PMs são afastados das ruas após serem filmados agredindo jovem em abordagem no Paraná


B.O registrado pelos agentes não cita agressões, mas família do jovem contesta. Polícia Militar diz que investiga a abordagem. PMs são afastados das ruas após agredirem jovem em Colombo
Dois policiais militares foram afastados das funções nas ruas após serem flagrados agredindo um jovem durante uma abordagem em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba.
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Câmeras de segurança filmaram a situação. Nas imagens, é possível observar que uma viatura persegue o motociclista, bate na traseira dele, que cai no chão. A viatura para em cima do jovem e os policiais descem do veículo. Em seguida, eles começam a bater no rapaz que está no chão. Assista ao vídeo acima.
Segundo o rapaz agredido, a situação foi no dia 23 de outubro. Em entrevista à RPC ele afirmou que não parou quando viu a viatura porque não tinha carteira de habilitação e porque a motocicleta tinha multas em aberto.
“Não deu tempo de reação, de nada. Na hora em que eu saí de baixo da viatura, eles já começaram a me bater bastante. Bastante chute, murros, me deram uma coronhada na cabeça e acabou fazendo um corte aqui. Pegaram o cacetete e me bateram bastante. Sorte minha que uma vizinha do lado escutou e viu tudo o que aconteceu e pediu pra eles pelo amor de Deus pararem de me bater”, afirma o jovem.
A família do jovem alega também que teve dificuldades na hora de registrar um Boletim de Ocorrência (B.O) relatando as agressões.
Por meio de nota, a Polícia Militar afirmou que tomou conhecimento do vídeo, o repassou à Corregedoria-Geral e, após a identificação dos envolvidos, afastou do serviço operacional.
“A instituição apura com rigidez e transparência a conduta sob o prisma da administração militar”, diz a nota.
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O que diz o B.O registrado pelos policiais
Policiais militares são afastados após agressões
No Boletim de Ocorrência (B.O) registrado pelo policiais que atenderam a ocorrência, os agentes alegam que abordaram a moto porque ela estava sem os retrovisores traseiros, mas que o rapaz não obedeceu a ordem de parada e fugiu. Durante a fuga, conforme o documento, o motociclista cometeu diversas infrações.
O B.O diz ainda que o jovem foi levado ao pelotão para fazer um termo circunstanciado e, depois, pediu para que a equipe o levasse para atendimento médico, porque estava “começando a sentir dores musculares e, de pronto, foi encaminhado para a UPA para atendimento”.
Jovem contesta
Jovem teve ferimentos na cabeça
Reprodução
Porém, a versão do jovem vai de encontro com a registrada no B.O. De acordo com ele, as agressões aumentaram depois que ele foi levado para a unidade policial.
Ele alega que, além das agressões, os policiais jogaram álcool nos machucados, que desmaiou algumas vezes e que jogaram água na cara dele.
Depois, os policiais deixaram o jovem em uma Unidade de Pronto Atendimento. Conforme o rapaz, eles o obrigaram a lavar o sangue que estava no rosto antes de deixá-lo no local.
De acordo com ele, esta não é a primeira vez que ele é agredido por agentes policiais.
“Eu pensava que ia morrer, porque já era a terceira vez que me pegaram. Eu pensava ‘dessa vez, já era’. Não falaram para ninguém onde que iam me levar, me deixaram sozinho lá, só eles sabiam onde que eu estava. Sem celular, sem moto, sem nada, não tem o que fazer”, relembra.
Mãe relata desespero na procura
A mãe do rapaz agredido relatou à RPC momentos de desespero na procura pelo filho. Ela, outros familiares e os amigos do jovem refizeram o caminho que ele costumava fazer para procurá-lo.
“Demos três voltas pelo caminho, e os amigos também de moto procurando e nada. Quando eu tava retornando, eu falei ‘não, eu vou ter que retornar, vamos ter que ir lá no batalhão de novo perguntar, de novo, onde deixaram ele'”, lembra.
Ela contou também a situação que encontrou o filho na UPA.
“Q quando eu chego lá, eu olho o menino todo machucado, todo inchado, todo ensanguentado, desmaiado”, conta.
Família diz que teve dificuldade de registrar um B.O
Após a situação a família procurou um advogado. Juntos, eles tentaram registrar um B.O relatando as agressões na Delegacia de Colombo. No entanto, eles afirmam que não conseguiram.
Depois, o advogado procurou o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que é responsável pelo controle externo da atividade policial, mas também não conseguiu fazer um registro das agressões.
Na última terça-feira (29), o caso foi registrado no Ministério Público da Justiça Militar, no entanto, o jovem ainda não conseguiu fazer um exame de corpo de delito, que pode comprovar se houve, ou não, agressões.
O exame foi agendado para semana que vem, mais de 10 dias após o ocorrido.
Segundo o Gaeco, a família foi informada que “pela natureza da ocorrência”, a situação deveria ser reportada a uma das Promotorias de Justiça junto à vara da Auditoria Militar, em Curitiba.
“De forma geral, nos casos de agressões praticadas por policiais e agentes de segurança pública, a orientação é a de que a vítima primeiro busque fazer o registro do caso na Polícia Civil ou na Corregedoria Geral de Polícia Militar. A despeito disso, se a vítima não se sentir à vontade para buscar essas instituições, o MPPR está sempre à disposição”, afirmou a instituição, por meio de nota.
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