ALE-RR encerra mês com produção de perucas para pacientes com câncer e projetos de leis aprovados em prol da saúde da mulher


Outubro é dedicado à prevenção contra o câncer de mama, doença que mais mata mulheres no Brasil e o segundo tipo de câncer que mais mata no mundo Márcia Batista tem 52 anos e sempre realizou a mamografia depois dos 40, idade recomendada pelos especialistas, já que as mamas estão menos densas e a detecção da enfermidade é mais precisa. Ela descobriu um nódulo em 2015, quando estava com 46 anos, e continuou o acompanhamento até receber a notícia de que o caroço havia crescido após passar por um período de abalo psicológico.
Márcia venceu o câncer de mama e conta história de superação
Arquivo pessoal
“Em dezembro [de 2016], fiz a ultrassom e tudo estava tranquilo, o caroço não tinha crescido. Mas meu psicológico estava abalado porque minha mãe tinha sofrido um AVC naquele ano e percebi que o nódulo estava crescendo. Quando voltei à médica, em junho de 2017, já tinha crescido bastante e ela me indicou fazer a biópsia. Fiz e deu grau 1, estava no início. Fiquei abalada, mas fui com fé e amor da família e amigos para o tratamento”, lembra.
Confirmado o diagnóstico em outubro de 2017, a auxiliar administrativa iniciou, duas semanas depois, as etapas para vencer o câncer de mama e recebeu o apoio incondicional dos mais próximos. Ela recorda que nunca pensou na morte enquanto fazia o tratamento, mas sempre pensava positivo e mantinha a fé em Deus. A doença levou à retirada dos seios, o que para Márcia não é motivo de vergonha.
“Sentia muita fome após as sessões de quimioterapia até devido aos antialérgicos. Não senti enjoo. O cabelo está caindo? Vamos raspar, porque vai crescer. Raspei a cabeça. Sempre pensei positivo e me apegava a Deus no meu tratamento. Retirei os seios e não fiz a reconstrução. Não tenho vergonha das minhas cicatrizes. Deus me curou e só tenho a agradecer”, declarou.
Márcia venceu o câncer de mama e conta história de superação
Arquivo pessoal
Cuidados e prevenção
Márcia é um caso de superação para muitas mulheres e exemplo de como a prevenção pode levar à cura e à diminuição da taxa de mortalidade das mulheres devido à doença. Neste ano, de acordo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), mais de cem mulheres iniciaram o tratamento contra o câncer de mama na Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia de Roraima (Unacon).
Esse foi o tipo de câncer com o maior número de entrada de pacientes, o que coloca Roraima na contramão da realidade da Região Norte, que tem o câncer do colo do útero como o principal no público feminino. Também aparecem na lista de entrada na Unacon mulheres com os cânceres de útero (9), colo uterino (50), endométrio (3), ovário (19) e vulva (2).
De acordo com a médica ginecologista e citopatologista Magnólia Rocha, presidente da Liga Roraimense de Combate ao Câncer, a ciência ainda não encontrou respostas para o que causa o câncer de mama. Contudo, ela alerta para a necessidade de se afastar de fatores de risco que contribuem para a doença, como o fumo, consumo excessivo de álcool, alimentação inadequada, tratamento contra a menopausa e uso prolongado de anticoncepcionais.
Presidente da Liga Roraimense de Combate ao Câncer, Magnólia Rocha
SupCom/Alfredo Maia
“E o mais importante: se toquem, façam o autoexame para prevenir um quadro mais grave da doença. Quando se investe na prevenção e no diagnóstico precoce, não se está investindo apenas na qualidade de vida do ser humano, como reduzindo gastos públicos, porque se eu descubro um câncer no início, tudo é feito em Roraima. Apesar de não termos um hospital de câncer, temos a Unacon que tem uma equipe boa. Por isso, o ideal é investir no diagnóstico precoce e na prevenção”, alerta Magnólia.
Confecção de perucas
Durante o período de tratamento contra o câncer de mama, as mulheres enfrentam a queda dos cabelos, que resulta, muitas vezes, na baixa autoestima. A doença interfere na vaidade e no relacionamento com quem está à sua volta. Por isso, a Assembleia Legislativa, por meio da Procuradoria Especial da Mulher, desenvolveu a campanha “Mechas de Esperança”, que arrecadou cabelo para confecção de perucas.
Cabelos longos, curtos, loiros, pretos, pintados, com diferentes cortes, foram ganhando forma pelas mãos do cabeleireiro Airton Alves. Durante setembro e outubro, foram recebidas mais de 254 mechas de cabelos na sede da procuradoria em Boa Vista e Rorainópolis. Com as doações, foram confeccionadas cerca de 20 perucas que serão entregues à Liga Roraimense de Combate ao Câncer, que distribuirá para mulheres em tratamento contra a doença. A produção continua.
Airton Alves é responsável por produção de perucas
SupCom/Arquivo
“Desenvolvo esse trabalho porque sempre tive o anseio de ajudar as pessoas que precisam. Sou grato a Deus por Ele ter me dado esse dom. A mulher tem uma autoestima grande no cabelo. Perdê-lo faz com que a autoestima vá lá para baixo e pode provocar uma depressão, dificultando o tratamento. Melhorando o visual, a autoestima vai ser elevada. Vale a pena confeccionar as perucas. Já fiz doação a uma pessoa que estava em depressão e vi aquele sorriso. É muito bom fazer esse trabalho. É gratificante”, declarou Airton Alves.
Após a produção, será montado um banco de perucas para atender as mulheres da Liga Roraimense de Combate ao Câncer. A ideia é que elas sejam utilizadas pelas pacientes durante o período de queda de cabelo e, posteriormente, devolvidas à instituição para serem cedidas a outras mulheres que estejam passando pelo tratamento contra o câncer ou outra doença que causa a queda dos fios.
Procurador especial da mulher, deputada Joilma Teodora
SupCom/Jader Souza
“Essa campanha é importante para promover a autoestima das mulheres que passam por essa difícil etapa de suas vidas. A Procuradoria Especial da Mulher atua para apoiar as pacientes que precisam de uma peruca e, às vezes, não têm condições financeiras de comprar uma. As que produzimos estão lindas, são de fios naturais, feitas com muito amor e dedicação. Temos certeza de que vão ajudar muitas mulheres”, enfatizou a procuradora especial da mulher, deputada Joilma Teodora.
Leis aprovadas pelos deputados
Durante o mês de outubro, os deputados aprovaram três projetos de lei voltados para a temática do câncer de mama, somando-se a inúmeros textos já apreciados pela Casa Legislativa, que tratam da saúde da mulher. Leia aqui outras leis já em vigor no estado.
Deputada Catarina Guerra apresentou dois projetos de lei voltados para saúde da mulher
SupCom/Jader Souza
Neste mês, dois projetos foram apresentados pela deputada Catarina Guerra – um assegura que mamografias com suspeita de câncer sejam realizados em até 30 dias a partir da solicitação médica; e o outro prevê assistência psicológica a mulheres mastectomizadas (que tiveram as mamas retiradas).
“Roraima é um dos estados que mais realizou mamografias. Em conversas recentes por causa do Outubro Rosa, identificamos que o problema não é a realização do exame, mas sim o tratamento e o pós-tratamento, porque em muitos casos essas mulheres ficam debilitadas emocionalmente, então precisamos garantir esse suporte para que elas tenham um resultado ainda melhor do tratamento”, afirmou Guerra.
O terceiro projeto de lei aprovado teve como autor o parlamentar Dr. Cláudio Cirurgião e dispõe sobre a implementação de rastreamento e teste genético para detecção precoce de câncer. Uma das preocupações dos médicos é que o câncer de mama tem sido cada vez mais frequentes em mulheres com menos de 40 anos, idade em que somente a mamografia pode não ser eficiente. O teste genético poderia ajudar nesse diagnóstico.
Deputado Dr. Cláudio Cirurgião defende teste genético para identificar possíveis casos de câncer
SupCom/Eduardo Andrade
“Muitas vezes, esse paciente tem diagnóstico tardio. Por mais que façamos campanhas, o que tem de mais moderno é a prevenção do risco de ter câncer. Quando falo de teste genético, não me refiro apenas à pessoa com câncer, mas aos familiares deles. A ideia do teste genético não é identificar o tumor que é visto na endoscopia, na mamografia, na colonoscopia, no toque na avaliação da próstata, é identificar o risco do tumor no começo da alteração genética. Estaremos tratando lá atrás, não quando já se tem a doença”, explicou Cláudio.
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