Brechó cria checklist de roupas para incentivar consumo sustentável na moda: ‘um guarda-roupa mais inteligente’


Brechó funciona há quatro anos e ajuda clientes que querem diminuir o consumo excessivo. Psicóloga explica que checklist é uma forma de combater o gatilho emocional. Empresária incentiva a moda sustentável em brechó de Palmas
Reprodução/Kátia Pacheco
Se você é do tipo de pessoa que vai a uma loja e sai de lá com uma peça que não precisava, está na hora de entra na onda de checklist, ou melhor, guarda-roupa inteligente. Essa é a ideia de consumo consciente utilizada por um brecho em Palmas, que já na parede da loja manda o recado de que a ‘o futuro da moda é circular’. O cliente vai ao brechó e recebe um cartão para preencher uma lista sobre as roupas e acessórios que mais precisa, economizando tempo e comprando de forma mais sustentável.
O local é administrado pela Kátia Pacheco, funcionária pública que mora em Palmas há cinco anos. Ela sempre gostou de moda, acompanha as tendências nas redes sociais e brechós pelo mundo a fora. Ela conta que a ideia de inserir a checklist surgiu em parceria com a estrategista de comunicação e marketing, Rita Coelho, para tentar ensinar as outras pessoas sobre um consumo consciente, já que ela mesma já foi uma pessoa consumista.
Brechó aplica iniciativa para incentivar consumo consciente
Reprodução/Kátia Pacheco
“A ideia nasceu com a proposta de ensinar comprar sem exagero. Avaliar se realmente precisa do que esta indo comprar, porque a gente recebe muitas peças que ainda estão na etiqueta. Eu mesma já fui muito consumista. Assim como a gente compra no supermercado, que faz lista de compras, onde você aproveita muito mais o seu tempo, é a mesma coisa: aproveitar da melhor forma possível o seu dinheiro e comprar conscientemente”, contou a empresária.
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Checklist é entregue aos clientes do brechó no momento em que entram na loja
Reprodução/Rita Coelho
O brechó funciona há quatro anos no estilo ‘desapego’. São mais de 400 fornecedores e 50 lojistas que enviam peças dos estoque e clientes que entregam itens que não utilizam mais. Na checklist os clientes podem anotar itens como roupas, sapatos, acessórios, bolsas, moda praia e mais. Quem já teve acesso a esse modelo de compra aprova a iniciativa.
“Os relatos das clientes são de que a lista facilitou na hora de fazer o garimpo, de escolher as peças nas lojas porque assim elas vão direto e não perdem tempo em nem caem na tentação de olhar outras peças e consumir o que não deve”, comentou Kátia.
Nandara Ruas é cliente do brechó há três anos
Reprodução/arquivo pessoal/Nandara
Nandara Ruas, de 27 anos, é cliente do brechó há três anos e conheceu o espaço por causa da indicação de uma amiga. Ela conta que quando vai organizar o guarda-roupa utiliza a checklist para anotar o que está faltando antes de ir ao brechó.
“Acho que o checklist é extremamente útil, para consumir de forma consciente e equilibrada, porque aí você consegue montar um guarda roupa mais inteligente, onde as peças se complementam, permitindo montar vários looks com peças estratégicas.”, explicou.
Os clientes tem acesso ao cartão com a checklist assim que entram no brechó. Além da lista física, também recebem um documento online, que pode ser utilizado em casa ao arrumar o guarda-roupa e anotar quais peças estão faltando.
Brechó conta com peças variadas de roupas, calçados, bolsas e acessórios
Reprodução/Kátia Pacheco
Nandara além de comprar no brechó também tenta fazer a moda ‘circular’. “Eu separo e levo. Lá eles tem uma equipe de curadoria, que recebem e analisam minhas peças para saber se estão em boas condições, precificam, me passam o valor para autorização e já colocam para venda! As que não são aprovadas nessa etapa, eu posso pegar de volta ou lá mesmo elas encaminham para doação”, explicou a consumidora.
Impulsos, critérios e gatilhos
Renove Boutique Brechó em Palmas
Reprodução/Kátia Pacheco
O processo de compra muitas vezes está ligado ao nosso emocional, principalmente quando se trata de compulsão. A psicóloga clínica, Roberta Galvani Carvalho, explica que esse sentimento vem do impulso ainda límbico como memórias afetivas e desejos como ‘preciso ficar bonita senão não serei amada’, ‘preciso de algo novo para não ser rejeitada’, ‘preciso ser perfeita’ e por aí vai…
“Se isso se repete torna-se compulsivo, a compra vem para aliviar a pessoa de algo ruim e assim ela compra numa tentativa de sentir-se melhor. Pode ser um traço ou pode virar transtorno compulsivo quando a pessoa não resiste à pressão da compra, o que a leva a ter prejuízos financeiros e também a culpa. Cada pessoa tem um grau de consumo, podendo desenvolver um grau de compulsão também”, explicou a psicóloga.
Por isso ações que ajudam a organizar o pensamento são um alternativa para evitar a compulsão. Tal como a checklist.
“É uma estratégia cognitiva que tem a função de ajudar a pessoa antes dela ser pega pelo marketing e os mecanismos digitais e as promoções que disparam um gatilho emocional. Organizar racionalmente o que a pessoa precisa diante das vontades e emoções, aprender lidar com o autocontrole e os próprios limites”.
Segundo Roberta, a psicoterapia cognitiva comportamental utiliza muitas destas ferramentas de organização para trazer à consciência os comportamentos mais assertivos.
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