Mulher reconstrói aréolas de vítimas de câncer de mama depois de sonhar com tatuagem em SC: ‘Realização’


Segundo Mirelli Ventura, iniciativa é inspirada no pai dela, que morreu de câncer de face e queria fazer uma reconstrução. Mirelli atende mulheres vítimas de câncer de mama com o projeto Fênix
Arquivo pessoal
Há nove anos, uma tatuadora e micropigmentadora de Florianópolis usa a tatuagem para reconstruir gratuitamente aréolas de mulheres que tiveram câncer de mama e promover “realização de sonhos” após passarem por mastectomia.
Mirelli Ventura conta que o projeto Fênix, como é chamado, é inspirado no pai dela, que morreu de câncer de face, em 2017, e sonhava em fazer uma reconstrução. A ideia surgiu a partir de um sonho, quando ainda trabalhava apenas com sobrancelhas.
“Comecei a sonhar que estava fazendo aréola. Um dia cheguei na casa do meu pai e contei para ele sobre. Ele botou a mão na cabeça e disse: ‘Mirele, sempre que você tiver um tempinho, ajuda essas mulheres, porque o pai também vai se sentir ajudado'” relata.
Ela conta que atende mulheres que precisaram realizar cirurgia de mastectomia, que consiste na retirada completa da mama para tratamento do tumor. Ela atende cerca de duas mulheres por mês e possui uma fila de espera que varia entre 10 a 20 pessoas.
‘Sonhos são impagáveis’
Apesar de cada sessão custar cerca de R$ 3 mil no mercado, Mirelli não cobra para fazer a reconstrução do mamilo das mulheres que enfrentaram o câncer de mama.
“Não é sobre uma reconstrução de aréola, é sobre a realização de sonhos, e sonhos são impagáveis”, afirma.
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De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), 18.139 mulheres morreram de câncer de mama no Brasil em 2021. Somente em 2023, são esperados 73.610 novos casos. Segundo o Ministério da Saúde, Sul e Sudeste são as regiões que apresentam os maiores índices de morte pela doença.
“Fazendo o projeto todo mês, conheço mulheres que venceram o câncer. É um fôlego para eu acreditar que sim, o câncer tem cura, sim. Ele é curável, sim. As pessoas conseguem ressignificar sua vida e retomar suas histórias”, afirma.
Histórias reais
Patrícia Feijó, de 44 anos, é uma das mulheres que fizeram reconstrução dos mamilos. Diagnosticada com câncer de mama em fevereiro de 2021, a pedagoga diz recuperou a autoestima após a tatuagem.
“Eu digo que Mirelli devolveu o pedacinho que a vida me tirou A autoestima com certeza mudou. A gente se torna mais forte e mais confiante. Foi um anjo que apareceu na minha vida”, fala.
Patrícia Feijó, de 44 anos, é uma das mulheres que realizaram a reconstrução de aréola
Arquivo Pessoal
Já Maira Segantini Bronzi, de 56 anos, passou por cinco cirurgias para o tratamento do tumor desde 2015. Em 2019, encontrou com Mirelli e acredita que o trabalho de reconstrução trouxe de volta o “espelho sem traumas”.
“Algo que pode parecer simples, mas faz total diferença. Como é importante olhar pro nosso corpo e ver ele inteiro de novo. Só foi possível depois da tatuagem de reconstrução. Esse trabalho é essencial, pois o sentimento de fazer as pazes com a boa autoestima impacta em todas as áreas da vida”, conta.
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