Escamas e couro de peixe são reaproveitados e viram artesanato na Fenearte


Associação de Petrolândia confecciona sapatos com couro de tilápia. Já as escamas são utilizadas para criar acessórios, em ateliê do Recife. Brincos são produzidos com escama de peixe, na Fenearte
Penélope Araújo/G1
Não é só de materiais como cerâmica, madeira, metal e fibra que é feita a 19ª Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte), em Olinda. Entre as peças expostas na feira, até mesmo escamas e couro de peixe se transformam em matéria prima para criar sapatos, acessórios e itens de decoração. A atividade garante renda para dezenas de famílias, por meio de associações de artesãos.
É o caso da associação Café Com Arte, do município de Petrolândia, no sertão pernambucano. O grupo reúne cerca de vinte artesãos, que produzem sapatos com couro de tilápia. “Na nossa cidade, temos muitos criadouros de tilápia e é de lá que o couro vem. Depois que se tira a pele do peixe, ela passa por vários processos até ser transformada em couro. A gente já pega o couro pronto para produzir”, explica a artesã Fernanda Santos.
Modelo tradicional de sandália foi batizada de ‘Xô Peixe’
Penélope Araújo/G1
No estande da associação, que participa da Fenearte há 14 anos, há produtos entre R$ 10 e R$ 130, entre sandálias rasteiras e de salto e sapatos tradicionais, como o modelo ‘Xô Boi’, popular no interior nordestino. “A Xô Boi mais famosa é de couro de bode. Como a nossa é de tilápia, batizamos de Xô Peixe”, brinca a também artesã Gilmara Dias, pontuando ainda que o modelo mais vendido é o salto alto.
Outra forma de reaproveitar os resíduos dos pescados é através das escamas dos peixes – atividade que é realizada pelo ateliê Flor do Mar, criado há 13 anos pela artesã e empresária Cleide Cunha. Trabalhando em parceria com uma associação de artesãos no Recife, Cleide produz itens como acessórios e peças de decoração.
Artesã Cleide Cunha leva ateliê Flor do Mar para Fenearte
Penélope Araújo/G1
“É tudo feito com escama, de diversos peixes. Nós recolhemos a escama em mercados públicos e preparamos o material para distribuir para os artesãos. Depois, é com eles”, explica Cleide. Antes de serem utilizadas para o artesanato, as escamas passam por um preparo, envolvendo a lavagem com uma solução bactericida, tingimento e secagem. “Todo esse processo eu mesma fui descobrindo, testando, e acabei desenvolvendo a técnica que hoje utilizamos”, detalha ainda a empresária.
Para a artesã, o trabalho é gratificante. “Além de movimentar a economia local, comprando as escamas, é uma forma de gerar renda para várias famílias. E tudo isso é resíduo da feira, ia para o lixo, e agora não vai mais”, declara.
Artesãs de Petrolândia, Fernanda e Gilmara fazem sapatos com couro de tilápia
Penélope Araújo/G1
A Fenearte segue até 15 de julho, das 14h às 22h nos dias úteis e das 10h às 22h nos finais de semana. De segunda a sexta, a entrada custa R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). Os valores do ingresso para sábados e domingos são R$ 12 (inteira) e R$ 6 (meia). Os tíquetes são vendidos na internet, em pontos descentralizados e na bilheteria do evento.
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