenhuma estrutura que não seja um consultório equipado, uma clínica, ou um hospital. Não pode em apartamento, nem em cabeleireiro, nem em centro de estética”, disse Francesco Mazzarone, diretor do Serviço de Cirurgia Plástica da Santa Casa.
Antes de marcar a cirurgia e garantir se ela será feita em ambiente seguro, é importante ficar atento à formação do médico.
“A formação do cirurgião plástico na verdade é de 11 anos. Nós temos 6 anos de faculdade de medicina, mais 2 anos de cirurgia geral e depois mais 3 anos de estudo da especialidade”, disse Steffen.
Lilian Calixto morreu após procedimento com ‘Dr. Bumbum’
Reprodução/TV Globo
“Muito fácil uma pessoa fazer um curso de um fim de semana e sair por aí fazendo procedimento”, explicou. “Um especialista que tem a formação de antemão sabe que a aplicação de um produto intramuscular tem chance de embolia muito alta, entre outras coisas importantes”.
A SBCP informou que disponibiliza em seu site, Facebook, e-mail ou telefone uma consulta para saber quando um médico é credenciado. Além disso, é possível pedir o CRM do profissional e checar no Conselho Regional de Medicina de cada estado para saber a situação do profissional.
E as redes sociais?
Mesmo com milhares de seguidores, Furtado não tinha especialização na área nem CRM para atuar no Rio de Janeiro. Como desconfiar?
Médico tem 645 mil seguidores no Instagram
Reprodução / Rede social
“Antes de sermos cirurgiões plásticos, nós somos médicos. Como médicos, nós temos um código de ética que precisa ser respeitado, independente da especialidade”, disse Steffen.
“Acho que o médico pode ter redes sociais. O que não pode é ter um Instagram como uma maneira de comunicação para o profissional vender o seu produto, ou fazer sensacionalismo, ou mostrar pré e pós operatório de paciente”.
Como checar a conta de um médico nas redes sociais:
Médicos não devem colocar propagandas de cirurgias e terapias, porque os procedimentos precisam de uma avaliação para ver se ele são recomendados para cada paciente
Médicos não devem colocar fotos de “antes e depois”, já que estão proibidos de divulgar pré e pós operatório de pacientes pelo código de ética
Médicos podem dar dicas de prevenção para doenças, se tiverem formação para tal, e que tenham comprovação científica
O ideal é entrar em contato e pedir o CRM para checar o ‘status’ do profissional
Os médicos não podem mostrar dicas de como fazer procedimentos
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