Moldávia, país que faz fronteira com Ucrânia, acusa Rússia de interferência em eleições presidenciais


Atual presidente, que ganhou no primeiro turno, é a favor da União Europeia. Adversário e pró-Rússia. Presidente da Moldávia, Maia Sandu, que tenta reeleição, é pró-Europa
Aurel Obreja/AP
Autoridades da Moldávia, país do leste europeu que faz fronteira com a Ucrânia e a Romênia, alegaram que identificaram uma “interferência massiva” da Rússia nas votações do segundo turno das eleições presidenciais, que acontecem neste domingo (3).
A informação foi confirmada por Stanislav Secrieru, conselheiro de segurança nacional da atual presidente do país, Maia Sandu.
“Estamos vendo uma interferência massiva da Rússia no nosso processo eleitoral, enquanto moldavos votam no segundo turno presidencial hoje — um esforço com alto potencial para distorcer o resultado”, escreveu Secrieru no X (antigo Twitter). O conselheiro ainda afirmou que as autoridade estão em “alerta máximo”.
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Sandu, que é a favor da União Europeia, venceu o primeiro turno das eleições presidenciais na Moldávia, que aconteceu no último dia 20. A atual presidente, que tenta reeleição, teve 42% dos votos, contra 26% recebidos pelo seu adversário, Alexandr Stoianoglo, que é pró-Rússia.
Toda a campanha para as eleições neste ano foi marcada pelo temores de interferência russa nos resultados, segundo agências de notícias internacionais.
Em suas redes sociais, Secrieru relatou que moldavos estão sendo transportados para votar de forma organizada e ilegal a partir região separatista pró-Rússia da Transdniestria, onde a Rússia tem soldados posicionados como mantenedores da paz.
O transporte organizado de eleitores é proibido pela legislação eleitoral do país e os cidadãos moldavos precisam viajar até a região controlada pela Moldávia para votar. No entanto, esse transporte só pode ser feito por conta própria.
Com os supostos transportes ilegais, até às 11h do horário do país, o número de pessoas que foram votar na região já havia ultrapassado o total de todo o período de votação do primeiro turno, segundo o conselheiro de segurança.
A polícia reprimiu os deslocamentos para tentar evitar uma repetição do que eles disseram ser um “vasto esquema de compra de votos implantado por (Ilan) Shor (um oligarca fugitivo pró-Rússia) da Moldávia) ” no primeiro turno e em um referendo sobre as aspirações do país com a União Europeia que foi realizado no mesmo dia.
Maia Sandu disse que a intromissão afetou os resultados de 20 de outubro e que Shor tentou comprar os votos de 300 mil pessoas, mais de 10% da população.
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Relações com a União Europeia
Uma fonte do governo moldavo disse que Chisinau (capital da Moldávia) notificou várias nações da União Europeia que acreditava que a Rússia tentaria atrapalhar a votação de expatriados moldavos em seções eleitorais em seus países.
A fonte, que pediu para não ser identificada, disse que seções eleitorais na Grã-Bretanha, Canadá, França, Alemanha, Itália, Espanha, Romênia e Estados Unidos podem ser alvo de interrupções, inclusive por meio do uso de bombas falsas.
Os moldavos que vivem no Ocidente são tipicamente pró-europeus e mais propensos a apoiar Sandu, que defende o esforço da Moldávia para se juntar ao bloco de 27 nações até 2030.
O referendo da União Europeia proporcionou uma vitória estreita de 50,35% para o campo pró-UE.
Espera-se que Stoianoglo, adversário do atual governo, se beneficie dos votos de protesto contra a forma como Sandu lida com a economia na pobre nação agrícola de menos de 3 milhões de pessoas.
A Moldávia luta contra as consequências da pandemia da Covid-19 e os efeitos da invasão da vizinha Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022. Isso desencadeou um enorme fluxo de refugiados e reduziu drasticamente o fornecimento de gás russo, causando alta inflação.
Em Gagauzia, uma região autônoma do sul amplamente pró-Rússia, uma dúzia de eleitores entrevistados pela Reuters do lado de fora de uma seção eleitoral sugeriram ou disseram abertamente que votaram em Stoianoglo.
“Somos um país neutro e não precisamos da União Europeia. Nos últimos quatro anos, não vimos nada da nossa presidente… Os preços estão altos, tudo é caro, tudo”, disse Dmitry, 57, um trabalhador comunitário.
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