Morte em posto de combustível em Aracaju: PM diz que agente se sentiu ameaçado e reagiu para se defender

Segundo a corporação, policial que atirou e matou Ithalo dos Santos, de 25 anos, durante abordagem continua em serviço. Jovem morre em abordagem da Polícia Militar na Zona Sul de Aracaju
O policial militar que atirou e matou o garçom Ithalo dos Santos Nascimento, de 25 anos, em um posto de combustíveis na Zona Sul de Aracaju, na noite da última segunda-feira (28), continua em atuação, de acordo com a Polícia Militar. Para a corporação, o agente agiu em legítima defesa putativa ou imaginária, que é quando o agente se sente ameaçado e reage para se defender.
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O agente que atirou tem oito anos na corporação. Ele e os outros presentes na ação estão sendo ouvidos pelas polícias Militar e pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP,) que remeterá o caso ao Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público, em cerca de 30 dias.
“Como não existe um protocolo específico em vigor, para que se promova o afastamento, nós entendemos que, de maneira ponderada, se aguarde a conclusão do inquérito policial. Temos que analisar as provas de maneira completa, não podemos analisar a prova de maneira parcial, segmentada e emitir juízo de valor”, disse o promotor Rogério Ferreira.
O promotor informou que o MP e a PM estão construindo protocolos que padronizem as abordagens e ações policiais nas ruas. A medida começou a ser formulada após Itabaiana e Lagarto aparecerem entre as 10 cidades do Brasil com mais mortes em intervenções policiais em 2023.
“O Ministério Público adotou providências junto ao comando da Polícia Militar, no sentido de se construir, publicar e dar divulgação a todos os protocolos operacionais para a ação da Polícia Militar. As pessoas precisam saber como a polícia vai agir. E o policial precisa saber quais são as regras do jogo. Então, a polícia já está construindo e dentro em breve esperamos ter um protocolo geral que abranja todas as situações de intervenção da polícia militar frente à sociedade”, explicou.
O caso
Ithalo dos Santos Nascimento
arquivo pessoal
Ithalo dos Santos Nascimento foi morto com um tiro na cabeça durante a abordagem do Grupamento Especial Tático de Motos (Getam), após sair de uma loja de conveniência de um posto de combustíveis do Bairro Coroa do Meio, na Zona Sul de Aracaju.
Segundo a família, o jovem saiu de casa, no Bairro Marcos Freire III, em Nossa Senhora do Socorro, Grande Aracaju, por volta das 19h, e algumas horas depois ligou para a esposa, avisando que a motocicleta deles estaria no Bairro São José, próximo ao bar em que trabalhava como garçom e saiu caminhando. Ele sofria de ansiedade e depressão.
Na Coroa do Meio, Ithalo teria feito duas compras na loja de conveniência, quando saiu, foi abordado, e na sequência, baleado pelo policial.
No Registro de Ocorrência Policial (ROP), os agentes informaram que estavam no posto abastecendo as motos, quando o jovem teria simulado que iria sacar uma arma e que foi em direção à guarnição. Um dos militares deu voz de prisão, que não foi atendida e realizou um disparo. O Instituto de Criminalística constatou que na cintura dele havia um celular e alguns pedaços de plástico.
A PM informou que o tiro foi direcionado aos membros inferiores, mas acabou acertando a cabeça após o jovem supostamente tropeçar. Ithalo morreu no local. Uma análise do Instituto Médico Legal mostrou que, pelo trajeto do projetil, ele foi atingido de cima para baixo na região do crânio.
O jovem deixou esposa e um filho de um ano. O corpo foi sepultado na tarde da terça (29),
O que diz a SSP
A Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) e o Comando da Polícia Militar determinaram uma investigação imediata, conduzida pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
“As autoridades da Segurança Pública de Sergipe seguirão com as devidas apurações para elucidar todos os detalhes da ocorrência, reafirmando o compromisso com a transparência no processo investigativo, ao tempo em que frisam que lamentam toda e qualquer vida ceifada”, diz a nota da SSP.