Desejo de infância motiva artesã a criar bonecas de palha


Bonecas com fibra de bananeira e palha de milho são vendidas na Alameda dos Mestres, na Fenearte. Artesã transformou desejo de infância em realidade, criando bonecas de palha
Penélope Araújo/G1
Na Alameda dos Mestres, primeira rua da Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte), bonecas feitas com palha chamam a atenção pelo cuidado e delicadeza. As peças são produzidas pela artesã Vera Brito, de 70 anos, que nasceu e até hoje mora em Vicência, na Zona da Mata pernambucana. Com sua produção de bonecas, feitas com fibra de bananeira e palha de milho, a Mestra Vera gosta de contar que realizou o próprio sonho através da arte.
Quando era criança, apesar de transformar até mesmo caroços de manga em brincadeira, Vera nunca teve uma boneca de fábrica. “A condição financeira da minha família não era muito boa, ninguém podia comprar brinquedos. Então eu sempre tive essa vontade de ter uma boneca para brincar com ela, achava muito bonito”, lembra a artesã.
Bonecas de palha representam sinhás moças, inspiradas nos engenhos de cana-de-açúcar de Vicência, cidade natal da artesã
Penélope Araújo/G1
Para ajudar o pai, que produzia doces artesanais em casa, Vera começou a fazer embalagens em folha de bananeira. Pensou que criar bonecas de palha poderia dar certo e começou a produzir. “Amarrei a palha, decorei e fiz a primeira boneca. Ela era meio feia mesmo, mas quando eu olhava achava linda, porque ela era minha”, relembra Mestra Vera.
As personagens são completamente feitas de palha, desde a base até os detalhes. Para o corpo e os vestidos, a artesã usa fibra de bananeira, retirada do tronco da árvore. Já os detalhes são feitos com palha de milho. “É porque no caso do milho, a palha é mais maleável para fazer coisas pequenas, como as flores que ornam os vestidos”, explica a mestra.
Para confeccionar uma boneca média, Mestra Vera conta que leva cerca de 20 dias, envolvendo todas as etapas de produção, desde o tratamento da palha até a finalização dos detalhes. “Mas faço várias de uma vez só. Eu amo o que faço. É o sonho de ter uma boneca realizado através da arte”, conta.
Vera Brito cria também figuras religiosas, como Santo Antônio e São Francisco
Penélope Araújo/G1
Além de retratar meninas, as bonecas também figuram santos, anjos e sinhás moças, inspiradas pela cultura de engenhos de cana-de-açúcar, que é tradicional na cidade de Vicência e no imaginário da artesã. Objetos decorativos, como flores e quadros, também são produzidos com a fibra.
Na Fenearte, as peças custam entre R$ 10 e R$ 250 e são vendidas na Alameda dos Mestres, espaço dedicado à obra de artesãos pernambucanos. A feira segue até 15 de julho, das 14h às 22h nos dias úteis e das 10h às 22h nos finais de semana. De segunda a sexta, a entrada custa R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). Os valores do ingresso para sábados e domingos são R$ 12 (inteira) e R$ 6 (meia). Os tíquetes são vendidos na internet, em pontos descentralizados e na bilheteria do evento.
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