Parentes de mestres artesãos perpetuam tradição familiar na Fenearte


Famílias pernambucanas herdam técnica do artesanato e expõem obras na Alameda dos Mestres. Netos do Mestre Vitalino acreditam na importância de manter a identidade cultural nas peças
Penélope Araújo/G1
Quem dá as boas vindas aos visitantes da 19ª Fenearte é a Alameda dos Mestres. Com direito a tapete vermelho para os artesãos que criam e mantêm viva a cultura de Pernambuco, o espaço reúne 64 estandes de artistas que produzem com as mais diversas matérias primas. Além dos artesãos presentes na feira, a alameda tem ainda espaço para estandes de famílias, nos quais parentes de grandes mestres mostram seu trabalho e perpetuam tradições pernambucanas no artesanato.
Um dos espaços é dedicado à obra da família Vitalino. O Mestre Vitalino, considerado o precursor da estética do artesanato do Alto do Moura, em Caruaru, além de transmitir sua técnica para centenas de outros artesãos, também a repassou para seus filhos e netos. “Tudo começou com meu avô, que ensinou para o meu pai, e foi com ele que aprendemos a modelar, pintar, criar nossas peças”, explica o artesão Silvio Vitalino Neto.
Juntamente com o artesão Emanuel Vitalino Neto, Silvio é o responsável pelo estande da família na Alameda dos Mestres, espaço que não ficou vazio em nenhum momento neste domingo (8). “Muita gente pede a renovação da arte, mas essa é nossa identidade, e para nós é importante mostrá-la”, pontua ainda Silvio.
Silvio Vitalino Neto está à frente de estande sempre cheio na Alameda dos Mestres
Penélope Araújo/G1
Um dos seguidores do Mestre Vitalino, o Mestre Elias, de Caruaru, também deixou sua obra e sua técnica como herança para a família. “Eu e minha irmã praticamente nascemos sabendo, porque sempre víamos meu pai trabalhando. Depois que ele morreu, em 2014, continuamos produzindo”, explica a artesã Sônia Santos, filha do mestre.
Na Fenearte, a artesã vende peças de R$ 3 a R$ 170, e entre as obras mais famosas estão as telhas decoradas com figuras femininas. “Sabe quando você tem pena de quando algo está acabando? Sou eu com essas telhas, elas estão saindo muito rápido”, detalha Sônia, enquanto embala mais uma venda. “Estão todas lindas. Essa, vou colocar na minha varanda”, dispara a cliente, a empresária Graça Jucá.
O artesão Marcos de Nuca celebra vendas do tradicional leão, criado pelo Mestre Nuca
Penélope Araújo/G1
O artesão Marcos de Nuca, filho do Mestre Nuca, de Tracunhaém, em Pernambuco, também celebra as vendas na Fenearte. “A peça que mais sai é o leão, que é a obra mais conhecida. Nos três primeiros dias já vendemos quase todos, restaram somente os menores. Já peguei inclusive encomendas de leões de um metro de altura, por R$ 1.500”, comemora.
No espaço dedicado à família do mestre na alameda, está à mostra o grande legado do ceramista: peças que são representativas da cultura pernambucana, como os leões, carrancas e pinhas. “Foi meu pai, o Mestre Nuca, quem teve a ideia de criar essas peças. O encaracolado dos personagens, quem fez foi minha mãe. Crescemos vendo ele trabalhar e acabamos aprendendo também”, explica ainda Marcos de Nuca.
Logo na entrada da Fenearte, empresária garantiu obra da artesã Sônia Santos
Penélope Araújo/G1
A Fenearte segue até 15 de julho, funcionando das 14h às 22h nos dias úteis e das 10h às 22h, nos fins de semana. De segunda a sexta-feira, a entrada custa R$ 10 e R$ 5 (meia), enquanto aos sábados e domingos o preço é de R$ 12 e R$ 6 (meia). Os ingressos são vendidos online, em pontos descentralizados e na bilheteria do evento.
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